16/01/2008

SAN FRANCISCO, EUA (Reuters)

SAN FRANCISCO, EUA (Reuters) -
Um tipo resistente e mortal de bactéria conseguiu ultrapassar as fronteiras dos hospitais norte-americanos e passou a ser transmitido em relações sexuais mantidas por homens gays, afirmaram pesquisadores na segunda-feira.
Segundo os cientistas, a bactéria "Staphylococcus aureus", ou MRSA (sigla em inglês para Staphylococcus aureus resistente à meticilina), começou a aparecer fora de hospitais nas cidades de San Francisco, Boston, Nova York e Los Angeles.
Os homens gays sexualmente ativos de San Francisco correm um risco 13 vezes maior de serem contaminados do que seus pares heterossexuais, disseram os pesquisadores na revista Annals of Internal Medicine.
"Quando isso atingir a população em geral, estaremos diante de uma doença realmente impossível de ser controlada", afirmou Binh Diep, pesquisador da Universidade da Califórnia em San Francisco, que comandou o estudo. "É por isso que estamos tentando divulgar a mensagem da prevenção."
Segundo análises químicas, a bactéria espalha-se entre as comunidades gays de San Francisco e de Boston.
"Acreditamos que ela esteja se disseminando por meio da atividade sexual", afirmou Diep.
Essa superbactéria pode provocar infecções mortais ou desfiguradoras. E o tratamento contra ela passa muitas vezes pela utilização de antibióticos caros administrados na veia.
Em 2005, o MRSA matou cerca de 19 mil norte-americanos, a maior parte deles em hospitais, segundo um artigo publicado em outubro na revista Journal of the American Medical Association.
Cerca de 30 por cento das pessoas são portadoras de Staphylococcus comuns. A bactéria pode ser transmitida por meio do contato entre duas pessoas ou ao depositar-se sobre superfícies e objetos.
O Staphylococcus pode provocar infecções profundas na epiderme e pode penetrar no organismo por meio de uma ferida, por exemplo.
As pessoas portadoras da bactéria costumam apresentá-la no nariz, mas o MRSA pode viver também na região do ânus e ser transmitido por meio da relação sexual.
A incidência do MRSA está aumentando junto com o ressurgimento da sífilis, da gonorréia retal e de novos casos de contaminação pelo HIV em parte por causa da eficiência dos tratamentos contra a Aids e do aumento de comportamentos de risco, tais como consumir drogas injetáveis e ter relações sexuais que provocam esfolamento da pele, escreveu a equipe de Diep.
"A probabilidade de alguém contrair qualquer uma dessas doenças cresce com o número de parceiros sexuais que se tem", afirmou Diep. "O mesmo pode ser dito a respeito do MRSA, provavelmente."
A contaminação pela bactéria costuma manifestar-se por meio de erupções vermelhas na pele. Se não forem tratadas, a áreas podem inchar e se encher de pus.
A melhor forma de evitar a contaminação é lavar as mãos e a área genital com água e sabonete, disse Diep.