O perigo da folia sem proteção
31/01/08
Calor, aumento da libido, baixa da imunidade pelo esforço exagerado, consumo de álcool, maior número de parceiros. O carnaval é a época ideal para a proliferação das doenças sexualmente transmissíveis (DST) entre os jovens foliões. Apesar das aulas e campanhas, intensificadas durante as festas, ainda falta informação sobre os perigos das relações e das preliminares desprotegidas, e dicas sobre a melhor forma de usar os preservativos.
- Nessa época, a paquera acontece em qualquer lugar: bloco, desfile, dentro do ônibus e do metrô, que ficam super animados porque as pessoas deixam o carro em casa para evitar o trânsito - conta o publicitário Rafael Santos, 25 anos. - Sem dúvida tenho mais parceiras. O Rio vira um pólo de turistas, muitas nem aí para a hora ou o dia seguinte do sexo.
Para Santos, levar sempre uma camisinha se torna mais importante que portar carteira ou celular.
- Você pode até se perder dos amigos e ficar com fome e sede, mas nunca se arriscar a contrair uma doença grave - justifica.
Elza Gay, do departamento de ginecologia da USP lembra, porém, que só usar a camisinha na penetração não é garantia. Se a pessoa tiver uma lesão, mesmo nos testículos, boca ou púbis, áreas desprotegidas, pode ser contaminada por herpes genital ou HPV, por exemplo.
- Mesmo que não proteja totalmente, o preservativo ajuda muito. O problema é que muitos homens não querem usar a camisinha e as mulheres cedem. Mas 70% das pessoas com atividade sexual podem ter HPV, cujo risco de transmissão é de 10% por relação - conta Elza. - As mulheres são mais sensíveis. No caso das verrugas genitais, 80% das vezes a mulher se contamina se tiver relação com um paciente. O índice é de 60% para os homens. O HPV é mais perigoso para elas porque pode causar câncer de colo do útero.
Leque de doenças
Outras doenças também são mais transmitidas na época, como a temida Aids, gonorréia, candidíase, gardnerella e sífilis. Para os especialistas, a melhor forma de se proteger ainda é usar camisinha bem lubrificada antes do contato físico.
- Herpes e sífilis favorecem o contágio do HIV. Fica uma lesão local, muitas vezes imperceptível, mas é uma inflamação que facilita a entrada do virus - lembra Marcio Serra, coordenador do núcleo de DST e Aids da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro. - É bom não ejacular dentro, pelo perigo da camisinha estourar, e lubrificar a camisinha evitando fricção e lesão.
Há uma vacina que impede o contágio pelo HPV, tomada em três doses. Toda a mulher na fase reprodutiva não infectada deve se imunizar. Para afastar o perigo de gravidez, também é aconselhável usar pílula, pois os preservativos falham de 5% a 20%. Se a camisinha estourar, é indicado tomar a pílula do dia seguinte o quanto antes, que funciona em 80% do casos.
- Quem for menstruar nestes dias, pode iniciar a nova cartela da pílula sem intervalo - aconselha a ginecologista Mara Diegoli.
Jornal do Brasil