15/04/2008

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MA é segundo estado com maior número de assassinatos de índios

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Data de Publicação: 15 de abril de 2008
SEMANA DOS POVOS INDÍGENAS

Por Oswaldo Viviani

As comemorações oficiais no Maranhão da Semana dos Povos Indígenas – que têm início hoje – acontecem tendo como pano de fundo uma realidade sombria: em 2007, conforme relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), o estado registrou o segundo maior número de assassinatos de indígenas em todo o país, com 10 vítimas. Em um ano, houve um aumento de 400% no número de crimes, já que em 2006 dois índios morreram assassinados no Maranhão. O estado “campeão” em assassinatos de índios, em 2007, de acordo com o Cimi, foi o Mato Grosso do Sul, com 53 crimes de morte, contra 27 em 2006 (aumento de 99%). Em todo o país, o número de indígenas assassinatos aumentou 64% entre 2006 e 2007, passando de 57 para 92 casos – segundo o registro do Cimi.

Dos dez assassinatos de indígenas ocorridos no Maranhão em 2007, três estão relacionados ao problema da exploração ilegal de madeira na Reserva Indígena Araribóia (a 80 km da sede do município de Amarante, no sudoeste do Maranhão). Na reserva – última área remanescente de Floresta Amazônica no estado, com 413 mil hectares – vivem cerca de 8 mil índios da etnia Guajajara e 50 índios isolados da etnia Awá Guajá.

Ataque de madeireiros – A ação de um grupo de madeireiros, em outubro de 2007, numa das aldeias da reserva (a aldeia Lagoa Comprida), além de matar Tomé Guajajara, de 69 anos, feriu outros dois indígenas. Madalena Guajajara levou um tiro no abdômen e um índio de nome Toinho foi atingido no braço.

A aldeia foi atacada por perto de 20 madeireiros, que já chegaram ao local atirando, acredita-se que em resposta à apreensão de um caminhão de madeira que passava pela aldeia, em setembro de 2007. Para o cacique Antônio Guajajara, o que aconteceu “foi um ato de terrorismo”.

O ataque teria sido organizado por madeireiros do município de Buriticupu, cuja presença na Reserva Araribóia é rejeitada pelos índios.

Em 30 de novembro de 2007, aconteceu outro homicídio na Reserva Araribóia. O cacique Joaquim Guajajara (da aldeia Nova Providência), de 65 anos, foi encontrado morto e com marcas de tiros. O crime até hoje não foi esclarecido.

Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funais), nos últimos 16 anos, 64 índios Guajajara morreram na região da Reserva Araribóia, em confrontos com madeireiros ou em acidentes de trabalho, ocorridos durante atividades de desmatamento. (Com informações do relatório “Violência contra povos indígenas no Brasil - 2006-2007”)