PM quer criar código de conduta para travestis em MT
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RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Campo Grande
da Agência Folha, em Campo Grande
A Polícia Militar de Mato Grosso quer estabelecer uma espécie de "código de conduta" para 130 travestis que atuam em uma zona de prostituição da cidade de Várzea Grande (11 km de Cuiabá). Os termos do regulamento vêm sendo debatidos com uma associação que diz representar 3.000 travestis no Estado.
A PM quer que o grupo se comprometa a não mais se despir nas ruas, a não fazer gestos obscenos em público e a limitar sua área de atuação a um espaço de seis quadras, longe da entrada de áreas residenciais.
"Queremos ordenar a atividade para que os moradores da região não sejam mais molestados visualmente", afirma o comandante regional da PM no município, Pery Taborelli.
Segundo ele, a área onde atuam os travestis é alvo de uma operação da polícia desde o dia 2 de janeiro. O objetivo inicial era combater a exploração sexual de crianças e adolescentes e desmontar pontos de compra e venda de drogas. "Quando chegamos ao local, encontramos também os travestis atuando em condição ilegal. Retiramos todos."
Taborelli afirma que o lugar havia se tornado uma grande e desordenada vitrine. "Em pontos mais afastados, havia alguns que se masturbavam em público, tentando chamar a atenção de possíveis clientes. Respeitamos a opção deles, mas desde que exista um limite."
Lilith Prado, 29, presidente da Astramt (Associação das Travestis de Mato Grosso), diz que concorda com as novas regras. "Precisamos ter mais profissionalismo."
Prado diz, porém, que o acordo prevê também mudanças no comportamento da PM. O modelo de Várzea Grande, se bem sucedido, deve ser levado para outros municípios.
"Eles terão de mudar a forma de abordar os travestis nas ruas e atuar não para reprimir, mas para orientar."
"Eles terão de mudar a forma de abordar os travestis nas ruas e atuar não para reprimir, mas para orientar."
O coronel da PM confirma. Segundo ele, haverá necessidade de capacitar a tropa. "Precisamos aprender a mexer com esse povo. São seres humanos e merecem respeito."