23/09/2008

EPIDEMIA DO CRAK

Prezados e Prezadas
Formadores e Formadoras de opinião.
Gestores de Saúde Pública e outras áreas afins


Durante esta semana a Rede Globo, fará no Jornal da Globo uma série de reportagens sobre a Epidemia do Crak. A nível de Maranhão ainda que não se tenha um uso elevado de crak, vale resaltar que não há um precisão entre o que mais danoso a saúde pisquica e orgânica, além da interações, complicações sociais entre o Crak e a Merla.

Ontem na abertura o Presidente Nacioanl do Secretarios de Saúde destacava a importância da política de Saúde Mental e os CAPS para o atendimento da demanda. Em outro momento o Ministério da Saúde fazia sua incorrência de que não há uma epidemia de Crak, mas logo em seguida Drª Andreia Domânico, Psicologa, Antropologa, e redutora de danos (também integra o Minsterio da Saúde através do PNHV e a UFBA) que muita propriedade de causa atestava sim a epidemia do Crak. Estas informações você podem conferir no link que dá acesso direto incluissive com os vídeos. Na quinta-feira, dia 25 de setembro, será transmitida a reportagem realizada com a Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti- (ARD-FC/FAMED/UFBA) A reportagem foi realizada com técnicos da instituição e pessoas assistidas pelo projeto no centro Histórico de Salvador.

Encaminhei sugestão de reportagem a Rede Globo sobre o fenômeno Merla no Maranhão. Mas como a materia central é sobre Crak acho pouco provável que seja inserido. O motivo da sugestão do conteúdo Merla é que ele é pouco explorado no cenário Nacional e creio que muitos dos envolvidos também não sabem fazer esta diferença. Confudem-se sobre quais efeitos são mais devastadores, se são o da merla ou ou do Crak. Ai neste cenário cada um defende seu território. Conheço pessoas que usam Crak, tentando fazer uso de merla acabaram em prontos socorros. Outros dizem sim que o Crak é mais devastador, outros dizem que é aMerla. Também preciso de mais estudo para poder fazer minha definição.

No painel de sugestão tem muita coisa boa para ser lida, várias colocações: donos da razão, usuários, ex-usuários, questões de cunho só religioso, questões de saúde e outras, uma das coisas que me chamou atenção é o fato dos próprios usuários se manifestarem e confirma o trânsito do sexo com as drogas e as vulnerabilidaes com relação as DST/Hiv/Aids. Isto também é pouco trabalhado no geral.

Vale apena assitir durante a semana no Jornal da Globo e conferir conforme link abaixo.

Espero que nossos horizontes sejam ampliados e que nossas vissões não seja unicamente em pró de nossos PRÉ-CEITOS(preceito) ou PRÉ-CONCEITOS(preconceito).


Patrício Barros




abaixo, agora é conteúdo da Rede Globo.
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http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MRP769961-16021,00.html
O Portal de Notícias da Globo
22/09/08 - 23h52 - Atualizado em 23/09/08 - 03h37
Especial: Epidemia do CrackUm série de reportagens revela como a droga se espalha de forma silenciosa pelo interior do Brasil. A primeira delas mostra trabalhadores rurais no Paraná que usam o crack como forma de doping.
Tiago Eltz - reportagem
Patrícia Carvalho - edição
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Participe no nosso fórum para discutir a Epidemia do Crack no Brasil. Dê a sua opinião, o seu testemunho e a sua sugestão para combater o problema. Três horas da tarde de uma quarta-feira tranqüila em Paranavaí. A rotina pacata da cidade do interior do Paraná não resiste a uma olhada mais atenta. Com uma câmera escondida nos aproximamos do homem que aparentemente aprecia a tarde sentado na praça. A pergunta é seca, sem rodeios. - “Ou véio,.. beleza. Sabe onde pode arrumar uma pedra aí?” - “Pedra?” - “É” - “Tô ligado não...” O rapaz desconfia das pessoas que nunca tinha visto, faz algumas perguntas, e acaba cedendo. - “Quanto você ia catar?” - “Ah, umas duas pedras”. Nosso produtor pergunta se é possível também comprar maconha. A resposta do traficante, é a síntese do que aconteceu na cidade. - “Maconha não tem, só tem a pedra mano, joga o troco ali que eu pego lá procê lá do outro lado”. - “Quanto tá fera?” - “Deizão cada uma...” Quando o homem sai para buscar a droga, desistimos da compra. Paranavaí fica no noroeste do Paraná, distante 500 quilômetros de Curitiba. Vive da agricultura e da pecuária e tem aproximadamente 75 mil habitantes, que nos últimos quatro anos viram perplexos a popularização do crack. Sem alarde, a pedra foi ganhando a preferência de usuários de outras drogas. “Não tinha tanto, eram poucos que tinham”, conta um usuário. JG: Hoje quem quiser comprar acha fácil? “É dois palito, hein? É mais fácil que pão”. No Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde alerta para uma epidemia. Só no Rio Grande do Sul estima-se que a cada mil habitantes existam cinco usuários. “A gente tem trabalhar isso como se fosse uma epidemia de dengue, que quando dá os surtos faltam leitos, faltam estruturas, ambulatórios e tal. A mesma coisa, com essa subida do crack, nós temos que organizar o sistema se saúde mental, multiplicar e depois garantir que essa pessoa seja acompanhada. Não se pode perder de vista o dependente”, alerta Osmar Terra, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde. O Ministério da Saúde reconhece que o crack se alastrou, mas nega que haja uma epidemia. “Eu acho que o consumo tem mais se alastrado por outras regiões do país, por regiões que não existiam, como por exemplo, interior do nordeste, e outras cidades no interior dos estados e que não acontecia antes. Então eu acho que isto tem um aumento de consumo, mas eu acho que tem que ser bastante cauteloso ao se falar de uma epidemia”, fala Francisco Cordeiro, assistente Saúde Mental – Ministério da Saúde. “Há uma epidemia de crack. Se você considerar que epidemia é um número de casos de uma determinada doença, num determinado local, você vai pegar cidades onde você vê crescer assustadoramente o consumo de crack”, diz Andrea Domanico, psicóloga e doutora pela UFBA. Nas cidades do interior, os centros de atenção aos dependentes de álcool e drogas viraram o termômetro dos efeitos do crack. “Ele pode ter passado por diversas drogas, mas foi o crack que fez com que ele buscasse algum tipo de ajuda", alega Carla Amaral Barros, psicóloga. Aqui vemos ir por terra uma idéia bastante difundida. A de que o crack se espalha por ser uma droga barata. Na verdade o crack custa tudo o que o viciado tiver. “Um cara chegou uma vez com um perfume pela metade, e me falou: me dá uma aí, só uma. Aquele desespero que faltava chorar. Eu falei que não ia pegar o perfume. Ele falou: então espera um pouco. Depois ele voltou com uma caixa de correio. Eu falei que não ia pegar a caixa do correio. Ele voltou pra trás e voltou com um quadro de bicicleta. Eu dei uma no quadro de bicicleta. Ele foi, demorou uns 15 minutos e voltou com o pneu da bicicleta. Eu falei que não ia pegar o pneu da bicicleta. Aí eu falei pra ele: eu preciso de um DVD. Ele demorou meia hora, mas voltou com o DVD”, conta o jovem. Histórias que se repetem nas esquinas da cidade. Ainda é dia quando flagramos um garoto mostrando um ferro de passar roupa para várias pessoas. As conversas são em volta do banheiro público do terminal de ônibus da cidade. Um conhecido ponto de uso de crack. Mas nem todos se abrigam no banheiro para consumir a droga, principalmente à noite. Uma garota senta encostada em uma parede. Calmamente prepara o cachimbo e acende a pedra. Ao lado dela, outra pessoa também usa a droga. Quando se levanta, percebemos que é o mesmo garoto que chegou no final da tarde, agora sem o ferro de passar. Outro jovem nem se da ao trabalho de procurar um lugar escondido. Fuma no ponto de ônibus, enquanto carros e motos passam na frente. Depois tranquilamente joga a lata fora. Quem tenta escapar do vício chega a procurar as cidades do interior como refúgio. “Eu vim embora pra cá de volta, porque cidade pequena, a gente tem mais chance de parar, né?”, conta um dependente. O cenário é dos mais inusitados. Longe das cidades o crack rompeu uma barreira impressionante. Abriu caminho na roça propriamente dita e chegou nas lavouras de mandioca no interior do Paraná. A droga virou o combustível trágico pra gente que vive de um trabalho pesado. “Eu usava mais pra dar potência, pra trabalhar, pra render mais o serviço, né?”, conta um trabalhador “Se é pra gente arrancar hoje 10 toneladas de mandioca, a gente arrancava 20. Eu sentia uma energia, uma força, vontade mais ganância de saber que de tarde ganhava mais dinheiro”, fala outro. Trabalhadores rurais que preferem não se identificar dizem não usar a droga, mas testemunharam o avanço do crack nos tempos de colheita. Assim como o proprietário da fazenda: “O ano passado a gente até assustou com a quantidade de casos que teve. De 60 a 80%, na colheita é...”, conta. Homens que passaram a trabalhar como zumbis. “A pessoa tando com isto aí, pode se machucar, pode se cortar, não sente dor, é um anestesiante”, fala o trabalhador “O sol pode estar 200 graus e eles não tão nem aí. E o rendimento deles é bem maior que o dos outros. Quando estão drogados”, fala o proprietário. Mas eles rapidamente descobriram o preço que a droga cobra. “Se ele faz um tanto de serviço, num dia, no outro dia já faz menos, vai caindo, vai caindo. Já não anima mais, fuma, fuma, fuma pra voltar ao normal, mas não volta”, diz o trabalhador. Mesmo a distância da cidade não atrapalha a chegada da droga. Os traficantes vão onde os possíveis clientes estiveram, como conta um dono de terras. “A gente vê oferecer o dinheiro vir na cidade buscar, porque já acabou, porque senão eles não consegue completar o dia. A gente fica assustado porque nós temos filhos pequenos, a gente não sabe o que pode acontecer”, declara. Ao invés das brincadeiras ou do esporte, que deveriam ser comuns na infância e na adolescência, muros altos e cercas de arame farpado. Instituições que abrigam jovens que cometeram crimes passaram a ficar cheias de usuários de crack. Isso por causa de um dos principais impactos sociais da droga, a violência. Em uma dessas casas em Campo Mourão estão internados adolescentes de 12 e 13 anos que cometeram assaltos e roubos, e jovens mais velhos, de 17, 18 anos que cometeram homicídios. Quase todos eles eram usuários de crack. “Morreram bastante, só que eu conheci morreram 32 rapazes assassinados, todos envolvidos no crack, às vezes estavam devendo...”, conta um dependente. Quem luta contra a expansão do crack não tem encontrado muitos motivos pra otimismo. “Primeira coisa para trabalhar com isso, a gente tem que ter muita resistência à frustração, muita. Não dá para criar uma expectativa muito alta em relação à essas pessoas, à esses usuários", declara Carla Amaral Barros, psicóloga. Decepções que, nas palavras de um usuário, desafiam nossa capacidade de reação. “Hoje o crack tá solta a vontade, alastrado. Posso te dizer assim, alastrado mesmo e a tendência é só crescer. Eu acabo, mas o crack não acaba”, fala. Participe no nosso fórum para discutir a Epidemia do Crack no Brasil. Dê a sua opinião, o seu testemunho e a sua sugestão para combater o problema. E amanhã você vai ver: Como o crack age no organismo e porque causa uma dependência tão forte a ponto de provocar nas famílias atitudes extremas para conter os viciados.