06/10/2009

Em marcha, usuários da saúde mental pedem fim dos manicômios

01.10.2009
Em marcha, usuários da saúde mental pedem fim dos manicômios




Presidência da República confirma 4ª. Conferência de Saúde Mental, reivindicação da Marcha


Depois de uma manhã de shows, dança, música, reuniões e conversas, em um encontro inédito que reuniu usuários da saúde mental de 23 estados do País, no início da tarde, às 15 horas, 2300 participantes da Marcha dos Usuários a Brasília – Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial uniram suas vozes para pedir a efetiva implantação da Reforma Psiquiátrica e coloriram a Esplanada dos Ministérios com cartazes, bonecos, faixas defendendo os serviços de tratamento aberto, o apoio às famílias, o Sistema Único de Saúde e o fim dos manicômios. Além dos usuários, profissionais e segmentos da sociedade civil comprometidos com a luta antimanicomial.


A marcha mesclou histórias sobre a descoberta dos transtornos, a procura por tratamentos, tempos sombrios de internação, relatos sobre ter ou não sido tratados com eletrochoques, e também histórias de liberdade, de redescobrir a possibilidade de estar com a família, de conviver nos centros de atendimento, o desafio do trabalho.


Os usuários foram recebidos, ao longo do dia, por autoridades do governo federal, em audiências nos ministérios da Saúde, da Cultura, da Justiça, do Desenvolvimento Social, do Trabalho; no Senado Federal pelo presidente José Sarney, na Câmara dos Deputados em Audiência Pública e pelo chefe do gabinete pessoal do presidente da República, Gilberto Carvalho.


Após ouvir relatos e demandas de 35 usuários, familiares e profissionais da saúde, Carvalho assumiu, em nome do presidente Lula, o compromisso de realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental ainda nesse governo, nove anos após a III, realizada em 2001. “Vamos criar condições para que vocês organizem, porque são os atores principais”, afirmou, depois de dizer ter ficado “muito assustado” com os relatos de maus tratos e violações aos direitos humanos nos hospitais psiquiátricos e que fará interlocução com o Ministério da Saúde para averiguar e acompanhar as denúncias.


O tema também foi abordado com o Ministério da Saúde, que destacou a importância de discutir o tema no Conselho Nacional de Saúde.


Com o lema “Brasília vai ouvir nossas vozes”, os manifestantes defenderam o Sistema Único de Saúde (SUS), ressaltando o papel fundamental que tem na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, de oferecer estrutura adequada e melhores condições de atendimento para tratamento de portadores de sofrimento mental e exigiram a efetiva implantação do Programa Volta para Casa, criado pelo Ministério da Saúde em 2003.


No Senado, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, e um grupo de oito usuários foram recebidos pelo presidente José Sarney que prometeu apoio quando projetos ligados à reforma psiquiátrica chegarem ao Senado. “Precisamos de avanço e não retrocesso da Lei 10.216”, disse Verona. Presente no encontro, o vice-coordenador do Fórum Mineiro de Saúde Mental e também usuário Paulo José Azevedo de Oliveira afirmou acreditar em um tratamento mais humanizado. “Quando sabemos que temos direito, a gente não pede, reivindica”, enfatizou.


No início da audiência pública na Câmara dos Deputados, convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, foi lançado o livro Damião Ximenes – primeira condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, escrito por Nadine Borges.


Durante toda a manhã, atrações culturais animaram a tenda armada no primeiro quadrante da Esplanada dos Ministérios. Foram shows, peças de teatro, coral, desfile, saraus de poesias e canto e exposição de trabalhos artesanais.


“O significado dessa marcha é mais liberdade para as pessoas que se encontram muito aprisionadas dentro do seu mundo e uma forma de relatar para o governo e para a sociedade que essas pessoas, quando estão fora do transtorno, também conseguem fazer alguma coisa”, disse Hamilton Assunção, cantor e compositor do grupo Harmonia Enlouquece, do Rio de Janeiro, que se apresentou durante a manhã.


Se apresentaram também Airton Meireles, o Coral do Instituto de Saúde Mental do DF e os grupos Trem Tan Tan e Devotos de São Doidão, de Minas Gerais. A grife Das Doida, de São Paulo, ficou responsável pelo desfile embalado com muita música.


O Instituto Damião Ximenes trouxe casos de violência contra usuários e a exposição de trabalhos artesanais ficou por conta do Centro de Atendimento Psicossocial de Dianópolis, Tocantins, Instituto de Saúde Mental do DF, Instituto de Convivência e de Recriação do Espaço Social, e da Associação dos Amigos da Saúde Mental, do Riacho Fundo I.





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Em marcha, usuários da saúde mental pedem fim dos manicômios
Presidência da República confirma 4ª. Conferência de Saúde Mental, reivindicação da Marcha


Depois de uma manhã de shows, dança, música, reuniões e conversas, em um encontro inédito que reuniu usuários da saúde mental de 23 estados do País, no início da tarde, às 15 horas, 2300 participantes da Marcha dos Usuários a Brasília – Por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial uniram suas vozes para pedir a efetiva implantação da Reforma Psiquiátrica e coloriram a Esplanada dos Ministérios com cartazes, bonecos, faixas defendendo os serviços de tratamento aberto, o apoio às famílias, o Sistema Único de Saúde e o fim dos manicômios. Além dos usuários, profissionais e segmentos da sociedade civil comprometidos com a luta antimanicomial.


A marcha mesclou histórias sobre a descoberta dos transtornos, a procura por tratamentos, tempos sombrios de internação, relatos sobre ter ou não sido tratados com eletrochoques, e também histórias de liberdade, de redescobrir a possibilidade de estar com a família, de conviver nos centros de atendimento, o desafio do trabalho.


Os usuários foram recebidos, ao longo do dia, por autoridades do governo federal, em audiências nos ministérios da Saúde, da Cultura, da Justiça, do Desenvolvimento Social, do Trabalho; no Senado Federal pelo presidente José Sarney, na Câmara dos Deputados em Audiência Pública e pelo chefe do gabinete pessoal do presidente da República, Gilberto Carvalho.


Após ouvir relatos e demandas de 35 usuários, familiares e profissionais da saúde, Carvalho assumiu, em nome do presidente Lula, o compromisso de realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental ainda nesse governo, nove anos após a III, realizada em 2001. “Vamos criar condições para que vocês organizem, porque são os atores principais”, afirmou, depois de dizer ter ficado “muito assustado” com os relatos de maus tratos e violações aos direitos humanos nos hospitais psiquiátricos e que fará interlocução com o Ministério da Saúde para averiguar e acompanhar as denúncias.


O tema também foi abordado com o Ministério da Saúde, que destacou a importância de discutir o tema no Conselho Nacional de Saúde.


Com o lema “Brasília vai ouvir nossas vozes”, os manifestantes defenderam o Sistema Único de Saúde (SUS), ressaltando o papel fundamental que tem na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, de oferecer estrutura adequada e melhores condições de atendimento para tratamento de portadores de sofrimento mental e exigiram a efetiva implantação do Programa Volta para Casa, criado pelo Ministério da Saúde em 2003.


No Senado, o presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, e um grupo de oito usuários foram recebidos pelo presidente José Sarney que prometeu apoio quando projetos ligados à reforma psiquiátrica chegarem ao Senado. “Precisamos de avanço e não retrocesso da Lei 10.216”, disse Verona. Presente no encontro, o vice-coordenador do Fórum Mineiro de Saúde Mental e também usuário Paulo José Azevedo de Oliveira afirmou acreditar em um tratamento mais humanizado. “Quando sabemos que temos direito, a gente não pede, reivindica”, enfatizou.


No início da audiência pública na Câmara dos Deputados, convocada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, foi lançado o livro Damião Ximenes – primeira condenação do Brasil na Corte Interamericana de Direitos Humanos, escrito por Nadine Borges.


Durante toda a manhã, atrações culturais animaram a tenda armada no primeiro quadrante da Esplanada dos Ministérios. Foram shows, peças de teatro, coral, desfile, saraus de poesias e canto e exposição de trabalhos artesanais.


“O significado dessa marcha é mais liberdade para as pessoas que se encontram muito aprisionadas dentro do seu mundo e uma forma de relatar para o governo e para a sociedade que essas pessoas, quando estão fora do transtorno, também conseguem fazer alguma coisa”, disse Hamilton Assunção, cantor e compositor do grupo Harmonia Enlouquece, do Rio de Janeiro, que se apresentou durante a manhã.


Se apresentaram também Airton Meireles, o Coral do Instituto de Saúde Mental do DF e os grupos Trem Tan Tan e Devotos de São Doidão, de Minas Gerais. A grife Das Doida, de São Paulo, ficou responsável pelo desfile embalado com muita música.


O Instituto Damião Ximenes trouxe casos de violência contra usuários e a exposição de trabalhos artesanais ficou por conta do Centro de Atendimento Psicossocial de Dianópolis, Tocantins, Instituto de Saúde Mental do DF, Instituto de Convivência e de Recriação do Espaço Social, e da Associação dos Amigos da Saúde Mental, do Riacho Fundo I.