16/02/2008

Disponível nova edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz

Disponível nova edição da revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz
Está no ar a nova edição das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, com 19 artigos. Malária, dengue e um estudo inédito sobre a prevalência de um subtipo da hepatite C na região central da Argentina são alguns dos temas abordados no volume de dezembro de 2007. Participam desta edição pesquisadores de 26 instituições nacionais e nove estrangeiras, de países como Cuba, Estados Unidos, México e Suíça.
Fruto de parceria entre a Universidade de São Paulo, a Universidade Federal de Minas Gerais e o Laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), um estudo investiga recentes padrões de transmissão da malária numa área remota da bacia amazônica brasileira envolvendo dois protozoários do gênero Plasmodium (P. falciparum e P. vivax), por meio da medição de anticorpos naturalmente adquiridos pela população local. Os resultados apontam variações em relação à proporção de anticorpos, de acordo com idade, local de moradia ao longo de certos rios e envolvimento com atividades de risco. A partir dessas informações, foi possível definir grupos de pessoas com alta exposição aos insetos vetores – indivíduos que podem ser considerados alvos preferenciais para as medidas de controle da malária. Em relação ao P. vivax, exceto a idade, nenhum fator de risco foi associado de forma significativa.
O mosquito Aedes aegypti, vetor do vírus da dengue, foi alvo de distintos estudos nesta edição. Em artigo publicado em parceria pela Superintendência de Controle de Endemias de Marília (SP), a Universidade Estadual Paulista e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta (Estados Unidos), pesquisadores brasileiros e norte-americanos investigaram a resistência do mosquito a inseticidas e destacam como o problema pode comprometer a eficácia de programas de saúde pública na área. O estudo comparou a suscetibilidade do Aedes aegypti a diferentes inseticidas em nove populações de vetores do Estado de São Paulo com sete do Nordeste do Brasil, onde a pressão sobre o vetor com uso de inseticidas é mais prolongada e intensa. Os resultados indicaram, entre outros aspectos, que no Nordeste o mosquito – tanto larvas quanto adultos – apresenta maior resistência ao organofosforado.
Outro estudo sobre o vetor identificou, pela primeira vez, microrganismos num divertículo do tubo digestivo em que o Aedes aegypti armazena apenas substâncias açucaradas provenientes de alimentação em vegetais. Os achados de pesquisadores do Laboratório de Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), das Faculdades Integradas Maria Imaculada de Mogi-Guaçu (SP) e do Laboratório de Evolução Molecular da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro, em São Paulo, abrem uma perspectiva de estudos sobre uma possível e complexa interação mosquito-bactéria, inferindo-se que tais microrganismos possam metabolizar açúcares.
Na Bahia, pesquisadores do Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz (CPqGM/Fiocruz), da Universidade Estadual de Santa Cruz, do Laboratório Central do Estado da Bahia e da Case University, em Cleveland (EUA), investigaram como se deu a dispersão do sorotipo Dengue 3 – identificado pela primeira vez em 2002 e responsável por uma epidemia massiva que resultou nos primeiros casos de dengue hemorrágica no Estado. Com base em estudos epidemiológicos, os pesquisadores acreditam que o sorotipo tenha entrado pela capital, Salvador, e se disseminado rapidamente para outras cidades. O novo padrão identificado para o foi persorotipo 3 durante 2002 não cebido nos sorotipos 1 e 2. O estudo aponta ainda a densidade populacional humana como importante fator para a intensidade da circulação viral e constata que a disseminação do patógeno se dá essencialmente pelo deslocamento de humanos infectados ao longo de eixos rodoviários. A dispersão da infecção a partir da propagação do mosquito de uma cidade a outra é vista como um fator possível, porém muito menos importante.
Pesquisadores do Instituto de Virologia da Universidade Nacional de Córdoba, na Argentina, em parceria com o Laboratório de Hepatites Virais do IOC, afirmam ter identificado o subtipo 2c da hepatite C em pacientes de Córdoba. Segundo os autores, a maior parte das informações sobre o vírus da hepatite C (HCV) na Argentina provém da capital Buenos Aires, a leste do país, e o objetivo do estudo foi ampliar esta perspectiva a partir da identificação dos subtipos circulantes na região central do país. A iniciativa avaliou seqüências de nucleotídeos isoladas de amostras de 36 pacientes de Córdoba, a segunda província mais populosa da Argentina. Os resultados indicam o subtipo 2c como o mais prevalente (50%), seguido do subtipo 1b (33%), 1a (11%), 3a e 4a (ambos com 3%). Este foi o primeiro relato da circulação do HCV subtipo 2c na região central da Argentina.
A edição online das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz está disponível em http://memorias.ioc.fiocruz.br/102(8).htm
Gustavo Barreto18/01/2008
Permitida a reprodução desde que citada a fonte (Comunicação / Instituto Oswaldo Cruz)