27/05/2008

Mulheres são burras", diz diretor do departamento penitenciário da Folha de S.Paulo, em Brasília

26/05/2008 - 13h11
"Mulheres são burras", diz diretor do departamento penitenciário
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Diretor do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão
vinculado ao Ministério da Justiça, Maurício Kuehne culpa as próprias
mulheres pelo fato de 62% das presas do país não receberem nenhum tipo
de visita social. "Vou usar uma explicação simplista e que me perdoem
as mulheres: é que as mulheres são burras", disse Kuehne, ao ser
questionado pela Folha se há uma explicação para esse percentual.
"Elas [mulheres] vão visitar os homens [presos], mas, quando elas são
encarceradas, os homens não vão visitá-las. É uma questão de cultura
machista", completou.
Segundo o diretor do Depen, o baixo índice de visitação nos
estabelecimentos para mulheres influencia diretamente no dia-a-dia do
estabelecimento. "Influencia, porque a pessoa que não tem essa relação
familiar, sua agressividade vai cada vez mais se acentuando. E a dele
também, o homem agressivo nos estabelecimentos penais é justamente por
conta disso, de não ter o apoio familiar."
Segundo ele, 80% dos homens presos recebem visitas sociais. "Os que
não recebem é porque a penitenciária é distante, e a família não tem
recursos [para o deslocamento]."
No ano passado, o governo federal repassou R$ 210 milhões aos Estados,
para ações específicas para o sistema penitenciário. Para 2008, estão
previstos R$ 520 milhões. "[Esse valor] é um reconhecimento explícito,
por parte do governo federal, de que precisa dar mais auxílio aos
Estados. Só que esse auxílio ainda é pouco. Ele não vai resolver o
problema carcerário dos Estados."
Para a juíza Dora Martins, presidente do conselho-executivo da AJD
(Associação Juízes para a Democracia), algumas burocracias também têm
dificultado as visitas sociais às mulheres, como a exigência, em
alguns estabelecimentos, de que as crianças estejam acompanhadas por
aquele que tem a sua guarda. Um simples familiar, por exemplo, às
vezes não é suficiente.
"Num domingo, na porta de uma penitenciária masculina e de uma
feminina, você já percebe essa diferença. É um corte de gênero. Mas
dentro da administração [penitenciária] há uma série de impedimentos.
Elas [presas] se queixam de não receber a visita das crianças
[filhos]", afirma a juíza Martins.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u405471.shtml
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