ENSP, publicada em 29/09/2008
Como convencer o homem de que a prevenção é o melhor caminho para viver mais e com qualidade de vida? O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), quer dividir este desafio com toda a sociedade e abriu, nesta quarta-feira, 10/09, prazo de 20 dias para que os diferentes segmentos participem da Consulta Pública nº 9 com sua opinião sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O intuito do ministério é promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do país para reduzir a morbidade e mortalidade dessa população, facilitando o acesso a ações e serviços de assistência integral. O teor da proposta pode ser conhecido no site do Ministério da Saúde no campo consulta pública. E as contribuições devem ser enviadas por meio do seguinte endereço eletrônico: saudedohomem@saude.gov.br ou postal: Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Esplanada dos Ministérios, bloco G, Edifício Sede, 6º andar, sala 607 - CEP: 70.058-900 - Brasília-DF. No documento-base "Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (princípios e diretrizes)" divulgado na internet, o Ministério da Saúde relaciona das diretrizes e quais deverão ser as principais responsabilidades da União, dos estados e municípios na oferta de serviços voltados à melhoria das condições de saúde da população masculina. Entre os diversos objetivos, está o de implantar e estimular, nos serviços públicos e privados, uma rede de atenção à saúde do homem. Ampliar, por meio da educação, o acesso dos homens às informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e enfermidades que afetam a população masculina, destacando seus direitos sexuais e reprodutivos. A proposta do ministério prevê ainda a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, deficientes, em situação de risco e carcerária, desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade para distintos grupos sociais. Violência - Os dados levantados para construir esta primeira versão da política de atenção à saúde do homem revelaram que as causas externas - acidentes e as diferentes expressões da violência - são responsáveis por 78% das mortes no universo masculino, na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade. Em segundo lugar, estão doenças do aparelho circulatório e, nas posições seguintes, estão os tumores, as doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório. Em relação à morbidade, em 2007, ocorreram 11,3 milhões de internações. Deste total, 4,5 milhões (39,8%) foram masculinas, sendo 1,7 milhão (15,3%) na faixa dos 25 aos 59 anos de idade. "Tudo isso é passível de prevenção por meio da atenção primária", afirma o médico e sexólogo Ricardo Cavalcanti, autor do texto-base levado à consulta pública. Para elaborar o texto-base da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, Cavalcanti coordenou a realização de cinco seminários, com a participação de representantes dos conselhos nacional de Secretários de Saúde (Conass), de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), sociedades científicas de urologia, cardiologia, gastroenterologia, pneumologia e psiquiatria, além de profissionais que atuam na saúde mental. Buscou contribuições também em reuniões com as várias áreas do próprio Ministério da Saúde e com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Contribuição Popular - De acordo com o médico Adson França, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do Ministério da Saúde, a iniciativa de trazer a proposta à consulta pública faz parte do processo de valorização de profissionais e de toda a sociedade na construção das políticas prioritárias para o ministério e para o governo federal. Ele lembrou ainda que a criação da área técnica de saúde do homem e o lançamento da política nacional de atenção integral à saúde do homem constituem uma das 22 metas do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no seu lançamento de posse. "No início de outubro, após consolidar as contribuições da consulta pública, o Ministério da Saúde levará o novo texto ao Conselho Nacional de Saúde. Estamos prevendo que o lançamento da política, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Temporão, ocorrerá no início de novembro", adiantou Adson França. Ele lembrou que a essência da proposta já foi apresentada e elogiada pelos integrantes da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, em agosto. Para o diretor do Dapes, um dos grandes desafios do Ministério da Saúde e do governo brasileiro será o de romper com a cultura que a pessoa não deve procurar um profissional de saúde para não achar doença. "É só procurando um profissional de saúde no sistema de atenção básica e de prevenção, mudando hábitos alimentares, reduzindo a ingestão de bebidas alcoólicas e eliminando o tabagismo, que vamos quebrar a cultura de que a maioria dos homens só busca os profissionais de saúde quando está doente", afirma França.
Raio-X Saúde do Homem As principais enfermidades e agravos à saúde do homem entre 2005 e 2007.
1º lugar - Causas Externas Em 2005, 78% dos óbitos foram por causas externas:
1º - Acidentes com transporte
2º - Lesões autoprovocadas voluntariamente
3º - Agressões
2º lugar - Doenças do Aparelho Circulatório
3º lugar - Tumores 1º - Aparelho digestivo (lábio, cavidade oral e faringe; câncer de estômago, câncer de colon e câncer de esôfago)
2º - Aparelho respiratório (câncer de laringe)
3º - Aparelho Urinário (câncer de próstata)
4º lugar - Doenças do Aparelho Digestivo
1º - Doenças do Fígado (Doença alcoólica 46%; Fibrose e Cirrose 36% e 18% outras doenças do fígado)
5º lugar - Doenças do Aparelho Respiratório
1º - Câncer de Pulmão, Traquéia e Brônquios
2º - Pneumonias - 43% das internações
3º - Doenças pulmonares obstrutivas crônicas - 12% das internações
4º - Asma - 11% das internações
5º - Tuberculose - 5% das internações