Vigitel revela que mais de 150 mil brasileiros dirigem após consumo abusivo de álcool
Diariamente, 150 mil brasileiros (homens e mulheres) dirigem mesmo após terem ingerido de quatro a cinco doses de bebida alcoólica. Esse é apenas um dos resultados da pesquisa realizada em 2007 pelo Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, o Vigitel. Dados obtidos na pesquisa levaram o governo federal a editar, nesta segunda-feira (21/01), uma medida provisória que restringe a venda de bebidas alcoólicas em estradas.O governo também pretende encaminhar ao Congresso Nacional, em regime de urgência, um projeto de lei que altera, para efeito de propaganda, o conceito de bebida alcoólica para aquela que contiver 0,5 grau Gay Lussac ou mais de concentração. Com isso, entram na classificação as cervejas, os ices, os coolers, a champanhe e o vinho.“Essas ações são resultado da política de redução de danos deste governo. O país não pode assistir, de braços cruzados, centenas de pessoas, especialmente os jovens, morrerem todos os dias pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.Sistema dá subsídios à elaboração de políticas públicas de saúdeAs Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. Há, no entanto, evidências científicas de que essas doenças podem ser controladas por meio de ações que previnam os seus principais fatores de risco: consumo de tabaco, alimentação inadequada, sedentarismo, consumo abusivo de álcool, obesidade, hipertensão arterial e diabetes. A necessidade de monitorar a freqüência, evolução e distribuição desses fatores na população brasileira levou o Ministério da Saúde, em colaboração com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, a implantar, em 2006, o Vigitel, cujo objetivo é produzir, com qualidade e agilidade, dados que contribuam para a definição de políticas públicas de saúde. O Vigitel permite a realização e análise de entrevistas por telefone à população com 18 anos ou mais nas capitais e Distrito Federal. Anualmente, são realizadas 54 mil entrevistas, cerca de 2 mil por cidade estudada. O resultado de todo o inquérito do Vigitel em 2007 será divulgado na íntegra em março deste ano. No Brasil, o monitoramento já foi realizado em 2006, 2007 e será feito anualmente, trazendo dados atualizados sobre estes fatores de risco. Sistema semelhante existe nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, sendo pioneira a operação num país em desenvolvimento.Resultados preliminares mostram problemas com o consumo de álcool no paísNo resultado preliminar das entrevistas realizadas em 2007, o Vigitel apresenta o comportamento da população sobre o consumo de bebidas alcoólicas, num comparativo entre as pesquisas realizadas em 2006. A freqüência de adultos que consumiram, nos últimos três meses, quatro doses (mulheres) ou cinco doses (homens) de bebidas alcoólicas em um único dia, configurando o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, aumentou de 16,1% para 17,5% na população geral, com o indicador de consumo (IC) passando de uma variação de 15,3 a 16,8%, em 2006, para uma variação de 16,7 % a 18,4%, em 2007.O indicador do consumo (IC) excessivo de bebidas alcoólicas mede a freqüência de indivíduos que, nos últimos trinta dias, ingeriram mais de 4 doses. Considera-se dose de bebida alcoólica uma dose de bebida destilada, uma lata de cerveja ou uma taça de vinho.O Vigitel também revelou que os jovens com idades entre 18 e 24 anos formam o perfil da população que mais ingere bebidas alcoólicas nas capitais brasileiras. São mais de 22% na soma de homens e mulheres. A partir dos 45 anos de idade, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas declina progressivamente até chegar a 5% dos homens e 1% das mulheres com 65 ou mais anos de idade. Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas pouco varia com o nível de escolaridade das pessoas. Fonte: ENSP