23/01/2008

Vigitel revela que mais de 150 mil brasileiros dirigem após consumo abusivo de álcool

Vigitel revela que mais de 150 mil brasileiros dirigem após consumo abusivo de álcool
Diariamente, 150 mil brasileiros (homens e mulheres) dirigem mesmo após terem ingerido de quatro a cinco doses de bebida alcoólica. Esse é apenas um dos resultados da pesquisa realizada em 2007 pelo Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, o Vigitel. Dados obtidos na pesquisa levaram o governo federal a editar, nesta segunda-feira (21/01), uma medida provisória que restringe a venda de bebidas alcoólicas em estradas.O governo também pretende encaminhar ao Congresso Nacional, em regime de urgência, um projeto de lei que altera, para efeito de propaganda, o conceito de bebida alcoólica para aquela que contiver 0,5 grau Gay Lussac ou mais de concentração. Com isso, entram na classificação as cervejas, os ices, os coolers, a champanhe e o vinho.“Essas ações são resultado da política de redução de danos deste governo. O país não pode assistir, de braços cruzados, centenas de pessoas, especialmente os jovens, morrerem todos os dias pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.Sistema dá subsídios à elaboração de políticas públicas de saúdeAs Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um dos principais desafios de saúde para o desenvolvimento global nas próximas décadas. Há, no entanto, evidências científicas de que essas doenças podem ser controladas por meio de ações que previnam os seus principais fatores de risco: consumo de tabaco, alimentação inadequada, sedentarismo, consumo abusivo de álcool, obesidade, hipertensão arterial e diabetes. A necessidade de monitorar a freqüência, evolução e distribuição desses fatores na população brasileira levou o Ministério da Saúde, em colaboração com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo, a implantar, em 2006, o Vigitel, cujo objetivo é produzir, com qualidade e agilidade, dados que contribuam para a definição de políticas públicas de saúde. O Vigitel permite a realização e análise de entrevistas por telefone à população com 18 anos ou mais nas capitais e Distrito Federal. Anualmente, são realizadas 54 mil entrevistas, cerca de 2 mil por cidade estudada. O resultado de todo o inquérito do Vigitel em 2007 será divulgado na íntegra em março deste ano. No Brasil, o monitoramento já foi realizado em 2006, 2007 e será feito anualmente, trazendo dados atualizados sobre estes fatores de risco. Sistema semelhante existe nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, sendo pioneira a operação num país em desenvolvimento.Resultados preliminares mostram problemas com o consumo de álcool no paísNo resultado preliminar das entrevistas realizadas em 2007, o Vigitel apresenta o comportamento da população sobre o consumo de bebidas alcoólicas, num comparativo entre as pesquisas realizadas em 2006. A freqüência de adultos que consumiram, nos últimos três meses, quatro doses (mulheres) ou cinco doses (homens) de bebidas alcoólicas em um único dia, configurando o consumo abusivo de bebidas alcoólicas, aumentou de 16,1% para 17,5% na população geral, com o indicador de consumo (IC) passando de uma variação de 15,3 a 16,8%, em 2006, para uma variação de 16,7 % a 18,4%, em 2007.O indicador do consumo (IC) excessivo de bebidas alcoólicas mede a freqüência de indivíduos que, nos últimos trinta dias, ingeriram mais de 4 doses. Considera-se dose de bebida alcoólica uma dose de bebida destilada, uma lata de cerveja ou uma taça de vinho.O Vigitel também revelou que os jovens com idades entre 18 e 24 anos formam o perfil da população que mais ingere bebidas alcoólicas nas capitais brasileiras. São mais de 22% na soma de homens e mulheres. A partir dos 45 anos de idade, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas declina progressivamente até chegar a 5% dos homens e 1% das mulheres com 65 ou mais anos de idade. Em ambos os sexos, a freqüência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas pouco varia com o nível de escolaridade das pessoas. Fonte: ENSP