12/03/2008

As mulheres da Via Campesina marcaram a semana que antecedeu o dia internacional mulher, com várias manifestações em todo o país.

As mulheres da Via Campesina marcaram a semana que antecedeu o dia internacional mulher, com várias manifestações em todo o país.

Em Pernambuco, foi feito um pequeno vídeo que registrou o ato público de denúncia dos atos criminosos relacionados à monocultura da cana-de-açúcar. Assista clicando no link abaixo:

http://www.cptpe.org.br/modules.php?name=Video_Stream&page=watch&id=39&d=1

No mesmo estado, uma das maiores usinas tenta criminalizar o trabalho em defesa dos direitos humanos. Leia nota a respeito clicando no link abaixo:

Usina Trapiche criminaliza Relatores Nacionais de Direitos Humanos
Em 1970, no livro "As veias abertas da América Latina", o escritor uruguaio Eduardo Galeano já denunciava as mazelas geradas pelo latifúndio da cana. Nos dias de hoje, pouca coisa mudou. Uma das mudanças mais sensíveis é a luta dos trabalhadores e trabalhadoras contra a estrutura opressora no campo, que hoje atende pelo pomposo nome de "agronegócio". A luta em defesa dos direitos humanos da população da Zona da Mata pernambucana se fortaleceu bastante graças à ação organizada de inúmeros movimentos sociais e de entidades que apóiam a sua luta.

"As veias abertas da América Latina"Eduardo GaleanoO Nordeste brasileiro é, na atualidade, uma das regiões mais subdesenvolvidas do hemisfério ocidental. Gigantesco campo de concentração para trinta milhões de pessoas, padece hoje a herança da monocultura do açúcar.De suas terras nasceu o negócio mais lucrativo da economia agrícola colonial na América Latina. Atualmente, menos da quinta parte da zona úmida de Pernambuco está dedicada à cultura da cana-de-açúcar, e o resto não se usa para nada: os donos dos grandes engenhos centrais, que são os maiores plantadores de cana, dão-se a este luxo do desperdício, mantendo improdutivos seus vastos latifúndios.Não é nas zonas áridas e semi-áridas do interior nordestino onde as pessoas comem pior, como equivocadamente se crê. O sertão, deserto de pedra e arbustos ralos, vegetação escassa, padece fomes periódicas: o sol inclemente da seca abate-se sobre a terra e a reduz a uma paisagem lunar; obriga aos homens o êxodo e semeia cruzes às margens dos caminhos.Porém é no litoral úmido onde se padece a fome endêmica. Ali onde mais opulenta é a opulência, mais miserável se forma, terra de contradições, a miséria; a região eleita pela natureza para produzir todos os alimentos, nega-os todos: a faixa costeira ainda conhecida, ironia do vocabulário, como zona da mata, em homenagem ao passado remoto e aos míseros vestígios da floresta sobrevivente aos séculos do açúcar.O latifúndio açucareiro, estrutura do desperdício, continua obrigado a trazer alimentos de outras zonas, sobretudo da região Centro-Sul do Brasil, a preços crescentes. O custo de vida no Recife é o mais alto do Brasil, muito acima do índice do Rio de Janeiro. O feijão custa mais caro no Nordeste do que em Ipanema. Meio quilo de farinha de mandioca equivale ao salário diário de um trabalhador adulto numa plantação de açúcar por sua jornada de sol a sol: se o operário protesta, o capataz manda buscar o carpinteiro para que tire as medidas do corpo, para saber o quanto de madeira será necessário para o caixão. Aos proprietários ou seus administradores continua em vigência, em vastas zonas, o "direito à primeira noite" de cada moça.(...)A jornada de trabalho em algumas plantações se paga a preços mais baixos do que a diária mais baixa da índia. Um informe da FAO, Organização das Nações Unidas, assegurava em 1957 que na localidade de Vitória de Santo Antão, perto de Recife, a deficiência de proteínas "provoca nas crianças uma perda de peso 40% mais grave do que se observa geralmente na África". Em numerosas plantações subsistem ainda as prisões privadas, "mas os responsáveis pelos assassinatos por subnutrição - diz René Dumont - não são presos nelas, porque são os que têm a chave".* * * * *ABRANDH - Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos HumanosSCLN 215, bloco D, salas 17/49, Brasília - DF - Brasil - CEP 70.874-540Fone/Fax: +55 (61) 3340.7032 - 8112.5186 - abrandh@abrandh.org.brE-mails pessoais: rogerio@abrandh.org.br / rogeriotomazjr@yahoo.com.brhttp://www.abrandh.org.br