DIREITO À EDUCAÇÃO
Paulo César Carbonari
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nos últimos dias dados que mostram a situação social brasileira e, entre tantas informações auspiciosas, chamam à atenção negativamente os dados sobre a situação educacional.
Os dados revelam que ainda há muito por fazer para efetivar a educação como um direito. Mostram, sobretudo, que, mesmo que o acesso ao ensino fundamental tenha sido praticamente universalizado, o fato de as crianças estarem na escola não significa que o direito à educação esteja efetivamente garantido como direito de ir à escola para aprender. Além do mais, há um contingente ainda significativo de brasileiros e de brasileiras que continuam analfabetos.
Segundo o IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 2007 informa que, da população entre 7 e 14 anos que freqüenta a escola, 2,1 milhões (8,4%) continuam analfabetos, sendo que no Nordeste é quase o dobro da média nacional (15,3%) e no Norte, 12,1%. Ademais, dados sobre a qualidade da educação no ensino fundamental, resultantes de avaliações feitas pelo Ministério da Educação, mostram que menos de um terço dos alunos da quarta série sabe o conteúdo da língua portuguesa e pouco mais de 20% o de matemática.
O Instituto mostra também que o contingente total de analfabetos era de 14,1 milhões (taxa de 10%) de pessoas de 15 anos ou mais de idade, sendo 52% deles na Região Nordeste, 40,1% de pessoas acima de 60 anos de idade, 36,5% com idade entre 40 a 59 anos e que, da população que vive com até meio salário mínimo de rendimento familiar per capita, de cerca de 18%, enquanto nas classes de rendimentos superiores a 2 salários mínimos, encontrava-se 1,4% de analfabetos. A taxa de analfabetismo funcional era de 21,6% (cerca de 30 milhões de pessoas com 15 anos ou mais), sendo que a taxa para a população rural era de 42,9% (mais do que o dobro da apurada para a urbana – 17,8%); no Nordeste a média é de 33,5% (53,2% no meio rural) e no Norte de 25%.
Os dados colhidos apontam para um contingente amplo da população brasileira, mesmo do que está na escola fundamental, não tem acesso às condições básicas para o exercício da cidadania, visto que não sabe operar o instrumento básico de mediação da comunicação, como interação social, a linguagem escrita.
Não saber ler e escrever não é apenas problema funcional, é limitação objetiva à participação social, econômica, política e cultural. Ora, sem dominar estas mediações, como pode uma pessoa compreender os conteúdos da sociedade do conhecimento? Não fica ela limitada na possibilidade de ir e vir pelo simples fato de não saber qual linha de ônibus tomar? Não fica ela com menos condições para opinar, dado que não pode fazê-lo, por exemplo, escrevendo uma carta para a "Coluna do Leitor" do jornal (aliás, para ela, jornal e "papel de embrulho" não têm diferença)? Não terá dificuldade até para ser um/a trabalhador/a doméstico/a, visto que se receber um telefonema para o morador da casa que está momentaneamente ausente não terá como anotar o recado (e por isso certamente será preterido/a na hora de ocupar a vaga de emprego)? Dificuldades triviais, menos importantes, dirão os que confortavelmente lêem estes assuntos desde suas "poltronas cidadãs". Não! Não se trata de dificuldades triviais, trata-se de situações que mostram no concreto como fica restringida a cidadania de quem não domina o uso desses códigos de convivência.
E como ficam os/as mais de dois milhões que foram à escola e que dela saíram como se nunca tivessem entrado. Dizer que ficaram decepcionados é pouco! Foram sobre-excluídos! A exclusão básica foi-lhes reforçada. A escola serviu não somente como um lugar de exclusão efetiva; tornou-se um lugar que levou a uma aprendizagem perversa, a de que para eles/as não há mesmo solução (e continuarão a ouvir em toda campanha eleitoral que a educação é a solução, mas não para eles/as).
Provavelmente o que estamos dizendo não é novo, nem quer ser. O que queremos é nada mais do que lançar luz sobre os dados divulgados e convidar as consciências cidadãs a entender que não serão cidadãs enquanto houverem milhões que não são. Por isso, se quisermos continuar acreditando que a educação é solução efetivamente sustentável e capaz de promover a inclusão mais igualitária e com cidadania, temos que nos comprometer efetivamente mais do que com o direito de acesso à escola, também com o direito de ir à escola para aprender.
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Defensor de direitos humanos (CDHPF/MNDH) e professor de filosofia (IFIBE)
Publicado pelo Jornal Diário da Manhã de 30/09/2008, p. 2.
Este blog foi criado para intercambiar minhas relações profissionais. Pouco coisa será postada de cunho pessoal, reserva-se a acompanhar as relevâncias socias em diveros níveis, com conteúdos de raça, credo, gênero, políticas públicas, violência, com recorte especial as questões voltadas para área da saúde. Os assuntos postados com certeza vão servir de um banco de dados para mim, quanto para aqueles e aquelas que buscam informações nesta área.
30/09/2008
Ministério recebe sugestões para saúde do homem
ENSP, publicada em 29/09/2008
Como convencer o homem de que a prevenção é o melhor caminho para viver mais e com qualidade de vida? O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), quer dividir este desafio com toda a sociedade e abriu, nesta quarta-feira, 10/09, prazo de 20 dias para que os diferentes segmentos participem da Consulta Pública nº 9 com sua opinião sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O intuito do ministério é promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do país para reduzir a morbidade e mortalidade dessa população, facilitando o acesso a ações e serviços de assistência integral. O teor da proposta pode ser conhecido no site do Ministério da Saúde no campo consulta pública. E as contribuições devem ser enviadas por meio do seguinte endereço eletrônico: saudedohomem@saude.gov.br ou postal: Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Esplanada dos Ministérios, bloco G, Edifício Sede, 6º andar, sala 607 - CEP: 70.058-900 - Brasília-DF. No documento-base "Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (princípios e diretrizes)" divulgado na internet, o Ministério da Saúde relaciona das diretrizes e quais deverão ser as principais responsabilidades da União, dos estados e municípios na oferta de serviços voltados à melhoria das condições de saúde da população masculina. Entre os diversos objetivos, está o de implantar e estimular, nos serviços públicos e privados, uma rede de atenção à saúde do homem. Ampliar, por meio da educação, o acesso dos homens às informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e enfermidades que afetam a população masculina, destacando seus direitos sexuais e reprodutivos. A proposta do ministério prevê ainda a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, deficientes, em situação de risco e carcerária, desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade para distintos grupos sociais. Violência - Os dados levantados para construir esta primeira versão da política de atenção à saúde do homem revelaram que as causas externas - acidentes e as diferentes expressões da violência - são responsáveis por 78% das mortes no universo masculino, na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade. Em segundo lugar, estão doenças do aparelho circulatório e, nas posições seguintes, estão os tumores, as doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório. Em relação à morbidade, em 2007, ocorreram 11,3 milhões de internações. Deste total, 4,5 milhões (39,8%) foram masculinas, sendo 1,7 milhão (15,3%) na faixa dos 25 aos 59 anos de idade. "Tudo isso é passível de prevenção por meio da atenção primária", afirma o médico e sexólogo Ricardo Cavalcanti, autor do texto-base levado à consulta pública. Para elaborar o texto-base da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, Cavalcanti coordenou a realização de cinco seminários, com a participação de representantes dos conselhos nacional de Secretários de Saúde (Conass), de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), sociedades científicas de urologia, cardiologia, gastroenterologia, pneumologia e psiquiatria, além de profissionais que atuam na saúde mental. Buscou contribuições também em reuniões com as várias áreas do próprio Ministério da Saúde e com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Contribuição Popular - De acordo com o médico Adson França, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do Ministério da Saúde, a iniciativa de trazer a proposta à consulta pública faz parte do processo de valorização de profissionais e de toda a sociedade na construção das políticas prioritárias para o ministério e para o governo federal. Ele lembrou ainda que a criação da área técnica de saúde do homem e o lançamento da política nacional de atenção integral à saúde do homem constituem uma das 22 metas do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no seu lançamento de posse. "No início de outubro, após consolidar as contribuições da consulta pública, o Ministério da Saúde levará o novo texto ao Conselho Nacional de Saúde. Estamos prevendo que o lançamento da política, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Temporão, ocorrerá no início de novembro", adiantou Adson França. Ele lembrou que a essência da proposta já foi apresentada e elogiada pelos integrantes da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, em agosto. Para o diretor do Dapes, um dos grandes desafios do Ministério da Saúde e do governo brasileiro será o de romper com a cultura que a pessoa não deve procurar um profissional de saúde para não achar doença. "É só procurando um profissional de saúde no sistema de atenção básica e de prevenção, mudando hábitos alimentares, reduzindo a ingestão de bebidas alcoólicas e eliminando o tabagismo, que vamos quebrar a cultura de que a maioria dos homens só busca os profissionais de saúde quando está doente", afirma França.
Raio-X Saúde do Homem As principais enfermidades e agravos à saúde do homem entre 2005 e 2007.
1º lugar - Causas Externas Em 2005, 78% dos óbitos foram por causas externas:
1º - Acidentes com transporte
2º - Lesões autoprovocadas voluntariamente
3º - Agressões
2º lugar - Doenças do Aparelho Circulatório
3º lugar - Tumores 1º - Aparelho digestivo (lábio, cavidade oral e faringe; câncer de estômago, câncer de colon e câncer de esôfago)
2º - Aparelho respiratório (câncer de laringe)
3º - Aparelho Urinário (câncer de próstata)
4º lugar - Doenças do Aparelho Digestivo
1º - Doenças do Fígado (Doença alcoólica 46%; Fibrose e Cirrose 36% e 18% outras doenças do fígado)
5º lugar - Doenças do Aparelho Respiratório
1º - Câncer de Pulmão, Traquéia e Brônquios
2º - Pneumonias - 43% das internações
3º - Doenças pulmonares obstrutivas crônicas - 12% das internações
4º - Asma - 11% das internações
5º - Tuberculose - 5% das internações
Como convencer o homem de que a prevenção é o melhor caminho para viver mais e com qualidade de vida? O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), quer dividir este desafio com toda a sociedade e abriu, nesta quarta-feira, 10/09, prazo de 20 dias para que os diferentes segmentos participem da Consulta Pública nº 9 com sua opinião sobre a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. O intuito do ministério é promover a melhoria das condições de saúde da população masculina do país para reduzir a morbidade e mortalidade dessa população, facilitando o acesso a ações e serviços de assistência integral. O teor da proposta pode ser conhecido no site do Ministério da Saúde no campo consulta pública. E as contribuições devem ser enviadas por meio do seguinte endereço eletrônico: saudedohomem@saude.gov.br ou postal: Ministério da Saúde/Secretaria de Atenção à Saúde/Departamento de Ações Programáticas Estratégicas - Esplanada dos Ministérios, bloco G, Edifício Sede, 6º andar, sala 607 - CEP: 70.058-900 - Brasília-DF. No documento-base "Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (princípios e diretrizes)" divulgado na internet, o Ministério da Saúde relaciona das diretrizes e quais deverão ser as principais responsabilidades da União, dos estados e municípios na oferta de serviços voltados à melhoria das condições de saúde da população masculina. Entre os diversos objetivos, está o de implantar e estimular, nos serviços públicos e privados, uma rede de atenção à saúde do homem. Ampliar, por meio da educação, o acesso dos homens às informações sobre as medidas preventivas contra os agravos e enfermidades que afetam a população masculina, destacando seus direitos sexuais e reprodutivos. A proposta do ministério prevê ainda a atenção integral à saúde do homem nas populações indígenas, negras, quilombolas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, trabalhadores rurais, deficientes, em situação de risco e carcerária, desenvolvendo estratégias voltadas para a promoção da equidade para distintos grupos sociais. Violência - Os dados levantados para construir esta primeira versão da política de atenção à saúde do homem revelaram que as causas externas - acidentes e as diferentes expressões da violência - são responsáveis por 78% das mortes no universo masculino, na faixa etária dos 25 aos 59 anos de idade. Em segundo lugar, estão doenças do aparelho circulatório e, nas posições seguintes, estão os tumores, as doenças do aparelho digestivo e do aparelho respiratório. Em relação à morbidade, em 2007, ocorreram 11,3 milhões de internações. Deste total, 4,5 milhões (39,8%) foram masculinas, sendo 1,7 milhão (15,3%) na faixa dos 25 aos 59 anos de idade. "Tudo isso é passível de prevenção por meio da atenção primária", afirma o médico e sexólogo Ricardo Cavalcanti, autor do texto-base levado à consulta pública. Para elaborar o texto-base da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, Cavalcanti coordenou a realização de cinco seminários, com a participação de representantes dos conselhos nacional de Secretários de Saúde (Conass), de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), sociedades científicas de urologia, cardiologia, gastroenterologia, pneumologia e psiquiatria, além de profissionais que atuam na saúde mental. Buscou contribuições também em reuniões com as várias áreas do próprio Ministério da Saúde e com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. Contribuição Popular - De acordo com o médico Adson França, diretor do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas (Dapes) do Ministério da Saúde, a iniciativa de trazer a proposta à consulta pública faz parte do processo de valorização de profissionais e de toda a sociedade na construção das políticas prioritárias para o ministério e para o governo federal. Ele lembrou ainda que a criação da área técnica de saúde do homem e o lançamento da política nacional de atenção integral à saúde do homem constituem uma das 22 metas do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no seu lançamento de posse. "No início de outubro, após consolidar as contribuições da consulta pública, o Ministério da Saúde levará o novo texto ao Conselho Nacional de Saúde. Estamos prevendo que o lançamento da política, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro Temporão, ocorrerá no início de novembro", adiantou Adson França. Ele lembrou que a essência da proposta já foi apresentada e elogiada pelos integrantes da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, em agosto. Para o diretor do Dapes, um dos grandes desafios do Ministério da Saúde e do governo brasileiro será o de romper com a cultura que a pessoa não deve procurar um profissional de saúde para não achar doença. "É só procurando um profissional de saúde no sistema de atenção básica e de prevenção, mudando hábitos alimentares, reduzindo a ingestão de bebidas alcoólicas e eliminando o tabagismo, que vamos quebrar a cultura de que a maioria dos homens só busca os profissionais de saúde quando está doente", afirma França.
Raio-X Saúde do Homem As principais enfermidades e agravos à saúde do homem entre 2005 e 2007.
1º lugar - Causas Externas Em 2005, 78% dos óbitos foram por causas externas:
1º - Acidentes com transporte
2º - Lesões autoprovocadas voluntariamente
3º - Agressões
2º lugar - Doenças do Aparelho Circulatório
3º lugar - Tumores 1º - Aparelho digestivo (lábio, cavidade oral e faringe; câncer de estômago, câncer de colon e câncer de esôfago)
2º - Aparelho respiratório (câncer de laringe)
3º - Aparelho Urinário (câncer de próstata)
4º lugar - Doenças do Aparelho Digestivo
1º - Doenças do Fígado (Doença alcoólica 46%; Fibrose e Cirrose 36% e 18% outras doenças do fígado)
5º lugar - Doenças do Aparelho Respiratório
1º - Câncer de Pulmão, Traquéia e Brônquios
2º - Pneumonias - 43% das internações
3º - Doenças pulmonares obstrutivas crônicas - 12% das internações
4º - Asma - 11% das internações
5º - Tuberculose - 5% das internações
29/09/2008
8º ENCONTRO DE RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
São Paulo, setembro de 2008.
8º - ENCONTRO DE RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
Com apoio do Programa Estadual e Municipal de DST/Aids o Instituto Vida Nova Integração Social Educação e Cidadania comunicam a realização do 8º - Encontro de Relações Humanas em HIV/Aids, a ser realizado na cidade de Atibaia – SP nos dias 5, 6 e 7 de dezembro de 2008.
A proposta do Encontro de Relações Humanas está norteada em fomentar a promoção da saúde, redução de danos, estimulando as PVHA a lutarem pelos seus direitos e deveres para a redução de estigma, preconceito, discriminação, inclusão social; visando à melhoria da qualidade de vida e com vistas para valorização da troca de experiência, fortalecimento das pessoas vivendo com HIV/AIDS para o exercício do Ativismo e Controle Social.
A partir da sua primeira edição em 2000 o Encontro de Relações Humanas tem possibilitado espaços amplos de discussões, atualização de informações, oficinas temáticas e ocupacionais; assim como na promoção da integração das pessoas vivendo e convivendo com HIV/Aids - PVHA e trazendo sempre temas de relevância com convidados de grande saber sobre o contexto da Aids na assistência, prevenção e pesquisas. Com isto a comissão organizadora a cada encontro tem a preocupação de superação no intuito de melhor e oferecer um evento qualificado que atenda aos anseios dos participantes.
Nesta oitava edição o tema eleito pela comissão organizadora é:
“Eu planto, Tu plantas, Ele planta. Nós Semeamos, Vós Regais, e Todos colhem”
Com isto queremos dizer que a luta contra a Aids é de todos, porém as PVHA são protagonistas neste processo onde acreditamos e esperamos uma maior integração, convivência, troca de experiência e inclusão cidadã nos conselhos de participação popular.
As despesas com hospedagem, alimentação e transporte da cidade de São Paulo a Atibaia serão por conta do evento. As pré-inscrições serão recebidas até o dia 25 de novembro, através do seguinte e-mail: ividanova@uol.com.br ou por correio em consonância com os critérios e autonomia adotada pela comissão organizadora.
Os participantes aprovados serão informados e orientados sobre os procedimentos de participação em meados de novembro. Será cobrada taxa de inscrição no valor de R$ 15,00 após a seleção das inscrições.
Comissão Organizadora
Rua Prof. Assis Veloso, 226 – São Miguel Pta. – São Paulo – SP. CEP. 08021-470 - Fone/Fax: 011 – 6297-1516 – 6956-9817
E-mail: ividanova@uol.com.br – Site: www.ividanova.org.br - CNPJ 03.855.787/0001-61
FICHA DE PRÉ INSCRIÇÃO
8º ENCONTRO DE RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
05 a 07/12/08 - Atibaia - SP
“Eu planto, Tu plantas, Ele planta;
Nós Semeamos, Vós regais, e “Todos colhem”
NOME COMPLETO:
NOME P/ CRACHÁ:
ENDEREÇO PESSOAL:
CIDADE:
CEP:
ESTADO:
TELEFONE FIXO
E-MAIL:
Identidade de Gênero:
( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Transexual ( ) Travesti
Raça: ( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Índia ( ) Amarela
ONG
FUMANTE
SIM
( )
NÃO
( )
NECESSITA CUIDADOS ESPECIAIS DE SAÚDE?
SIM
NÃO
SE SIM, QUAIS:
Pessoa p/ contato em caso de emergencia:
Nome:
Tel.:
PRÉ-INSCRIÇÃO PARA OFICINAS DE GERAÇÃO DE RENDA
Vagas limitadas 40 participantes por oficina; assinale com um X uma das opções:
( ) Oficina de Customização (confecção de bolsas jeans)
( ) Oficina de Relógio de Parede em disco de vinil
Você é pessoa vivendo com HIV/AIDS?
( ) sim ( ) não ( ) não sabe
Qual a sua profissão/ocupação: _________________________________________________________________________________________________________
Faixa de idade de: 12 a 25 ( ) 26 a 35 ( ) 36 a 45 ( ) 46 a 55 ( ) 56a 70 ( )
Escolaridade: ( ) fundamental ( ) Médio ( ) superior
Quais benefícios você recebe?
( ) loas ( ) auxiliam doença ( ) aposentadoria ( ) isenção tarifaria ( ) nenhum
Quantas vezes você participou do Encontro de Relações Humanas?
( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) quatro ( ) cinco ( ) seis ( ) sete ( ) primeira vez
Para você que já participou do Encontro de Relações Humanas no que ele acrescentou em sua vida pessoal e social?
( ) auto-estima ( ) inclusão em conselho gestor ( ) inclusão na RNP+ ( ) adesão aos medicamentos
( ) relação médico e paciente ( ) integração com a ONG ( ) integração com a família ( )Ativismo
O que você espera do Encontro de Relações Humanas?
( ) Adquirir novos conhecimentos
( ) Melhorar a adesão aos medicamentos e tratamento
( ) Fazer novas amizades
( ) Trocar experiências
( ) Motivar auto-estima
( ) Inclusão social
( ) Multiplicar as lições aprendidas
( ) Exercer a cidadania
( ) Melhorar a qualidade da assistência as PVHA e prevenção das DST/Aids
( ) Formação profissional autônoma
( ) Conhecer a cidade
Caso haja necessidade em que você poderia contribuir para a realização do evento?
( ) credenciamento ( ) relatoria ( ) secretaria ( ) apoio de plenária ( ) mediação de mesas ( ) debatedor ( ) dinâmica de grupos ( ) recreação ( ) coordenação de oficina ( ) recepção ( ) assistente de sonorização
Você faz algum trabalho social? ( ) sim ( ) não
Que tipo? _________________________________________________________________________________________________________
Você participa de alguma ONG? ( ) sim ( ) não
Você gostaria de ser voluntária (a) do Instituto Vida Nova?
( ) sim ( ) não
Em qual função?
( ) assistência em domicilio ( ) prevenção ( ) manutenção de limpeza ( ) captação de recurso ( ) Atividades com Crianças
Na área da assistência ao tratamento HIV/aids; qual a sua critica ou sugestão?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Na área da prevenção das DST/Aids; qual a sua critica ou sugestão?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Para o próximo encontro você acha importante que sejam abordados os temas:
Religião ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Etnia ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Gênero ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Outros: _________________________________________________________________________________________________________
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
INFORMES IMPORTANTES:
1. Após o dia 26 de novembro os interessados deverão entrar em contato com a comissão organizadora para informação sobre as inscrições aprovada e local de saída dos ônibus.
2. Os apartamentos serão triplos, portanto não haverá privilégios para casais.
3. Despesa com transporte, hospedagem e alimentação será por conta do evento.
4. A organização do evento não cobrirá as despesas com frigobar, lavanderia e demais extras no hotel.
5. Somente após a lista de aprovados, será cobrada taxa de inscrição no valor de R$ 20,00 a ser paga no ato do embarque ao ônibus do evento.
6. Entrega de certificado estará condicionada a freqüência de participação em 100% e mediante a entrega da ficha de avaliação.
VIII – ENCONTRO RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
Programação Preliminar
1º DIA
Atividades de Integração
Mesa de Abertura
2º DIA
Eixo - Assistência:
Co-infecção
Saúde mental e AIDS
Medicamentos - Pré-exposição
Vivendo com Aids na melhor idade
População empobrecida e Aids
Novas Terapias ARV
Eixo - Comunicação
AIDS na Mídia
Jovem vivendo com HIV/AIDS na Mídia
Eixo - Prevenção
AIDS e Sífilis Congênita
Plano de Feminilização da AIDS
HSH - Homens que fazem sexo com homens
Circuncisão
Desafios para a prevenção no enfrentamento do combate a AIDS
3º DIA
Eixo - Controle Social
Cidadania
Intersetorialidade
Transversalidade
Política Internacional de AIDS - (UNGASS)
Congresso Internacional de AIDS-México
Eixo - Política Social
Meio Ambiente
Inclusão Social
Direitos Humanos
Oficinas de Geração de Renda
Experiências bem sucedidas em HIV/AIDS
Criminalização e Aids – Casos Verídicos
Eixo - Diversidade
Etnia, Gênero e Espiritualidade
8º - ENCONTRO DE RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
Com apoio do Programa Estadual e Municipal de DST/Aids o Instituto Vida Nova Integração Social Educação e Cidadania comunicam a realização do 8º - Encontro de Relações Humanas em HIV/Aids, a ser realizado na cidade de Atibaia – SP nos dias 5, 6 e 7 de dezembro de 2008.
A proposta do Encontro de Relações Humanas está norteada em fomentar a promoção da saúde, redução de danos, estimulando as PVHA a lutarem pelos seus direitos e deveres para a redução de estigma, preconceito, discriminação, inclusão social; visando à melhoria da qualidade de vida e com vistas para valorização da troca de experiência, fortalecimento das pessoas vivendo com HIV/AIDS para o exercício do Ativismo e Controle Social.
A partir da sua primeira edição em 2000 o Encontro de Relações Humanas tem possibilitado espaços amplos de discussões, atualização de informações, oficinas temáticas e ocupacionais; assim como na promoção da integração das pessoas vivendo e convivendo com HIV/Aids - PVHA e trazendo sempre temas de relevância com convidados de grande saber sobre o contexto da Aids na assistência, prevenção e pesquisas. Com isto a comissão organizadora a cada encontro tem a preocupação de superação no intuito de melhor e oferecer um evento qualificado que atenda aos anseios dos participantes.
Nesta oitava edição o tema eleito pela comissão organizadora é:
“Eu planto, Tu plantas, Ele planta. Nós Semeamos, Vós Regais, e Todos colhem”
Com isto queremos dizer que a luta contra a Aids é de todos, porém as PVHA são protagonistas neste processo onde acreditamos e esperamos uma maior integração, convivência, troca de experiência e inclusão cidadã nos conselhos de participação popular.
As despesas com hospedagem, alimentação e transporte da cidade de São Paulo a Atibaia serão por conta do evento. As pré-inscrições serão recebidas até o dia 25 de novembro, através do seguinte e-mail: ividanova@uol.com.br ou por correio em consonância com os critérios e autonomia adotada pela comissão organizadora.
Os participantes aprovados serão informados e orientados sobre os procedimentos de participação em meados de novembro. Será cobrada taxa de inscrição no valor de R$ 15,00 após a seleção das inscrições.
Comissão Organizadora
Rua Prof. Assis Veloso, 226 – São Miguel Pta. – São Paulo – SP. CEP. 08021-470 - Fone/Fax: 011 – 6297-1516 – 6956-9817
E-mail: ividanova@uol.com.br – Site: www.ividanova.org.br - CNPJ 03.855.787/0001-61
FICHA DE PRÉ INSCRIÇÃO
8º ENCONTRO DE RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
05 a 07/12/08 - Atibaia - SP
“Eu planto, Tu plantas, Ele planta;
Nós Semeamos, Vós regais, e “Todos colhem”
NOME COMPLETO:
NOME P/ CRACHÁ:
ENDEREÇO PESSOAL:
CIDADE:
CEP:
ESTADO:
TELEFONE FIXO
E-MAIL:
Identidade de Gênero:
( ) Masculino ( ) Feminino ( ) Transexual ( ) Travesti
Raça: ( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Índia ( ) Amarela
ONG
FUMANTE
SIM
( )
NÃO
( )
NECESSITA CUIDADOS ESPECIAIS DE SAÚDE?
SIM
NÃO
SE SIM, QUAIS:
Pessoa p/ contato em caso de emergencia:
Nome:
Tel.:
PRÉ-INSCRIÇÃO PARA OFICINAS DE GERAÇÃO DE RENDA
Vagas limitadas 40 participantes por oficina; assinale com um X uma das opções:
( ) Oficina de Customização (confecção de bolsas jeans)
( ) Oficina de Relógio de Parede em disco de vinil
Você é pessoa vivendo com HIV/AIDS?
( ) sim ( ) não ( ) não sabe
Qual a sua profissão/ocupação: _________________________________________________________________________________________________________
Faixa de idade de: 12 a 25 ( ) 26 a 35 ( ) 36 a 45 ( ) 46 a 55 ( ) 56a 70 ( )
Escolaridade: ( ) fundamental ( ) Médio ( ) superior
Quais benefícios você recebe?
( ) loas ( ) auxiliam doença ( ) aposentadoria ( ) isenção tarifaria ( ) nenhum
Quantas vezes você participou do Encontro de Relações Humanas?
( ) uma ( ) duas ( ) três ( ) quatro ( ) cinco ( ) seis ( ) sete ( ) primeira vez
Para você que já participou do Encontro de Relações Humanas no que ele acrescentou em sua vida pessoal e social?
( ) auto-estima ( ) inclusão em conselho gestor ( ) inclusão na RNP+ ( ) adesão aos medicamentos
( ) relação médico e paciente ( ) integração com a ONG ( ) integração com a família ( )Ativismo
O que você espera do Encontro de Relações Humanas?
( ) Adquirir novos conhecimentos
( ) Melhorar a adesão aos medicamentos e tratamento
( ) Fazer novas amizades
( ) Trocar experiências
( ) Motivar auto-estima
( ) Inclusão social
( ) Multiplicar as lições aprendidas
( ) Exercer a cidadania
( ) Melhorar a qualidade da assistência as PVHA e prevenção das DST/Aids
( ) Formação profissional autônoma
( ) Conhecer a cidade
Caso haja necessidade em que você poderia contribuir para a realização do evento?
( ) credenciamento ( ) relatoria ( ) secretaria ( ) apoio de plenária ( ) mediação de mesas ( ) debatedor ( ) dinâmica de grupos ( ) recreação ( ) coordenação de oficina ( ) recepção ( ) assistente de sonorização
Você faz algum trabalho social? ( ) sim ( ) não
Que tipo? _________________________________________________________________________________________________________
Você participa de alguma ONG? ( ) sim ( ) não
Você gostaria de ser voluntária (a) do Instituto Vida Nova?
( ) sim ( ) não
Em qual função?
( ) assistência em domicilio ( ) prevenção ( ) manutenção de limpeza ( ) captação de recurso ( ) Atividades com Crianças
Na área da assistência ao tratamento HIV/aids; qual a sua critica ou sugestão?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Na área da prevenção das DST/Aids; qual a sua critica ou sugestão?
__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Para o próximo encontro você acha importante que sejam abordados os temas:
Religião ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Etnia ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Gênero ( ) sim ( ) não
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
Outros: _________________________________________________________________________________________________________
Por quê? _________________________________________________________________________________________________________
INFORMES IMPORTANTES:
1. Após o dia 26 de novembro os interessados deverão entrar em contato com a comissão organizadora para informação sobre as inscrições aprovada e local de saída dos ônibus.
2. Os apartamentos serão triplos, portanto não haverá privilégios para casais.
3. Despesa com transporte, hospedagem e alimentação será por conta do evento.
4. A organização do evento não cobrirá as despesas com frigobar, lavanderia e demais extras no hotel.
5. Somente após a lista de aprovados, será cobrada taxa de inscrição no valor de R$ 20,00 a ser paga no ato do embarque ao ônibus do evento.
6. Entrega de certificado estará condicionada a freqüência de participação em 100% e mediante a entrega da ficha de avaliação.
VIII – ENCONTRO RELAÇÕES HUMANAS EM HIV/AIDS
Programação Preliminar
1º DIA
Atividades de Integração
Mesa de Abertura
2º DIA
Eixo - Assistência:
Co-infecção
Saúde mental e AIDS
Medicamentos - Pré-exposição
Vivendo com Aids na melhor idade
População empobrecida e Aids
Novas Terapias ARV
Eixo - Comunicação
AIDS na Mídia
Jovem vivendo com HIV/AIDS na Mídia
Eixo - Prevenção
AIDS e Sífilis Congênita
Plano de Feminilização da AIDS
HSH - Homens que fazem sexo com homens
Circuncisão
Desafios para a prevenção no enfrentamento do combate a AIDS
3º DIA
Eixo - Controle Social
Cidadania
Intersetorialidade
Transversalidade
Política Internacional de AIDS - (UNGASS)
Congresso Internacional de AIDS-México
Eixo - Política Social
Meio Ambiente
Inclusão Social
Direitos Humanos
Oficinas de Geração de Renda
Experiências bem sucedidas em HIV/AIDS
Criminalização e Aids – Casos Verídicos
Eixo - Diversidade
Etnia, Gênero e Espiritualidade
As alucinantes noites/dos camicases
As alucinantes noites
dos camicases
Um novo perfil de paciente chega ao consultório dos
infectologistas: jovens com menos de 25 anos que,
embalados por álcool e drogas, deixam a camisinha
de lado e se contaminam com o HIV
"Sempre soube da importância da camisinha. Minha mãe insistia para que eu nunca saísse de casa sem ela. Certa vez, na escola, uma professora demonstrou como usar o preservativo. Achei patético. Aquilo não era para mim. No fundo, achava que aids era coisa de gay. Aos 16 anos, no início da minha vida sexual, eu até usava camisinha, com medo de engravidar as meninas. Depois, desencanei por causa da bebida. Sob o efeito da cerveja e do uísque, aí é que a camisinha não saía mesmo do meu bolso. Meus amigos também agem assim. Há três semanas eu descobri que tenho o vírus HIV. É óbvio que eu tomei um susto. Mas agora estou mais tranqüilo. Daqui a uns dias vou começar a tomar o coquetel contra a aids. Sei que terei uma vida normal."
O relato do estudante paulistano A.K., de 21 anos, é aterrador. Impressiona pelo descaso com o sexo seguro e, agora, pelo modo como enfrenta a infecção pelo HIV. Ele não é uma exceção. Rapazes e moças como A.K. se tornaram figuras freqüentes nos consultórios dos grandes infectologistas brasileiros: jovens de classe média, com menos de 25 anos, contaminados pelo vírus da aids em baladas regadas a muito álcool e drogas. "Em 28 anos de consultório, nunca vi tamanho desdém pela proteção sexual", diz Artur Timerman, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. "E esse descaso é provocado pelo abuso de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes." Oficialmente, a ocorrência de aids entre os jovens de 13 a 24 anos mantém-se estável nos últimos cinco anos. Eles representam 10% do total de infectados no país a cada ano, o que equivale a cerca de 3.000 casos. "Mas é urgente que essa rapaziada mude de comportamento já", alerta o infectologista David Uip, do Hospital Sírio-Libanês. "Do contrário, prevejo uma explosão da contaminação por HIV entre os jovens." Até recentemente, os portadores do vírus com menos de 25 anos que chegavam ao consultório de Uip eram, no máximo, três por ano. De 2007 para cá, o médico passou a atender, em média, um paciente com o mesmo perfil por mês. "Estou estarrecido com a postura camicase desses garotos", afirma o infectologista.
Em algumas situações, o comportamento irresponsável adquire contornos suicidas. Comum entre os gays americanos desde os anos 90, vem ganhando força no Brasil a prática do bare-backing, em que homossexuais masculinos se expõem voluntariamente ao vírus da aids em relações sem proteção. A expressão barebacking pode ser traduzida como "cavalgada sem sela". Nessa roleta-russa da aids, um portador do HIV é chamado a participar de uma orgia. Ele pode ou não receber dinheiro por isso. Quando é contratado, o valor fica em torno de 3.000 reais. Batizado de "gift" (presente, em inglês), o soropositivo não é identificado. Todos os outros convidados, porém, sabem que na festinha há pelo menos um portador do HIV – e se divertem com o risco de ser infectados. Essa maluquice é protagonizada, em geral, por homens de 16 a 30 anos. Aos 48 anos, R.F. está contaminado há quinze. Já participou de uma dezena de barebackings. Num deles, foi o "presente", mas pediu para ser identificado. "Apesar do lenço vermelho amarrado no braço, o que denunciava o HIV, muitos quiseram ter relações comigo sem camisinha", conta R.F.
As drogas que alavancam o comportamento sexual irresponsável – tanto de homossexuais como de heterossexuais – podem ser pesadíssimas. Além da onipresente cocaína, consome-se bastante o chamado special K, um anestésico de cavalo com efeito alucinógeno arrebatador. Outra droga que começa a despontar no Brasil é o crystal. Derivado da anfetamina, ele é muito comum nas festas gays. Nos Estados Unidos, onde o seu uso está amplamente disseminado, o crystal é alvo de campanhas antiaids por favorecer enormemente o sexo sem proteção. Um estudo publicado no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes mostra que o crystal aumenta em 46% o risco de infecção pelo HIV. O álcool, por sua vez, quando consumido em excesso, quintuplica a probabilidade de um jovem fazer sexo sem proteção. Com a palavra a gaúcha C.A., secretária de 28 anos:
"O abuso de bebida na adolescência me levou a ter aids. Quando completei 18 anos, conheci um cara que adorava beber e eu passei a acompanhá-lo nas bebedeiras. A partir do nosso terceiro encontro, abandonei o preservativo. O álcool distorcia a minha visão da realidade. Dois meses depois do início do relacionamento, nós nos separamos. Sete anos mais tarde, por causa de uma febre alta que não cedia, descobri que estava com aids. Desconfio que peguei a doença daquele namorado. Mas não tenho certeza porque depois dele voltei a fazer sexo sem proteção. Infelizmente, existe a possibilidade de eu ter infectado outras pessoas sem saber".
Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revela que 44% dos brasileiros recém-diagnosticados com HIV (14.000 pessoas ao ano, segundo as estatísticas oficiais) só descobrem a infecção com a manifestação dos primeiros sintomas da doença, como aconteceu com a secretária C.A. Em média, da infecção aos primeiros sinais da doença transcorrem sete anos. Ou seja, ao longo de todo esse período, homens e mulheres infectados podem pôr a vida de outras pessoas em risco – além da sua própria. Graças à evolução dos coquetéis de remédios, os jovens de hoje formam a primeira geração que não presenciou a devastação causada pelo HIV nos anos 80. "Para essa juventude, a aids parece ser uma realidade distante", diz o sanitarista Alexandre Grangeiro, coordenador do trabalho da USP. "Além disso, como os retrovirais estão mais eficazes, os jovens superestimam os efeitos dos medicamentos e acreditam que podem tratar a aids como um mal crônico qualquer." De fato, tais remédios têm tudo para garantir uma longa vida ao jovem A.K., o estudante de 21 anos que acaba de se descobrir portador do HIV. A "normalidade" que ele imagina, no entanto, é uma ilusão. Apesar de todos os progressos na área farmacêutica, conviver com o HIV não é tão simples assim. Os remédios só fazem efeito se tomados à risca, apresentam efeitos colaterais desagradáveis e a quantidade pode chegar a nove comprimidos diários. O melhor é não ter de tomá-los. Muito melhor é ter responsabilidade.
dos camicases
Um novo perfil de paciente chega ao consultório dos
infectologistas: jovens com menos de 25 anos que,
embalados por álcool e drogas, deixam a camisinha
de lado e se contaminam com o HIV
"Sempre soube da importância da camisinha. Minha mãe insistia para que eu nunca saísse de casa sem ela. Certa vez, na escola, uma professora demonstrou como usar o preservativo. Achei patético. Aquilo não era para mim. No fundo, achava que aids era coisa de gay. Aos 16 anos, no início da minha vida sexual, eu até usava camisinha, com medo de engravidar as meninas. Depois, desencanei por causa da bebida. Sob o efeito da cerveja e do uísque, aí é que a camisinha não saía mesmo do meu bolso. Meus amigos também agem assim. Há três semanas eu descobri que tenho o vírus HIV. É óbvio que eu tomei um susto. Mas agora estou mais tranqüilo. Daqui a uns dias vou começar a tomar o coquetel contra a aids. Sei que terei uma vida normal."
O relato do estudante paulistano A.K., de 21 anos, é aterrador. Impressiona pelo descaso com o sexo seguro e, agora, pelo modo como enfrenta a infecção pelo HIV. Ele não é uma exceção. Rapazes e moças como A.K. se tornaram figuras freqüentes nos consultórios dos grandes infectologistas brasileiros: jovens de classe média, com menos de 25 anos, contaminados pelo vírus da aids em baladas regadas a muito álcool e drogas. "Em 28 anos de consultório, nunca vi tamanho desdém pela proteção sexual", diz Artur Timerman, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. "E esse descaso é provocado pelo abuso de bebidas alcoólicas e substâncias entorpecentes." Oficialmente, a ocorrência de aids entre os jovens de 13 a 24 anos mantém-se estável nos últimos cinco anos. Eles representam 10% do total de infectados no país a cada ano, o que equivale a cerca de 3.000 casos. "Mas é urgente que essa rapaziada mude de comportamento já", alerta o infectologista David Uip, do Hospital Sírio-Libanês. "Do contrário, prevejo uma explosão da contaminação por HIV entre os jovens." Até recentemente, os portadores do vírus com menos de 25 anos que chegavam ao consultório de Uip eram, no máximo, três por ano. De 2007 para cá, o médico passou a atender, em média, um paciente com o mesmo perfil por mês. "Estou estarrecido com a postura camicase desses garotos", afirma o infectologista.
Em algumas situações, o comportamento irresponsável adquire contornos suicidas. Comum entre os gays americanos desde os anos 90, vem ganhando força no Brasil a prática do bare-backing, em que homossexuais masculinos se expõem voluntariamente ao vírus da aids em relações sem proteção. A expressão barebacking pode ser traduzida como "cavalgada sem sela". Nessa roleta-russa da aids, um portador do HIV é chamado a participar de uma orgia. Ele pode ou não receber dinheiro por isso. Quando é contratado, o valor fica em torno de 3.000 reais. Batizado de "gift" (presente, em inglês), o soropositivo não é identificado. Todos os outros convidados, porém, sabem que na festinha há pelo menos um portador do HIV – e se divertem com o risco de ser infectados. Essa maluquice é protagonizada, em geral, por homens de 16 a 30 anos. Aos 48 anos, R.F. está contaminado há quinze. Já participou de uma dezena de barebackings. Num deles, foi o "presente", mas pediu para ser identificado. "Apesar do lenço vermelho amarrado no braço, o que denunciava o HIV, muitos quiseram ter relações comigo sem camisinha", conta R.F.
As drogas que alavancam o comportamento sexual irresponsável – tanto de homossexuais como de heterossexuais – podem ser pesadíssimas. Além da onipresente cocaína, consome-se bastante o chamado special K, um anestésico de cavalo com efeito alucinógeno arrebatador. Outra droga que começa a despontar no Brasil é o crystal. Derivado da anfetamina, ele é muito comum nas festas gays. Nos Estados Unidos, onde o seu uso está amplamente disseminado, o crystal é alvo de campanhas antiaids por favorecer enormemente o sexo sem proteção. Um estudo publicado no Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes mostra que o crystal aumenta em 46% o risco de infecção pelo HIV. O álcool, por sua vez, quando consumido em excesso, quintuplica a probabilidade de um jovem fazer sexo sem proteção. Com a palavra a gaúcha C.A., secretária de 28 anos:
"O abuso de bebida na adolescência me levou a ter aids. Quando completei 18 anos, conheci um cara que adorava beber e eu passei a acompanhá-lo nas bebedeiras. A partir do nosso terceiro encontro, abandonei o preservativo. O álcool distorcia a minha visão da realidade. Dois meses depois do início do relacionamento, nós nos separamos. Sete anos mais tarde, por causa de uma febre alta que não cedia, descobri que estava com aids. Desconfio que peguei a doença daquele namorado. Mas não tenho certeza porque depois dele voltei a fazer sexo sem proteção. Infelizmente, existe a possibilidade de eu ter infectado outras pessoas sem saber".
Um estudo conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo revela que 44% dos brasileiros recém-diagnosticados com HIV (14.000 pessoas ao ano, segundo as estatísticas oficiais) só descobrem a infecção com a manifestação dos primeiros sintomas da doença, como aconteceu com a secretária C.A. Em média, da infecção aos primeiros sinais da doença transcorrem sete anos. Ou seja, ao longo de todo esse período, homens e mulheres infectados podem pôr a vida de outras pessoas em risco – além da sua própria. Graças à evolução dos coquetéis de remédios, os jovens de hoje formam a primeira geração que não presenciou a devastação causada pelo HIV nos anos 80. "Para essa juventude, a aids parece ser uma realidade distante", diz o sanitarista Alexandre Grangeiro, coordenador do trabalho da USP. "Além disso, como os retrovirais estão mais eficazes, os jovens superestimam os efeitos dos medicamentos e acreditam que podem tratar a aids como um mal crônico qualquer." De fato, tais remédios têm tudo para garantir uma longa vida ao jovem A.K., o estudante de 21 anos que acaba de se descobrir portador do HIV. A "normalidade" que ele imagina, no entanto, é uma ilusão. Apesar de todos os progressos na área farmacêutica, conviver com o HIV não é tão simples assim. Os remédios só fazem efeito se tomados à risca, apresentam efeitos colaterais desagradáveis e a quantidade pode chegar a nove comprimidos diários. O melhor é não ter de tomá-los. Muito melhor é ter responsabilidade.
25/09/2008
DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE ATENÇÃO Á SAÚDE
DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS
AREA TÉCNICA DE SAÚDE MENTAL
Mensagem Eletrônica Circular nº. 020 Brasília, 15 de setembro de 2008
Assunto: DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTA - 10 DE OUTUBRO DE 2008
DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL
10 DE OUTUBRO DE 2008
Neste ano, a Organização Mundial da Saúde traz para o centro dos debates do Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado no dia 10 de outubro, a questão da lacuna entre a demanda provocada pelos transtornos mentais e os recursos financeiros, humanos e de serviços disponíveis para atendê-la. O tema será: “Saúde Mental como prioridade: melhoria dos serviços com participação social e cidadania.” Com isso, espera-se fortalecer o compromisso dos países no sentido de elevar a oferta de ações e serviços, melhorando a atenção e reduzindo iniqüidades.
2. Na mesma data, a Federação Mundial de Saúde Mental organizará iniciativas diversas para promover o protagonismo da cidadania para a efetiva melhora dos serviços.
3. O objetivo maior desses movimentos é colocar ênfase na necessidade de fazer da saúde mental uma prioridade na política dos diversos países.
4. No Brasil, a Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde propõe o debate sobre a ampliação do acesso à atenção, com foco nas ações da saúde mental na atenção básica e na organização das redes articuladas de saúde. Na oportunidade será realizado um debate sobre o tema, bem como serão apresentadas algumas experiências exitosas de municípios brasileiros que lidam com esses desafios de formas mais efetivas.
5. A data será marcada em Brasília por um evento aberto aos interessados, no dia 10 de outubro, no Auditório Emílio Ribas do Ministério da Saúde. A programação será enviada em tempo oportuno. O evento será também transmitido em tempo real.
6. Convidamos os estados e municípios a se organizarem, promovendo debates sobre o tema proposto pela OMS, reafirmando assim o compromisso com os avanços da atenção em saúde mental de qualidade no SUS.
7. É importante que a data seja comemorada em todos os estados, com ampla convocação de trabalhadores, usuários, familiares, ONGs e todas as pessoas interessadas na melhora da oferta de serviços públicos na área de saúde mental.
Em anexo, seguem documentos divulgados pela OMS para subsidiar os debates.
Saudações cordiais,
KARIME DA FONSECA PÔRTO
Área Técnica de Saúde Mental
DAPES/SAS/MS
Para mais informações: saudemental@saude.gov.br
CLEIDE APARECIDA DE SOUZA
Secretaria
DAPES/SAS/MS
Área Técnica de Saúde Mental
Bloco "G" Edifício SEDE 6º Andar Sala 603
Esplanada dos Ministérios
Ministério da Saúde
CEP: 70058-900
Brasília/DF
CONTATOS:
(61) 3315 2313 PABX
(61) 3315.3415/3978
(61) 3315-2655
(61) 3315-3319/3919
(61) 3315 3920 (fax)
saudemental@saude.gov.br
www.saude.gov.br/bvs/saudemental
SECRETARIA DE ATENÇÃO Á SAÚDE
DEPARTAMENTO DE AÇÕES PROGRAMÁTICAS ESTRATÉGICAS
AREA TÉCNICA DE SAÚDE MENTAL
Mensagem Eletrônica Circular nº. 020 Brasília, 15 de setembro de 2008
Assunto: DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTA - 10 DE OUTUBRO DE 2008
DIA MUNDIAL DA SAÚDE MENTAL
10 DE OUTUBRO DE 2008
Neste ano, a Organização Mundial da Saúde traz para o centro dos debates do Dia Mundial da Saúde Mental, comemorado no dia 10 de outubro, a questão da lacuna entre a demanda provocada pelos transtornos mentais e os recursos financeiros, humanos e de serviços disponíveis para atendê-la. O tema será: “Saúde Mental como prioridade: melhoria dos serviços com participação social e cidadania.” Com isso, espera-se fortalecer o compromisso dos países no sentido de elevar a oferta de ações e serviços, melhorando a atenção e reduzindo iniqüidades.
2. Na mesma data, a Federação Mundial de Saúde Mental organizará iniciativas diversas para promover o protagonismo da cidadania para a efetiva melhora dos serviços.
3. O objetivo maior desses movimentos é colocar ênfase na necessidade de fazer da saúde mental uma prioridade na política dos diversos países.
4. No Brasil, a Área Técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde propõe o debate sobre a ampliação do acesso à atenção, com foco nas ações da saúde mental na atenção básica e na organização das redes articuladas de saúde. Na oportunidade será realizado um debate sobre o tema, bem como serão apresentadas algumas experiências exitosas de municípios brasileiros que lidam com esses desafios de formas mais efetivas.
5. A data será marcada em Brasília por um evento aberto aos interessados, no dia 10 de outubro, no Auditório Emílio Ribas do Ministério da Saúde. A programação será enviada em tempo oportuno. O evento será também transmitido em tempo real.
6. Convidamos os estados e municípios a se organizarem, promovendo debates sobre o tema proposto pela OMS, reafirmando assim o compromisso com os avanços da atenção em saúde mental de qualidade no SUS.
7. É importante que a data seja comemorada em todos os estados, com ampla convocação de trabalhadores, usuários, familiares, ONGs e todas as pessoas interessadas na melhora da oferta de serviços públicos na área de saúde mental.
Em anexo, seguem documentos divulgados pela OMS para subsidiar os debates.
Saudações cordiais,
KARIME DA FONSECA PÔRTO
Área Técnica de Saúde Mental
DAPES/SAS/MS
Para mais informações: saudemental@saude.gov.br
CLEIDE APARECIDA DE SOUZA
Secretaria
DAPES/SAS/MS
Área Técnica de Saúde Mental
Bloco "G" Edifício SEDE 6º Andar Sala 603
Esplanada dos Ministérios
Ministério da Saúde
CEP: 70058-900
Brasília/DF
CONTATOS:
(61) 3315 2313 PABX
(61) 3315.3415/3978
(61) 3315-2655
(61) 3315-3319/3919
(61) 3315 3920 (fax)
saudemental@saude.gov.br
www.saude.gov.br/bvs/saudemental
HIV aumenta entre usuários de drogas injetáveis
HIV aumenta entre usuários de drogas injetáveis
Estudo da ONU publicado hoje em revista científica britânica mostra queaumento se concentra principalmente em países em desenvolvimentoViena e Brasília, 24 de setembro de 2008 Um estudo publicado hoje pelarevista científica britânica The Lancet estima que quase 16 milhões depessoas usam drogas injetáveis em todo o mundo.
Quase 40% dos usuáriosdesse tipo de drogas vivem na China, Rússia e Estados Unidos. Em algunspaíses de renda média e baixa, mais de 40% dos usuários de drogasinjetáveis são soropositivos.O estudo, realizado pelo Grupo de Referência da ONU sobre o HIV e o consumode drogas injetáveis, revisou aproximadamente 11 mil documentos publicados,como relatórios governamentais e não-governamentais, bem como consultas comespecialistas em HIV do mundo todo. O grupo de especialistas fornececonsultoria técnica independente para as agencias especializadas da ONU quetrabalham com temas como uso de drogas injetáveis e HIV, entre elas oEscritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização Mundial deSaúde (OMS) e o Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids (UNAIDS).O relatório lança o alerta de que a real dimensão do problema do HIVrelacionado ao uso de drogas injetáveis ainda é desconhecida: "os dados queexistem hoje estão longe de serem suficientes, em qualidade e quantidade,considerando, sobretudo, a crescente importância do consumo de drogasinjetáveis como meio de transmissão do vírus do HIV em muitas regiões². Ospaíses que estão em risco muitas vezes não relatam o problema por exemploalguns na África e do Oriente Médio. Na Ásia, há pouca avaliação do impactona propagação do HIV de uma crescente epidemia de metanfetamina. Por isso,o Grupo Referência fez um chamado para que seja reforçada a capacidadetécnica dos países para monitorar a questão.Os especialistas também fizeram um apelo para que as atividades deprevenção ao HIV dêem mais cobertura às populações que usam drogasinjetáveis, como programas que reduzam os riscos do compartilhamento deagulhas e seringas, o tratamento de substituição por substâncias químicas(como metadona) e mais tratamento e cuidados àqueles que vivem com HIV."Criar um ambiente favorável para prover serviços a quem vive com HIVcontinua sendo um grande desafio para governos e sociedade civil em muitospaíses², disse o Coordenador Global de HIV/Aids do UNODC, Christian Kroll.Para mais informações sobre o Grupo de Referência das Nações Unidas sobre oHIV e o uso de drogas injetáveis (site em inglês): www.idurefgroup.comMais informações:Carolina Gomma de AzevedoAssessora de ComunicaçãoEscritório das Nações Unidas sobre Drogas e CrimeUNODC - Brasil e Cone SulTel: +55 61 3204 7206Cel: + 55 61 8143 4654Carolina.azevedo@unodc.orgwww.unodc.org.br
Estudo da ONU publicado hoje em revista científica britânica mostra queaumento se concentra principalmente em países em desenvolvimentoViena e Brasília, 24 de setembro de 2008 Um estudo publicado hoje pelarevista científica britânica The Lancet estima que quase 16 milhões depessoas usam drogas injetáveis em todo o mundo.
Quase 40% dos usuáriosdesse tipo de drogas vivem na China, Rússia e Estados Unidos. Em algunspaíses de renda média e baixa, mais de 40% dos usuários de drogasinjetáveis são soropositivos.O estudo, realizado pelo Grupo de Referência da ONU sobre o HIV e o consumode drogas injetáveis, revisou aproximadamente 11 mil documentos publicados,como relatórios governamentais e não-governamentais, bem como consultas comespecialistas em HIV do mundo todo. O grupo de especialistas fornececonsultoria técnica independente para as agencias especializadas da ONU quetrabalham com temas como uso de drogas injetáveis e HIV, entre elas oEscritório da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC), a Organização Mundial deSaúde (OMS) e o Programa Conjunto da ONU sobre HIV/Aids (UNAIDS).O relatório lança o alerta de que a real dimensão do problema do HIVrelacionado ao uso de drogas injetáveis ainda é desconhecida: "os dados queexistem hoje estão longe de serem suficientes, em qualidade e quantidade,considerando, sobretudo, a crescente importância do consumo de drogasinjetáveis como meio de transmissão do vírus do HIV em muitas regiões². Ospaíses que estão em risco muitas vezes não relatam o problema por exemploalguns na África e do Oriente Médio. Na Ásia, há pouca avaliação do impactona propagação do HIV de uma crescente epidemia de metanfetamina. Por isso,o Grupo Referência fez um chamado para que seja reforçada a capacidadetécnica dos países para monitorar a questão.Os especialistas também fizeram um apelo para que as atividades deprevenção ao HIV dêem mais cobertura às populações que usam drogasinjetáveis, como programas que reduzam os riscos do compartilhamento deagulhas e seringas, o tratamento de substituição por substâncias químicas(como metadona) e mais tratamento e cuidados àqueles que vivem com HIV."Criar um ambiente favorável para prover serviços a quem vive com HIVcontinua sendo um grande desafio para governos e sociedade civil em muitospaíses², disse o Coordenador Global de HIV/Aids do UNODC, Christian Kroll.Para mais informações sobre o Grupo de Referência das Nações Unidas sobre oHIV e o uso de drogas injetáveis (site em inglês): www.idurefgroup.comMais informações:Carolina Gomma de AzevedoAssessora de ComunicaçãoEscritório das Nações Unidas sobre Drogas e CrimeUNODC - Brasil e Cone SulTel: +55 61 3204 7206Cel: + 55 61 8143 4654Carolina.azevedo@unodc.orgwww.unodc.org.br
23/09/2008
EPIDEMIA DO CRAK
Prezados e Prezadas
Formadores e Formadoras de opinião.
Gestores de Saúde Pública e outras áreas afins
Durante esta semana a Rede Globo, fará no Jornal da Globo uma série de reportagens sobre a Epidemia do Crak. A nível de Maranhão ainda que não se tenha um uso elevado de crak, vale resaltar que não há um precisão entre o que mais danoso a saúde pisquica e orgânica, além da interações, complicações sociais entre o Crak e a Merla.
Ontem na abertura o Presidente Nacioanl do Secretarios de Saúde destacava a importância da política de Saúde Mental e os CAPS para o atendimento da demanda. Em outro momento o Ministério da Saúde fazia sua incorrência de que não há uma epidemia de Crak, mas logo em seguida Drª Andreia Domânico, Psicologa, Antropologa, e redutora de danos (também integra o Minsterio da Saúde através do PNHV e a UFBA) que muita propriedade de causa atestava sim a epidemia do Crak. Estas informações você podem conferir no link que dá acesso direto incluissive com os vídeos. Na quinta-feira, dia 25 de setembro, será transmitida a reportagem realizada com a Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti- (ARD-FC/FAMED/UFBA) A reportagem foi realizada com técnicos da instituição e pessoas assistidas pelo projeto no centro Histórico de Salvador.
Encaminhei sugestão de reportagem a Rede Globo sobre o fenômeno Merla no Maranhão. Mas como a materia central é sobre Crak acho pouco provável que seja inserido. O motivo da sugestão do conteúdo Merla é que ele é pouco explorado no cenário Nacional e creio que muitos dos envolvidos também não sabem fazer esta diferença. Confudem-se sobre quais efeitos são mais devastadores, se são o da merla ou ou do Crak. Ai neste cenário cada um defende seu território. Conheço pessoas que usam Crak, tentando fazer uso de merla acabaram em prontos socorros. Outros dizem sim que o Crak é mais devastador, outros dizem que é aMerla. Também preciso de mais estudo para poder fazer minha definição.
No painel de sugestão tem muita coisa boa para ser lida, várias colocações: donos da razão, usuários, ex-usuários, questões de cunho só religioso, questões de saúde e outras, uma das coisas que me chamou atenção é o fato dos próprios usuários se manifestarem e confirma o trânsito do sexo com as drogas e as vulnerabilidaes com relação as DST/Hiv/Aids. Isto também é pouco trabalhado no geral.
Vale apena assitir durante a semana no Jornal da Globo e conferir conforme link abaixo.
Espero que nossos horizontes sejam ampliados e que nossas vissões não seja unicamente em pró de nossos PRÉ-CEITOS(preceito) ou PRÉ-CONCEITOS(preconceito).
Patrício Barros
abaixo, agora é conteúdo da Rede Globo.
.ExternalClass .EC_hmmessage P
{padding:0px;}
.ExternalClass body.EC_hmmessage
{font-size:10pt;font-family:Tahoma;}
http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MRP769961-16021,00.html
O Portal de Notícias da Globo
22/09/08 - 23h52 - Atualizado em 23/09/08 - 03h37
Especial: Epidemia do CrackUm série de reportagens revela como a droga se espalha de forma silenciosa pelo interior do Brasil. A primeira delas mostra trabalhadores rurais no Paraná que usam o crack como forma de doping.
Tiago Eltz - reportagem
Patrícia Carvalho - edição
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Participe no nosso fórum para discutir a Epidemia do Crack no Brasil. Dê a sua opinião, o seu testemunho e a sua sugestão para combater o problema. Três horas da tarde de uma quarta-feira tranqüila em Paranavaí. A rotina pacata da cidade do interior do Paraná não resiste a uma olhada mais atenta. Com uma câmera escondida nos aproximamos do homem que aparentemente aprecia a tarde sentado na praça. A pergunta é seca, sem rodeios. - “Ou véio,.. beleza. Sabe onde pode arrumar uma pedra aí?” - “Pedra?” - “É” - “Tô ligado não...” O rapaz desconfia das pessoas que nunca tinha visto, faz algumas perguntas, e acaba cedendo. - “Quanto você ia catar?” - “Ah, umas duas pedras”. Nosso produtor pergunta se é possível também comprar maconha. A resposta do traficante, é a síntese do que aconteceu na cidade. - “Maconha não tem, só tem a pedra mano, joga o troco ali que eu pego lá procê lá do outro lado”. - “Quanto tá fera?” - “Deizão cada uma...” Quando o homem sai para buscar a droga, desistimos da compra. Paranavaí fica no noroeste do Paraná, distante 500 quilômetros de Curitiba. Vive da agricultura e da pecuária e tem aproximadamente 75 mil habitantes, que nos últimos quatro anos viram perplexos a popularização do crack. Sem alarde, a pedra foi ganhando a preferência de usuários de outras drogas. “Não tinha tanto, eram poucos que tinham”, conta um usuário. JG: Hoje quem quiser comprar acha fácil? “É dois palito, hein? É mais fácil que pão”. No Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde alerta para uma epidemia. Só no Rio Grande do Sul estima-se que a cada mil habitantes existam cinco usuários. “A gente tem trabalhar isso como se fosse uma epidemia de dengue, que quando dá os surtos faltam leitos, faltam estruturas, ambulatórios e tal. A mesma coisa, com essa subida do crack, nós temos que organizar o sistema se saúde mental, multiplicar e depois garantir que essa pessoa seja acompanhada. Não se pode perder de vista o dependente”, alerta Osmar Terra, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde. O Ministério da Saúde reconhece que o crack se alastrou, mas nega que haja uma epidemia. “Eu acho que o consumo tem mais se alastrado por outras regiões do país, por regiões que não existiam, como por exemplo, interior do nordeste, e outras cidades no interior dos estados e que não acontecia antes. Então eu acho que isto tem um aumento de consumo, mas eu acho que tem que ser bastante cauteloso ao se falar de uma epidemia”, fala Francisco Cordeiro, assistente Saúde Mental – Ministério da Saúde. “Há uma epidemia de crack. Se você considerar que epidemia é um número de casos de uma determinada doença, num determinado local, você vai pegar cidades onde você vê crescer assustadoramente o consumo de crack”, diz Andrea Domanico, psicóloga e doutora pela UFBA. Nas cidades do interior, os centros de atenção aos dependentes de álcool e drogas viraram o termômetro dos efeitos do crack. “Ele pode ter passado por diversas drogas, mas foi o crack que fez com que ele buscasse algum tipo de ajuda", alega Carla Amaral Barros, psicóloga. Aqui vemos ir por terra uma idéia bastante difundida. A de que o crack se espalha por ser uma droga barata. Na verdade o crack custa tudo o que o viciado tiver. “Um cara chegou uma vez com um perfume pela metade, e me falou: me dá uma aí, só uma. Aquele desespero que faltava chorar. Eu falei que não ia pegar o perfume. Ele falou: então espera um pouco. Depois ele voltou com uma caixa de correio. Eu falei que não ia pegar a caixa do correio. Ele voltou pra trás e voltou com um quadro de bicicleta. Eu dei uma no quadro de bicicleta. Ele foi, demorou uns 15 minutos e voltou com o pneu da bicicleta. Eu falei que não ia pegar o pneu da bicicleta. Aí eu falei pra ele: eu preciso de um DVD. Ele demorou meia hora, mas voltou com o DVD”, conta o jovem. Histórias que se repetem nas esquinas da cidade. Ainda é dia quando flagramos um garoto mostrando um ferro de passar roupa para várias pessoas. As conversas são em volta do banheiro público do terminal de ônibus da cidade. Um conhecido ponto de uso de crack. Mas nem todos se abrigam no banheiro para consumir a droga, principalmente à noite. Uma garota senta encostada em uma parede. Calmamente prepara o cachimbo e acende a pedra. Ao lado dela, outra pessoa também usa a droga. Quando se levanta, percebemos que é o mesmo garoto que chegou no final da tarde, agora sem o ferro de passar. Outro jovem nem se da ao trabalho de procurar um lugar escondido. Fuma no ponto de ônibus, enquanto carros e motos passam na frente. Depois tranquilamente joga a lata fora. Quem tenta escapar do vício chega a procurar as cidades do interior como refúgio. “Eu vim embora pra cá de volta, porque cidade pequena, a gente tem mais chance de parar, né?”, conta um dependente. O cenário é dos mais inusitados. Longe das cidades o crack rompeu uma barreira impressionante. Abriu caminho na roça propriamente dita e chegou nas lavouras de mandioca no interior do Paraná. A droga virou o combustível trágico pra gente que vive de um trabalho pesado. “Eu usava mais pra dar potência, pra trabalhar, pra render mais o serviço, né?”, conta um trabalhador “Se é pra gente arrancar hoje 10 toneladas de mandioca, a gente arrancava 20. Eu sentia uma energia, uma força, vontade mais ganância de saber que de tarde ganhava mais dinheiro”, fala outro. Trabalhadores rurais que preferem não se identificar dizem não usar a droga, mas testemunharam o avanço do crack nos tempos de colheita. Assim como o proprietário da fazenda: “O ano passado a gente até assustou com a quantidade de casos que teve. De 60 a 80%, na colheita é...”, conta. Homens que passaram a trabalhar como zumbis. “A pessoa tando com isto aí, pode se machucar, pode se cortar, não sente dor, é um anestesiante”, fala o trabalhador “O sol pode estar 200 graus e eles não tão nem aí. E o rendimento deles é bem maior que o dos outros. Quando estão drogados”, fala o proprietário. Mas eles rapidamente descobriram o preço que a droga cobra. “Se ele faz um tanto de serviço, num dia, no outro dia já faz menos, vai caindo, vai caindo. Já não anima mais, fuma, fuma, fuma pra voltar ao normal, mas não volta”, diz o trabalhador. Mesmo a distância da cidade não atrapalha a chegada da droga. Os traficantes vão onde os possíveis clientes estiveram, como conta um dono de terras. “A gente vê oferecer o dinheiro vir na cidade buscar, porque já acabou, porque senão eles não consegue completar o dia. A gente fica assustado porque nós temos filhos pequenos, a gente não sabe o que pode acontecer”, declara. Ao invés das brincadeiras ou do esporte, que deveriam ser comuns na infância e na adolescência, muros altos e cercas de arame farpado. Instituições que abrigam jovens que cometeram crimes passaram a ficar cheias de usuários de crack. Isso por causa de um dos principais impactos sociais da droga, a violência. Em uma dessas casas em Campo Mourão estão internados adolescentes de 12 e 13 anos que cometeram assaltos e roubos, e jovens mais velhos, de 17, 18 anos que cometeram homicídios. Quase todos eles eram usuários de crack. “Morreram bastante, só que eu conheci morreram 32 rapazes assassinados, todos envolvidos no crack, às vezes estavam devendo...”, conta um dependente. Quem luta contra a expansão do crack não tem encontrado muitos motivos pra otimismo. “Primeira coisa para trabalhar com isso, a gente tem que ter muita resistência à frustração, muita. Não dá para criar uma expectativa muito alta em relação à essas pessoas, à esses usuários", declara Carla Amaral Barros, psicóloga. Decepções que, nas palavras de um usuário, desafiam nossa capacidade de reação. “Hoje o crack tá solta a vontade, alastrado. Posso te dizer assim, alastrado mesmo e a tendência é só crescer. Eu acabo, mas o crack não acaba”, fala. Participe no nosso fórum para discutir a Epidemia do Crack no Brasil. Dê a sua opinião, o seu testemunho e a sua sugestão para combater o problema. E amanhã você vai ver: Como o crack age no organismo e porque causa uma dependência tão forte a ponto de provocar nas famílias atitudes extremas para conter os viciados.
Formadores e Formadoras de opinião.
Gestores de Saúde Pública e outras áreas afins
Durante esta semana a Rede Globo, fará no Jornal da Globo uma série de reportagens sobre a Epidemia do Crak. A nível de Maranhão ainda que não se tenha um uso elevado de crak, vale resaltar que não há um precisão entre o que mais danoso a saúde pisquica e orgânica, além da interações, complicações sociais entre o Crak e a Merla.
Ontem na abertura o Presidente Nacioanl do Secretarios de Saúde destacava a importância da política de Saúde Mental e os CAPS para o atendimento da demanda. Em outro momento o Ministério da Saúde fazia sua incorrência de que não há uma epidemia de Crak, mas logo em seguida Drª Andreia Domânico, Psicologa, Antropologa, e redutora de danos (também integra o Minsterio da Saúde através do PNHV e a UFBA) que muita propriedade de causa atestava sim a epidemia do Crak. Estas informações você podem conferir no link que dá acesso direto incluissive com os vídeos. Na quinta-feira, dia 25 de setembro, será transmitida a reportagem realizada com a Aliança de Redução de Danos Fátima Cavalcanti- (ARD-FC/FAMED/UFBA) A reportagem foi realizada com técnicos da instituição e pessoas assistidas pelo projeto no centro Histórico de Salvador.
Encaminhei sugestão de reportagem a Rede Globo sobre o fenômeno Merla no Maranhão. Mas como a materia central é sobre Crak acho pouco provável que seja inserido. O motivo da sugestão do conteúdo Merla é que ele é pouco explorado no cenário Nacional e creio que muitos dos envolvidos também não sabem fazer esta diferença. Confudem-se sobre quais efeitos são mais devastadores, se são o da merla ou ou do Crak. Ai neste cenário cada um defende seu território. Conheço pessoas que usam Crak, tentando fazer uso de merla acabaram em prontos socorros. Outros dizem sim que o Crak é mais devastador, outros dizem que é aMerla. Também preciso de mais estudo para poder fazer minha definição.
No painel de sugestão tem muita coisa boa para ser lida, várias colocações: donos da razão, usuários, ex-usuários, questões de cunho só religioso, questões de saúde e outras, uma das coisas que me chamou atenção é o fato dos próprios usuários se manifestarem e confirma o trânsito do sexo com as drogas e as vulnerabilidaes com relação as DST/Hiv/Aids. Isto também é pouco trabalhado no geral.
Vale apena assitir durante a semana no Jornal da Globo e conferir conforme link abaixo.
Espero que nossos horizontes sejam ampliados e que nossas vissões não seja unicamente em pró de nossos PRÉ-CEITOS(preceito) ou PRÉ-CONCEITOS(preconceito).
Patrício Barros
abaixo, agora é conteúdo da Rede Globo.
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http://g1.globo.com/jornaldaglobo/0,,MRP769961-16021,00.html
O Portal de Notícias da Globo
22/09/08 - 23h52 - Atualizado em 23/09/08 - 03h37
Especial: Epidemia do CrackUm série de reportagens revela como a droga se espalha de forma silenciosa pelo interior do Brasil. A primeira delas mostra trabalhadores rurais no Paraná que usam o crack como forma de doping.
Tiago Eltz - reportagem
Patrícia Carvalho - edição
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A resposta do traficante, é a síntese do que aconteceu na cidade. - “Maconha não tem, só tem a pedra mano, joga o troco ali que eu pego lá procê lá do outro lado”. - “Quanto tá fera?” - “Deizão cada uma...” Quando o homem sai para buscar a droga, desistimos da compra. Paranavaí fica no noroeste do Paraná, distante 500 quilômetros de Curitiba. Vive da agricultura e da pecuária e tem aproximadamente 75 mil habitantes, que nos últimos quatro anos viram perplexos a popularização do crack. Sem alarde, a pedra foi ganhando a preferência de usuários de outras drogas. “Não tinha tanto, eram poucos que tinham”, conta um usuário. JG: Hoje quem quiser comprar acha fácil? “É dois palito, hein? É mais fácil que pão”. No Brasil, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde alerta para uma epidemia. Só no Rio Grande do Sul estima-se que a cada mil habitantes existam cinco usuários. “A gente tem trabalhar isso como se fosse uma epidemia de dengue, que quando dá os surtos faltam leitos, faltam estruturas, ambulatórios e tal. A mesma coisa, com essa subida do crack, nós temos que organizar o sistema se saúde mental, multiplicar e depois garantir que essa pessoa seja acompanhada. Não se pode perder de vista o dependente”, alerta Osmar Terra, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde. O Ministério da Saúde reconhece que o crack se alastrou, mas nega que haja uma epidemia. “Eu acho que o consumo tem mais se alastrado por outras regiões do país, por regiões que não existiam, como por exemplo, interior do nordeste, e outras cidades no interior dos estados e que não acontecia antes. Então eu acho que isto tem um aumento de consumo, mas eu acho que tem que ser bastante cauteloso ao se falar de uma epidemia”, fala Francisco Cordeiro, assistente Saúde Mental – Ministério da Saúde. “Há uma epidemia de crack. Se você considerar que epidemia é um número de casos de uma determinada doença, num determinado local, você vai pegar cidades onde você vê crescer assustadoramente o consumo de crack”, diz Andrea Domanico, psicóloga e doutora pela UFBA. Nas cidades do interior, os centros de atenção aos dependentes de álcool e drogas viraram o termômetro dos efeitos do crack. “Ele pode ter passado por diversas drogas, mas foi o crack que fez com que ele buscasse algum tipo de ajuda", alega Carla Amaral Barros, psicóloga. Aqui vemos ir por terra uma idéia bastante difundida. A de que o crack se espalha por ser uma droga barata. Na verdade o crack custa tudo o que o viciado tiver. “Um cara chegou uma vez com um perfume pela metade, e me falou: me dá uma aí, só uma. Aquele desespero que faltava chorar. Eu falei que não ia pegar o perfume. Ele falou: então espera um pouco. Depois ele voltou com uma caixa de correio. Eu falei que não ia pegar a caixa do correio. Ele voltou pra trás e voltou com um quadro de bicicleta. Eu dei uma no quadro de bicicleta. Ele foi, demorou uns 15 minutos e voltou com o pneu da bicicleta. Eu falei que não ia pegar o pneu da bicicleta. Aí eu falei pra ele: eu preciso de um DVD. Ele demorou meia hora, mas voltou com o DVD”, conta o jovem. Histórias que se repetem nas esquinas da cidade. Ainda é dia quando flagramos um garoto mostrando um ferro de passar roupa para várias pessoas. As conversas são em volta do banheiro público do terminal de ônibus da cidade. Um conhecido ponto de uso de crack. Mas nem todos se abrigam no banheiro para consumir a droga, principalmente à noite. Uma garota senta encostada em uma parede. Calmamente prepara o cachimbo e acende a pedra. Ao lado dela, outra pessoa também usa a droga. Quando se levanta, percebemos que é o mesmo garoto que chegou no final da tarde, agora sem o ferro de passar. Outro jovem nem se da ao trabalho de procurar um lugar escondido. Fuma no ponto de ônibus, enquanto carros e motos passam na frente. Depois tranquilamente joga a lata fora. Quem tenta escapar do vício chega a procurar as cidades do interior como refúgio. “Eu vim embora pra cá de volta, porque cidade pequena, a gente tem mais chance de parar, né?”, conta um dependente. O cenário é dos mais inusitados. Longe das cidades o crack rompeu uma barreira impressionante. Abriu caminho na roça propriamente dita e chegou nas lavouras de mandioca no interior do Paraná. A droga virou o combustível trágico pra gente que vive de um trabalho pesado. “Eu usava mais pra dar potência, pra trabalhar, pra render mais o serviço, né?”, conta um trabalhador “Se é pra gente arrancar hoje 10 toneladas de mandioca, a gente arrancava 20. Eu sentia uma energia, uma força, vontade mais ganância de saber que de tarde ganhava mais dinheiro”, fala outro. Trabalhadores rurais que preferem não se identificar dizem não usar a droga, mas testemunharam o avanço do crack nos tempos de colheita. Assim como o proprietário da fazenda: “O ano passado a gente até assustou com a quantidade de casos que teve. De 60 a 80%, na colheita é...”, conta. Homens que passaram a trabalhar como zumbis. “A pessoa tando com isto aí, pode se machucar, pode se cortar, não sente dor, é um anestesiante”, fala o trabalhador “O sol pode estar 200 graus e eles não tão nem aí. E o rendimento deles é bem maior que o dos outros. Quando estão drogados”, fala o proprietário. Mas eles rapidamente descobriram o preço que a droga cobra. “Se ele faz um tanto de serviço, num dia, no outro dia já faz menos, vai caindo, vai caindo. Já não anima mais, fuma, fuma, fuma pra voltar ao normal, mas não volta”, diz o trabalhador. Mesmo a distância da cidade não atrapalha a chegada da droga. Os traficantes vão onde os possíveis clientes estiveram, como conta um dono de terras. “A gente vê oferecer o dinheiro vir na cidade buscar, porque já acabou, porque senão eles não consegue completar o dia. A gente fica assustado porque nós temos filhos pequenos, a gente não sabe o que pode acontecer”, declara. Ao invés das brincadeiras ou do esporte, que deveriam ser comuns na infância e na adolescência, muros altos e cercas de arame farpado. Instituições que abrigam jovens que cometeram crimes passaram a ficar cheias de usuários de crack. Isso por causa de um dos principais impactos sociais da droga, a violência. Em uma dessas casas em Campo Mourão estão internados adolescentes de 12 e 13 anos que cometeram assaltos e roubos, e jovens mais velhos, de 17, 18 anos que cometeram homicídios. Quase todos eles eram usuários de crack. “Morreram bastante, só que eu conheci morreram 32 rapazes assassinados, todos envolvidos no crack, às vezes estavam devendo...”, conta um dependente. Quem luta contra a expansão do crack não tem encontrado muitos motivos pra otimismo. “Primeira coisa para trabalhar com isso, a gente tem que ter muita resistência à frustração, muita. Não dá para criar uma expectativa muito alta em relação à essas pessoas, à esses usuários", declara Carla Amaral Barros, psicóloga. Decepções que, nas palavras de um usuário, desafiam nossa capacidade de reação. “Hoje o crack tá solta a vontade, alastrado. Posso te dizer assim, alastrado mesmo e a tendência é só crescer. Eu acabo, mas o crack não acaba”, fala. Participe no nosso fórum para discutir a Epidemia do Crack no Brasil. Dê a sua opinião, o seu testemunho e a sua sugestão para combater o problema. E amanhã você vai ver: Como o crack age no organismo e porque causa uma dependência tão forte a ponto de provocar nas famílias atitudes extremas para conter os viciados.
Melhor IDH é do DF; NE concetra os piores Estados do NE
Brasília, 15/09/2008
Melhor IDH é do DF; NE concentra os piores Estados do Nordeste são os últimos no ranking nacional, mas região foi a que mais evoluiu entre 1991 e 2005, mostram números inéditos-->
Leia o relatório
Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente
Entenda o IDH
O IDH é um índice criado pelo PNUD e calculado para diversos países desde 1990. Originalmente proposto para medir a diferença entre países, foi adaptado para ser aplicado também a Estados e municípios. O índice vai de 0 a 1 — quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento humano.O cálculo é feito pela média simples de três componentes:IDH Longevidade: indicador de longevidade, medida pela esperança de vida ao nascer;IDH Educação: indicador de nível educacional, medido pela combinação da taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais (com peso 2) e da taxa bruta de matrículas nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) em relação à população de 7 a 22 anos de idade (com peso 1). Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a taxa de freqüência;IDH Renda: indicador de renda, medido pelo PIB real per capita em dólares, segundo o critério de Paridade do Poder de Compra. Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a renda familiar per capita.
Leia também
Brasil mostra que só crescimento não gera desenvolvimento, aponta estudo da ONUBrasil melhora em trabalho decenteNegros trabalham mais, mas ganham menosGanho financeiro supera renda do trabalho
TIAGO MALIPrimaPagina
O mais recente ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos Estados brasileiros mostra um país partido ao meio. Os números, referentes a 2005, revelam que todos os 11 melhores IDHs são de unidades da Federação do Sul, Sudeste e Centro-Oeste – com destaque para o Distrito Federal, na primeira colocação. Já os piores são os nove Estados nordestinos — não há um Estado sequer do Nordeste com IDH melhor que o de qualquer outra parte do Brasil, segundo o relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado por três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD.
“Sem dúvida, [o documento] mostra um Brasil dividido. Isso se dá por conta da concentração de renda e da atividade econômica em termos geográficos. A produção ainda é muito mais concentrada no Sudeste e no Sul”, afirma Renato Baumann, coordenador-geral da publicação. O estudo, lançado em 8 de setembro em Brasília, é o primeiro a trazer uma série histórica, ano a ano (de 1991 e 2005), do IDH dos Estados e das regiões do Brasil.
O melhor índice, o do Distrito Federal, é de 0,874, igual ao da Hungria e superior ao de países como Argentina e Emirados Árabes Unidos. A unidade da Federação é líder no ranking em todos três subíndices que compõem o indicador elaborado pelo PNUD (leia mais sobre a composição do IDH no texto ao lado), mas o destaque fica para a renda per capita: o índice relativo à renda (0,824) é muito superior ao do segundo colocado nesse quesito (São Paulo, com 0,768). O IDH-Educação (o componente de instrução do índice) do Distrito Federal é maior que o da Itália, Suíça e Alemanha – esse item, no entanto, mede freqüência à escola e alfabetização, e não qualidade do ensino. Seu IDH Longevidade (que leva em conta a expectativa de vida) supera o de Omã e Argentina, por exemplo.
O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina (o Estado que mais melhorou no ranking de 1991 até 2005, ganhando três posições), com 0,840. Em seguida vem São Paulo (que registrou o segundo menor crescimento desde 1991), com 0,833.
Na ponta debaixo , Alagoas, que tinha o pior IDH em 1991, continuou na mesma posição em 2005, com 0,677. Da mesma forma, Maranhão, Piauí e Paraíba não deixaram de ser o segundo, terceiro e quarto piores, respectivamente. Entre todos os índices que compõem o IDH, Alagoas só não tem a pior posição no quesito renda — o IDH-Renda de Maranhão é menor.
Lenta melhora
Entre 1991 e 2005, o IDH de todas as unidades da Federação melhorou. A região Nordeste, que registra os piores números desde a década passada, foi a que teve também o maior crescimento do índice: 16,3%. Depois vêm Sudeste e Centro-Oeste, ambos com 10,9%. O Sul, que mantém os seus três Estados entre os seis primeiros IDHs também desde a década passada, foi o que menos evoluiu no indicador: 8,5%. Dos dez Estados com maior variação no índice, nove são nordestinos. Os de melhoria mais forte foram Paraíba, Piauí e Bahia.
O vetor da melhoria recente está, segundo o relatório, na educação. “É possível dizer que, das três dimensões do IDH (renda, educação e longevidade), o destaque foi a elevação da instrução. Em todas as unidades da Federação o índice de educação foi o que mais cresceu entre 1991 e 2005. A evolução do IDH-Educação — e, de modo menos pronunciado, do IDH-Longevidade — contribuiu para que diminuísse consideravelmente a diferença (...) entre os níveis de desenvolvimento das regiões brasileiras."
“Há uma certa desconcentração geográfica do processo produtivo em curso. Setores como o calçadista, de automóvel, estão se expandindo tanto da região metropolitana para o interior quanto do Sul/Sudeste para o Nordeste. Isso leva a aumento de renda per capita, de exigência por mão-de-obra qualificada (o que influi na educação) e, conseqüentemente, a maior atendimento público de saúde — o que influi na longevidade”, explica Baumann. “De qualquer forma, essa distribuição ocorre em ritmo lento”, avalia.
Metodologia diferente
Para analisar a variação dos níveis de desenvolvimento humano nos Estados brasileiros e no país como um todo, o relatório calculou os dados do IDH de 1991 a 2005. O resultado, porém, é fruto de uma metodologia diferente da usada pelo PNUD nos Relatórios de Desenvolvimento Humano e no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
No relatório publicado em 8 de setembro, o cálculo é feito com base na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), um levantamento socioeconômico feito anualmente pelo IBGE. Os dados de 1991 e 2000 (anos em que não houve PNAD, mas Censo) foram adaptados para permitir a comparação com o restante da série histórica. No Atlas, há números apenas de 1991 e 2000, extraídos do Censo.
No Relatório de Desenvolvimento Humano, publicado anualmente em Nova York, alguns indicadores são diferentes dos usados no estudo brasileiro. Para calcular o IDH Renda, por exemplo, o relatório internacional usa o PIB per capita; no documento lançado na semana passada, é usada a renda familiar per capita.
Melhor IDH é do DF; NE concentra os piores Estados do Nordeste são os últimos no ranking nacional, mas região foi a que mais evoluiu entre 1991 e 2005, mostram números inéditos-->
Leia o relatório
Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente
Entenda o IDH
O IDH é um índice criado pelo PNUD e calculado para diversos países desde 1990. Originalmente proposto para medir a diferença entre países, foi adaptado para ser aplicado também a Estados e municípios. O índice vai de 0 a 1 — quanto mais perto do 1, maior o desenvolvimento humano.O cálculo é feito pela média simples de três componentes:IDH Longevidade: indicador de longevidade, medida pela esperança de vida ao nascer;IDH Educação: indicador de nível educacional, medido pela combinação da taxa de alfabetização de pessoas de 15 anos ou mais (com peso 2) e da taxa bruta de matrículas nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior) em relação à população de 7 a 22 anos de idade (com peso 1). Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a taxa de freqüência;IDH Renda: indicador de renda, medido pelo PIB real per capita em dólares, segundo o critério de Paridade do Poder de Compra. Para regiões, Estados e municípios do Brasil, usa-se a renda familiar per capita.
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Brasil mostra que só crescimento não gera desenvolvimento, aponta estudo da ONUBrasil melhora em trabalho decenteNegros trabalham mais, mas ganham menosGanho financeiro supera renda do trabalho
TIAGO MALIPrimaPagina
O mais recente ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dos Estados brasileiros mostra um país partido ao meio. Os números, referentes a 2005, revelam que todos os 11 melhores IDHs são de unidades da Federação do Sul, Sudeste e Centro-Oeste – com destaque para o Distrito Federal, na primeira colocação. Já os piores são os nove Estados nordestinos — não há um Estado sequer do Nordeste com IDH melhor que o de qualquer outra parte do Brasil, segundo o relatório Emprego, Desenvolvimento Humano e Trabalho Decente – A experiência brasileira recente, lançado por três agências da ONU: CEPAL (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), OIT (Organização Internacional do Trabalho) e PNUD.
“Sem dúvida, [o documento] mostra um Brasil dividido. Isso se dá por conta da concentração de renda e da atividade econômica em termos geográficos. A produção ainda é muito mais concentrada no Sudeste e no Sul”, afirma Renato Baumann, coordenador-geral da publicação. O estudo, lançado em 8 de setembro em Brasília, é o primeiro a trazer uma série histórica, ano a ano (de 1991 e 2005), do IDH dos Estados e das regiões do Brasil.
O melhor índice, o do Distrito Federal, é de 0,874, igual ao da Hungria e superior ao de países como Argentina e Emirados Árabes Unidos. A unidade da Federação é líder no ranking em todos três subíndices que compõem o indicador elaborado pelo PNUD (leia mais sobre a composição do IDH no texto ao lado), mas o destaque fica para a renda per capita: o índice relativo à renda (0,824) é muito superior ao do segundo colocado nesse quesito (São Paulo, com 0,768). O IDH-Educação (o componente de instrução do índice) do Distrito Federal é maior que o da Itália, Suíça e Alemanha – esse item, no entanto, mede freqüência à escola e alfabetização, e não qualidade do ensino. Seu IDH Longevidade (que leva em conta a expectativa de vida) supera o de Omã e Argentina, por exemplo.
O segundo lugar no IDH é de Santa Catarina (o Estado que mais melhorou no ranking de 1991 até 2005, ganhando três posições), com 0,840. Em seguida vem São Paulo (que registrou o segundo menor crescimento desde 1991), com 0,833.
Na ponta debaixo , Alagoas, que tinha o pior IDH em 1991, continuou na mesma posição em 2005, com 0,677. Da mesma forma, Maranhão, Piauí e Paraíba não deixaram de ser o segundo, terceiro e quarto piores, respectivamente. Entre todos os índices que compõem o IDH, Alagoas só não tem a pior posição no quesito renda — o IDH-Renda de Maranhão é menor.
Lenta melhora
Entre 1991 e 2005, o IDH de todas as unidades da Federação melhorou. A região Nordeste, que registra os piores números desde a década passada, foi a que teve também o maior crescimento do índice: 16,3%. Depois vêm Sudeste e Centro-Oeste, ambos com 10,9%. O Sul, que mantém os seus três Estados entre os seis primeiros IDHs também desde a década passada, foi o que menos evoluiu no indicador: 8,5%. Dos dez Estados com maior variação no índice, nove são nordestinos. Os de melhoria mais forte foram Paraíba, Piauí e Bahia.
O vetor da melhoria recente está, segundo o relatório, na educação. “É possível dizer que, das três dimensões do IDH (renda, educação e longevidade), o destaque foi a elevação da instrução. Em todas as unidades da Federação o índice de educação foi o que mais cresceu entre 1991 e 2005. A evolução do IDH-Educação — e, de modo menos pronunciado, do IDH-Longevidade — contribuiu para que diminuísse consideravelmente a diferença (...) entre os níveis de desenvolvimento das regiões brasileiras."
“Há uma certa desconcentração geográfica do processo produtivo em curso. Setores como o calçadista, de automóvel, estão se expandindo tanto da região metropolitana para o interior quanto do Sul/Sudeste para o Nordeste. Isso leva a aumento de renda per capita, de exigência por mão-de-obra qualificada (o que influi na educação) e, conseqüentemente, a maior atendimento público de saúde — o que influi na longevidade”, explica Baumann. “De qualquer forma, essa distribuição ocorre em ritmo lento”, avalia.
Metodologia diferente
Para analisar a variação dos níveis de desenvolvimento humano nos Estados brasileiros e no país como um todo, o relatório calculou os dados do IDH de 1991 a 2005. O resultado, porém, é fruto de uma metodologia diferente da usada pelo PNUD nos Relatórios de Desenvolvimento Humano e no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil.
No relatório publicado em 8 de setembro, o cálculo é feito com base na PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), um levantamento socioeconômico feito anualmente pelo IBGE. Os dados de 1991 e 2000 (anos em que não houve PNAD, mas Censo) foram adaptados para permitir a comparação com o restante da série histórica. No Atlas, há números apenas de 1991 e 2000, extraídos do Censo.
No Relatório de Desenvolvimento Humano, publicado anualmente em Nova York, alguns indicadores são diferentes dos usados no estudo brasileiro. Para calcular o IDH Renda, por exemplo, o relatório internacional usa o PIB per capita; no documento lançado na semana passada, é usada a renda familiar per capita.
21/09/2008
Pesquisa revela prevalência de DST em seis capitais do Brasil
Pesquisa revela prevalência de DST em seis capitais do Brasil
16.09.2008
O primeiro estudo de grande porte sobre doenças sexualmente transmissíveis no Brasil revela que a chance de desenvolver uma dessas infecções é maior em pessoas com menos de 20 anos. Outros fatores contribuem para aumentar a vulnerabilidade às DST, como sexo desprotegido, múltiplas parcerias sexuais, coito anal e uso de drogas injetáveis.
Realizada pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde , a pesquisa estima a ocorrência de DST na população geral e em grupos mais vulneráveis de seis capitais das cinco regiões do país – Manaus (AM), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). As cidades foram escolhidas por apresentar características socioeconômicas e demográficas diferentes, representando a diversidade brasileira.
Entre 2004 e 2007, foram feitos testes de sífilis, gonorréia, clamídia, HIV, hepatite B e HPV em mais de 9 mil pessoas, divididas em três grupos distintos: gestantes (3.303); homens trabalhadores de pequenas indústrias (2.814); mulheres e homens que procuraram serviços de saúde especializados em DST (3.210). Os dois primeiros compõem a amostra representativa da população geral dessas capitais – mulheres e homens sexualmente ativos, entre 18 e 60 anos. O último conjunto concentra pessoas com características epidemiológicas de maior vulnerabilidade.
De acordo com a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, embora o estudo não seja representativo do país inteiro, os resultados permitem inferir sobre características da população sexualmente ativa das seis cidades. “Além disso, [a pesquisa] facilita a identificação dos fatores que incrementam a vulnerabilidade para adquirir uma DST e dos comportamentos de risco que se traduzem nas elevadas taxas de infecções verificadas nas populações pesquisadas”.
Veja a seguir os principais resultados:
GESTANTES
Mais de 40% das grávidas têm alguma DST
O estudo revelou que 42% das grávidas tinham, pelo menos, uma das DST analisadas – 11% tinham uma infecção bacteriana e 37%, viral. Essas últimas, como o HPV e a hepatite B, não têm cura; podem, apenas, ser controladas, em alguns casos, com medicamentos caros e escassos. Entre essas mulheres, 16,7% tiveram mais de um parceiro sexual no ano anterior e 49,2% disseram que nunca usam preservativo com parceiro fixo. O grupo apresentou, ainda, prevalência de 40,4% para HPV. De acordo com o coordenador da unidade de DST do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde , Valdir Pinto, esse dado não é o mais preocupante. Isso porque o HPV não traz risco para o bebê se a mulher não tiver verrugas ou lesões genitais.
Também chamaram atenção as prevalências de clamídia (9,4%) e gonorréia (1,5%). Dez por cento das gestantes estudadas apresentaram infecção simultânea das doenças. Quando não tratadas, elas podem levar a complicações como parto prematuro, ruptura prematura de membranas, infecção puerperal, cegueira e pneumonia neonatal. A prevalência de sífilis (2,6%) também é um dado importante, pois a doença pode provocar aborto, morte do feto, malformações ósseas, surdez, cegueira e problemas neurológicos, entre outros.
Essas três doenças são curáveis e o diagnóstico e tratamento devem estar disponíveis na rede pública de saúde. Os medicamentos usados no tratamento, que devem ser prescritos por um médico, também são vendidos na Farmácia Popular, a preços que vão de R$ 0,39 a R$ 5 (exceto a penicilina benzatina, usada no tratamento da sífilis, e que deve ser aplicada por um profissional de saúde).
Outros dados:
57,8% já tiveram corrimento vaginal anormal;
4,7% mencionaram corrimento uretral no(s) parceiro(s);
25,2% queixaram-se de dor pélvica;
15,2% já tiveram verrugas, feridas ou vesículas genitais;
7,9% mencionaram verrugas, feridas ou vesículas genitais no(s) parceiro(s).
TRABALHADORES DA INDÚSTRIA
Grupo apresenta menor índice de ocorrência de DST
Esse grupo apresentou o menor índice de ocorrência de DST (5,2%) entre os pesquisados. Clamídia foi a doença com maior prevalência (3,4%), seguida da sífilis (1,9%) e gonorréia e hepatite B, ambas com mesmo percentual (0,9%). Como o exame de HPV exige coleta de material em ambulatório, não houve investigação dessa doença no grupo, pois eles foram abordados no ambiente de trabalho.
A grande maioria desses homens (95%) disse fazer sexo apenas com mulheres e 1,5%, com homens. Do total, 27,8% tiveram entre duas e quatro parceiras no último ano; e 7,2%, entre cinco e dez parceiras. O coito anal é praticado por 29% deles com suas parceiras.
HOMENS E MULHERES EM ATENDIMENTO
HPV, gonorréia e clamídia são as infecções mais prevalentes nesse grupo
Entre as pessoas que procuraram atendimento em serviços de saúde especializados em DST, 51% tinham alguma infecção. O HPV foi a doença de maior prevalência (32,6%), seguida de gonorréia (18,5%) e clamídia (13,1%).
A prevalência de HPV afeta principalmente adolescentes e jovens adultos, sugerindo que a infecção se dá no início da vida sexual. Em 70% dos casos, a infecção ocorreu na faixa etária inferior a 15 anos. Estudos anteriores, realizados em várias cidades brasileiras, desde os anos 90 até 2005, apontam uma grande variação entre os resultados, com prevalências que vão de 11,5% (Nova Iguaçu/Duque de Caxias, 2004) a 84% (São Paulo, 1994). Tais variações podem refletir diferenças amostrais e metodológicas nas pesquisas.
Se não for diagnosticado e tratado precocemente, o HPV pode causar alterações celulares no colo de útero que podem evoluir para o câncer. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), essa é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres. Como causa de morte, por câncer no sexo feminino, figura em quarto lugar; no Norte e Nordeste, está em primeiro.
Para o médico ginecologista Valdir Pinto, esses números ressaltam a importância de as mulheres fazerem o exame de papanicolau todos os anos. “O risco de uma mulher que tem acompanhamento médico desenvolver câncer de colo de útero é mínimo”, afirma. As lesões – conforme ele explica – demoram anos para evoluir para o câncer. “Com isso, é possível tratá-las no início e evitar que se transformem numa doença mais grave”.
Nesse grupo, 32,3% das pessoas apresentaram clamídia e gonorréia ao mesmo tempo. Nas mulheres, estes são os principais microorganismos associados à doença inflamatória pélvica (DIP), que causa seqüelas responsáveis por complicações como gravidez fora do útero e infertilidade. O Center for Diseases Control, dos Estados Unidos, estima que aproximadamente 40% das mulheres com essas infecções não tratadas apresentarão DIP.
Outros dados:
Comportamento sexual dos homens:
15% fazem sexo com outros homens;
45% tiveram entre duas e cinco parceiras ou parceiros no ano anterior;
35% afirmaram sempre usar preservativo com parceiros e parceiras eventuais;
49,1% praticam coito anal.
Comportamento sexual das mulheres:
58,8% das mulheres tiveram apenas um parceiro;
28,5% tiveram entre dois e cinco parceiros no ano anterior;
47,3% disseram usar sempre camisinha com parceiros eventuais;
31,8% praticam coito anal.
Mais informações
Programa Nacional de DST e Aids
Ministério da Saúde
Assessoria de Imprensa
Telefones: (61) 3448-8100/8106/8088/8090
E-mail: imprensa@aids.gov.br
16.09.2008
O primeiro estudo de grande porte sobre doenças sexualmente transmissíveis no Brasil revela que a chance de desenvolver uma dessas infecções é maior em pessoas com menos de 20 anos. Outros fatores contribuem para aumentar a vulnerabilidade às DST, como sexo desprotegido, múltiplas parcerias sexuais, coito anal e uso de drogas injetáveis.
Realizada pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde , a pesquisa estima a ocorrência de DST na população geral e em grupos mais vulneráveis de seis capitais das cinco regiões do país – Manaus (AM), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Porto Alegre (RS). As cidades foram escolhidas por apresentar características socioeconômicas e demográficas diferentes, representando a diversidade brasileira.
Entre 2004 e 2007, foram feitos testes de sífilis, gonorréia, clamídia, HIV, hepatite B e HPV em mais de 9 mil pessoas, divididas em três grupos distintos: gestantes (3.303); homens trabalhadores de pequenas indústrias (2.814); mulheres e homens que procuraram serviços de saúde especializados em DST (3.210). Os dois primeiros compõem a amostra representativa da população geral dessas capitais – mulheres e homens sexualmente ativos, entre 18 e 60 anos. O último conjunto concentra pessoas com características epidemiológicas de maior vulnerabilidade.
De acordo com a diretora do Programa Nacional de DST e Aids, Mariângela Simão, embora o estudo não seja representativo do país inteiro, os resultados permitem inferir sobre características da população sexualmente ativa das seis cidades. “Além disso, [a pesquisa] facilita a identificação dos fatores que incrementam a vulnerabilidade para adquirir uma DST e dos comportamentos de risco que se traduzem nas elevadas taxas de infecções verificadas nas populações pesquisadas”.
Veja a seguir os principais resultados:
GESTANTES
Mais de 40% das grávidas têm alguma DST
O estudo revelou que 42% das grávidas tinham, pelo menos, uma das DST analisadas – 11% tinham uma infecção bacteriana e 37%, viral. Essas últimas, como o HPV e a hepatite B, não têm cura; podem, apenas, ser controladas, em alguns casos, com medicamentos caros e escassos. Entre essas mulheres, 16,7% tiveram mais de um parceiro sexual no ano anterior e 49,2% disseram que nunca usam preservativo com parceiro fixo. O grupo apresentou, ainda, prevalência de 40,4% para HPV. De acordo com o coordenador da unidade de DST do Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde , Valdir Pinto, esse dado não é o mais preocupante. Isso porque o HPV não traz risco para o bebê se a mulher não tiver verrugas ou lesões genitais.
Também chamaram atenção as prevalências de clamídia (9,4%) e gonorréia (1,5%). Dez por cento das gestantes estudadas apresentaram infecção simultânea das doenças. Quando não tratadas, elas podem levar a complicações como parto prematuro, ruptura prematura de membranas, infecção puerperal, cegueira e pneumonia neonatal. A prevalência de sífilis (2,6%) também é um dado importante, pois a doença pode provocar aborto, morte do feto, malformações ósseas, surdez, cegueira e problemas neurológicos, entre outros.
Essas três doenças são curáveis e o diagnóstico e tratamento devem estar disponíveis na rede pública de saúde. Os medicamentos usados no tratamento, que devem ser prescritos por um médico, também são vendidos na Farmácia Popular, a preços que vão de R$ 0,39 a R$ 5 (exceto a penicilina benzatina, usada no tratamento da sífilis, e que deve ser aplicada por um profissional de saúde).
Outros dados:
57,8% já tiveram corrimento vaginal anormal;
4,7% mencionaram corrimento uretral no(s) parceiro(s);
25,2% queixaram-se de dor pélvica;
15,2% já tiveram verrugas, feridas ou vesículas genitais;
7,9% mencionaram verrugas, feridas ou vesículas genitais no(s) parceiro(s).
TRABALHADORES DA INDÚSTRIA
Grupo apresenta menor índice de ocorrência de DST
Esse grupo apresentou o menor índice de ocorrência de DST (5,2%) entre os pesquisados. Clamídia foi a doença com maior prevalência (3,4%), seguida da sífilis (1,9%) e gonorréia e hepatite B, ambas com mesmo percentual (0,9%). Como o exame de HPV exige coleta de material em ambulatório, não houve investigação dessa doença no grupo, pois eles foram abordados no ambiente de trabalho.
A grande maioria desses homens (95%) disse fazer sexo apenas com mulheres e 1,5%, com homens. Do total, 27,8% tiveram entre duas e quatro parceiras no último ano; e 7,2%, entre cinco e dez parceiras. O coito anal é praticado por 29% deles com suas parceiras.
HOMENS E MULHERES EM ATENDIMENTO
HPV, gonorréia e clamídia são as infecções mais prevalentes nesse grupo
Entre as pessoas que procuraram atendimento em serviços de saúde especializados em DST, 51% tinham alguma infecção. O HPV foi a doença de maior prevalência (32,6%), seguida de gonorréia (18,5%) e clamídia (13,1%).
A prevalência de HPV afeta principalmente adolescentes e jovens adultos, sugerindo que a infecção se dá no início da vida sexual. Em 70% dos casos, a infecção ocorreu na faixa etária inferior a 15 anos. Estudos anteriores, realizados em várias cidades brasileiras, desde os anos 90 até 2005, apontam uma grande variação entre os resultados, com prevalências que vão de 11,5% (Nova Iguaçu/Duque de Caxias, 2004) a 84% (São Paulo, 1994). Tais variações podem refletir diferenças amostrais e metodológicas nas pesquisas.
Se não for diagnosticado e tratado precocemente, o HPV pode causar alterações celulares no colo de útero que podem evoluir para o câncer. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), essa é a terceira neoplasia maligna mais comum em mulheres. Como causa de morte, por câncer no sexo feminino, figura em quarto lugar; no Norte e Nordeste, está em primeiro.
Para o médico ginecologista Valdir Pinto, esses números ressaltam a importância de as mulheres fazerem o exame de papanicolau todos os anos. “O risco de uma mulher que tem acompanhamento médico desenvolver câncer de colo de útero é mínimo”, afirma. As lesões – conforme ele explica – demoram anos para evoluir para o câncer. “Com isso, é possível tratá-las no início e evitar que se transformem numa doença mais grave”.
Nesse grupo, 32,3% das pessoas apresentaram clamídia e gonorréia ao mesmo tempo. Nas mulheres, estes são os principais microorganismos associados à doença inflamatória pélvica (DIP), que causa seqüelas responsáveis por complicações como gravidez fora do útero e infertilidade. O Center for Diseases Control, dos Estados Unidos, estima que aproximadamente 40% das mulheres com essas infecções não tratadas apresentarão DIP.
Outros dados:
Comportamento sexual dos homens:
15% fazem sexo com outros homens;
45% tiveram entre duas e cinco parceiras ou parceiros no ano anterior;
35% afirmaram sempre usar preservativo com parceiros e parceiras eventuais;
49,1% praticam coito anal.
Comportamento sexual das mulheres:
58,8% das mulheres tiveram apenas um parceiro;
28,5% tiveram entre dois e cinco parceiros no ano anterior;
47,3% disseram usar sempre camisinha com parceiros eventuais;
31,8% praticam coito anal.
Mais informações
Programa Nacional de DST e Aids
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15/09/2008
OS MALES DA MACONHA EM ESTUDO
Últimas Notícias
function nova_j_artigo() {
janela=open('/enviamens/envianoticia.php?mens=mostranoticia.php?c=4199&tit=Os males da maconha em estudo ','new',
'width=500,height=450,toolbar=no,location=no,directories=no,status=no,menubar=no,scrollbars=no,resizable=no')
}
Os males da maconha em estudo
Dados preliminares de pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo mostram que consumidores tiveram desempenho inferior a pessoas que não usam a droga em testes neuropsicológicos.Ao contrário do que apregoa um verso musical muito popular entre os jovens, a ciência tem demonstrado que a "erva natural" pode, sim, prejudicar o organismo humano. Resultados preliminares de uma pesquisa em andamento na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram que consumidores de maconha têm performance até 30% inferior à de pessoas que não usam a droga em testes relacionados à capacidade de atenção, processamento de informações, abstração, organização de idéias, tomada de decisões e memória. De acordo com a coordenadora da pesquisa, a doutora em saúde mental e especialista em dependência química Maria Alice Novaes, diversos estudos científicos demonstram os prejuízos causados pela droga, em detrimento de informações propagadas na sociedade. "Há uma cultura forte e equivocada, não sei se em algum momento vamos quebrar isso, de que a maconha não causa danos. As pessoas acham que porque é uma planta seria inofensiva. Queremos refutar essa idéia, por meio de dados científicos", diz a pesquisadora. Foram avaliadas, na primeira fase do estudo da Unifesp, cerca de 180 pessoas, das quais 130 eram viciadas na droga. As 50 restantes, que faziam parte do grupo de controle, não usavam maconha. Todas se submeteram a 10 testes neuropsicológicos. "Em alguns, não houve tanta diferença entre os resultados dos dois grupos, em outros, verificamos discrepâncias significativas", afirma Maria Alice. Variáveis como sexo, anos de escolaridade e idade, segundo a pesquisadora, foram controladas estatisticamente para dar mais credibilidade aos resultados. Jogo Um dos testes mais significativos da pesquisa se assemelha a um jogo de cartas no computador. "Temos duas opções no teste: o monte que ganha mais e perde mais e o monte que ganha menos, mas também perde menos. Via de regra, o usuário da droga não percebe que indo na opção que ganha mais ele também perde mais. Essa atitude mostra um pouco o comportamento dessas pessoas na vida", explica Maria Alice. A média de pontos obtidos no jogo de cartas pelo grupo de controle ficou em 17, a dos usuários de maconha foi de 15. "A magnitude da diferença pode não ser grande, mas quem tira 16 pontos já é considerado uma pessoa com problemas. Do ponto de vista mental, essas deficiências chegam a causar dificuldades na escola, faculdade", afirma a pesquisadora. Durante o teste, ela observou também que os usuários de maconha costumavam repetir estratégias frustradas. "Os erros perseverativos são muito comuns", diz Maria Alice. Nos testes aplicados para avaliar a memória, a pesquisadora verificou uma capacidade reduzida dos usuários de maconha que começaram o consumo antes dos 15 anos de idade em relação ao grupo mais tardio de dependentes. "Os consumidores que iniciaram precocemente o uso precisam de maior quantidade de repetições para memorizar adequadamente uma informação", diz Alice. Ela explica que o déficit está relacionado aos maiores prejuízos no cérebro ainda em formação, caso de adolescentes que iniciam o uso da droga cedo. Na avaliação de Giovanni Quaglia, responsável no Brasil pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), o uso da maconha no país cresceu, mas ainda não está no patamar das nações desenvolvidas. O último levantamento da ONU mostrou que 2,6% da população consome a droga. Nos Estados Unidos, o uso é feito por 10,5% das pessoas. "Temos que verificar, no próximo estudo, se a tendência será crescente ou não", destaca Quaglia. Segundo ele, a maconha geneticamente modificada, vendida principalmente na Europa, tem contribuído para aumentar o nível de dependência dos usuários. Na plantação em estufas, o princípio ativo da planta, o THC, é aumentado dos habituais 3% ou 4% para 10%. "Esse tipo de maconha, chamada também de skank, vicia mais, porém não é muito comum no Brasil", diz Quaglia. A maior parte da droga utilizada no país, segundo ele, vem do Paraguai. Autor: Renata MarizOBID Fonte: Correio Braziliense-DF
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Os males da maconha em estudo
Dados preliminares de pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo mostram que consumidores tiveram desempenho inferior a pessoas que não usam a droga em testes neuropsicológicos.Ao contrário do que apregoa um verso musical muito popular entre os jovens, a ciência tem demonstrado que a "erva natural" pode, sim, prejudicar o organismo humano. Resultados preliminares de uma pesquisa em andamento na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) mostram que consumidores de maconha têm performance até 30% inferior à de pessoas que não usam a droga em testes relacionados à capacidade de atenção, processamento de informações, abstração, organização de idéias, tomada de decisões e memória. De acordo com a coordenadora da pesquisa, a doutora em saúde mental e especialista em dependência química Maria Alice Novaes, diversos estudos científicos demonstram os prejuízos causados pela droga, em detrimento de informações propagadas na sociedade. "Há uma cultura forte e equivocada, não sei se em algum momento vamos quebrar isso, de que a maconha não causa danos. As pessoas acham que porque é uma planta seria inofensiva. Queremos refutar essa idéia, por meio de dados científicos", diz a pesquisadora. Foram avaliadas, na primeira fase do estudo da Unifesp, cerca de 180 pessoas, das quais 130 eram viciadas na droga. As 50 restantes, que faziam parte do grupo de controle, não usavam maconha. Todas se submeteram a 10 testes neuropsicológicos. "Em alguns, não houve tanta diferença entre os resultados dos dois grupos, em outros, verificamos discrepâncias significativas", afirma Maria Alice. Variáveis como sexo, anos de escolaridade e idade, segundo a pesquisadora, foram controladas estatisticamente para dar mais credibilidade aos resultados. Jogo Um dos testes mais significativos da pesquisa se assemelha a um jogo de cartas no computador. "Temos duas opções no teste: o monte que ganha mais e perde mais e o monte que ganha menos, mas também perde menos. Via de regra, o usuário da droga não percebe que indo na opção que ganha mais ele também perde mais. Essa atitude mostra um pouco o comportamento dessas pessoas na vida", explica Maria Alice. A média de pontos obtidos no jogo de cartas pelo grupo de controle ficou em 17, a dos usuários de maconha foi de 15. "A magnitude da diferença pode não ser grande, mas quem tira 16 pontos já é considerado uma pessoa com problemas. Do ponto de vista mental, essas deficiências chegam a causar dificuldades na escola, faculdade", afirma a pesquisadora. Durante o teste, ela observou também que os usuários de maconha costumavam repetir estratégias frustradas. "Os erros perseverativos são muito comuns", diz Maria Alice. Nos testes aplicados para avaliar a memória, a pesquisadora verificou uma capacidade reduzida dos usuários de maconha que começaram o consumo antes dos 15 anos de idade em relação ao grupo mais tardio de dependentes. "Os consumidores que iniciaram precocemente o uso precisam de maior quantidade de repetições para memorizar adequadamente uma informação", diz Alice. Ela explica que o déficit está relacionado aos maiores prejuízos no cérebro ainda em formação, caso de adolescentes que iniciam o uso da droga cedo. Na avaliação de Giovanni Quaglia, responsável no Brasil pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC), o uso da maconha no país cresceu, mas ainda não está no patamar das nações desenvolvidas. O último levantamento da ONU mostrou que 2,6% da população consome a droga. Nos Estados Unidos, o uso é feito por 10,5% das pessoas. "Temos que verificar, no próximo estudo, se a tendência será crescente ou não", destaca Quaglia. Segundo ele, a maconha geneticamente modificada, vendida principalmente na Europa, tem contribuído para aumentar o nível de dependência dos usuários. Na plantação em estufas, o princípio ativo da planta, o THC, é aumentado dos habituais 3% ou 4% para 10%. "Esse tipo de maconha, chamada também de skank, vicia mais, porém não é muito comum no Brasil", diz Quaglia. A maior parte da droga utilizada no país, segundo ele, vem do Paraguai. Autor: Renata MarizOBID Fonte: Correio Braziliense-DF
CONTRIBUIUÇÃO A UM DEBATE SOBRE POLITICA DE DROGAS NO ÂMBITO NACIONAL DA JUVENTUDE.
Wednesday, February 22, 2006
material extraida do blog: http://pitodopango.blogspot.com/2006/02/contribuio-um-debate-sobre-poltica-de.html
Contribuição a um debate sobre política de drogas no âmbito do Plano Nacional de Juventude
O ser humano sempre utilizou substâncias alteradoras da consciência. Os registros mais antigos do uso de drogas datam de cerca de cinco mil anos, na China, Egito e Suméria. Nas sociedades primitivas ao redor do mundo, uma infinidade de substâncias alucinógenas foram, e ainda são, empregadas em cerimônias mais ou menos secretas. Na Índia, os hindus utilizam a maconha pelo menos uma vez por ano, e os Rastafaris jamaicanos consideram esta mesma substância como sendo um poderoso elo de ligação entre o homem e Deus, chamado por eles de Jah. Contemporaneamente temos os grupos que utilizam o Ayahuasca, também conhecido como Santo Daime. Enfim, os exemplos do uso religioso e cultural de substâncias psicoativas são inúmeros.
Apesar de serem conhecidas e utilizadas ao longo de toda a história da humanidade, provavelmente nunca se falou tanto em problemas relacionados às drogas. A própria terminologia gera discussões intermináveis, e definir um indivíduo como “usuário”, “viciado” ou “dependente” fala muito mais do sujeito que define que do objeto definido. A psicologia, por exemplo, vai entender esta questão a partir do ponto de vista das diferentes escolas. Já no campo da medicina, onde o tema do uso indevido de drogas somente começou a ser desenvolvido com mais seriedade a partir do século XVIII, também não há consensos, e encontramos desde médicos que recomendam o uso de maconha como auxiliar no tratamento de problemas decorrentes da Aids[1], até outros que desconsideram a possibilidade de uso recreativo de substâncias ilícitas, diagnosticando todos os indivíduos que se utilizam destas substâncias como “dependentes químicos” ou “toxicômanos”. No campo do Direito, há também uma multiplicidade de visões, que vão do modelo proibitivo e repressivo, que recomenda penas restritivas de liberdade ao usuário de drogas, até o outro extremo, onde encontramos os que defendem uma legalização ampla, geral e irrestrita. No caminho do meio, temos a vertente da descriminalização[2] passando, ainda, pela concepção de justiça terapêutica[3].
Em meio a uma repressão ineficiente, justificada legalmente, porém cada vez mais questionada politicamente, o tráfico move-se com extrema agilidade. Utilizando métodos modernos, os traficantes de hoje em muito pouco se assemelham aos românticos “Robin Hoods” do passado. Nos anos sessenta e setenta, os traficantes ocupavam um lugar de destaque nas comunidades onde se instalavam, em função da assimilação de algumas tarefas da alçada do Estado, principalmente segurança e assistência. Atualmente, este papel estatal continua sendo exercido; contudo, nota-se uma forte transformação no modelo deste “Estado”: ao passo que antes a atuação destas lideranças se assemelhava àquelas dos governos de orientação populista, hoje vemos que esta semelhança se manifesta através do medo; o exercício do poder por parte dos traficantes, hoje, lembra em muito os métodos de repressão e de terror utilizados por Estados fascistas e ditatoriais.
No entanto, ler a violência urbana apenas como conseqüência do tráfico de drogas é muito simplório, e não condiz com a realidade. Uma leitura um pouco mais sofisticada precisa levar em conta aspectos históricos, por exemplo. Na adaptação cinematográfica de Ruy Guerra para “A Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, há uma cena muito interessante: enquanto a personagem Margot prepara-se para o show da noite, duas camareiras conversam enquanto limpam o teatro. Uma diz à outra que o preço da cocaína havia subido: “Um boneco de cinco gramas de cocaína pelo preço de duas cervejas! Assim eu não cheiro mais, nem pra remédio!”. A obra de Chico Buarque, ficcional, desenrola-se em um cenário absolutamente real: o Rio de Janeiro durante a segunda grande guerra. De fato, naqueles dias, podia-se comprar cocaína nas farmácias, a preços módicos. A proibição do uso de algumas substâncias é, pois, uma realidade recente na história brasileira.
Estudos antropológicos atestam a diversidade que marca as práticas sociais relacionadas ao uso de drogas. Segundo Gilberto Velho, uma das principais características da pessoa usuária de drogas é justamente a ausência de características unificadoras que possibilitem a construção de um “perfil” do usuário de drogas. Para demonstrar isto, ele irá acompanhar, ao longo de três anos, um grupo de usuários de drogas da classe média alta carioca. Já Anthony Richard Henman estuda os problemas vividos por uma tribo do Maranhão, onde o uso de maconha é visto com naturalidade. Por fim, como exemplo final desta diversidade, tomemos o estudo de Fernanda Delvalhas Piccolo, sobre as trajetórias sociais de usuários de drogas em um bairro periférico da cidade de Porto Alegre. Comparados estes três estudos, encontramos apenas um elemento unificador: o uso de substâncias psicoativas. Pode-se perceber, portanto, que não existe um modelo fechado através do qual podemos descrever os grupos de usuários de drogas. Não existe “uso” de drogas, e sim “usos”.
Os atravessamentos entre os mundos da droga e o mundo da violência são cada vez mais recorrentes. Se nos anos sessenta e setenta o uso de drogas era relacionado ao movimento de contracultura, na atualidade ele é relacionado, senso comum, à criminalidade. É cada vez mais forte o discurso de que o usuário de drogas sustenta o traficante. Este, por sua vez, é demonizado e visto como o principal responsável pela violência nas cidades brasileiras. E, na tentativa de fazer a imagem do traficante inseparável da imagem do mal, meros peões do narcotráfico causam mais horror à sociedade (talvez devido à sua visibilidade e proximidade?) do que os principais destinatários dos lucros advindos deste negócio milionário. Para a maioria das pessoas, a simples tentativa de se estabelecer relações entre a violência e a ilegalidade do comércio de drogas, em uma comparação rasa com os problemas advindos da Lei Seca nos Estados Unidos, é motivo de escândalo. O moralismo ainda dá a tônica, em um debate que, salvo raras e louváveis exceções, descamba para o lugar comum e para a superficialidade. Em face disto, um Projeto de Lei como o de número 7.134/2002, que versa sobre o fim das penas restritivas de liberdade aos usuários de drogas, é visto como um grande avanço. Segundo a socióloga Vera Malaguti Baptista:
O pessoal que propõe a descriminalização do usuário vai na vertente Posto Nove, falando para um público que já é descriminalizado, que é o usuário de classe média e de zona sul. E que eu não quero criminalizar, veja bem. Mas aí a contrapartida para esse discurso consentido é pena maior para o traficante. Nós não temos um problema de saúde pública, por alto consumo de drogas ilegais. Temos outros problemas muito maiores na frente: tuberculose, alcoolismo... Por onde a questão das drogas sangra literalmente é no tráfico. Então ou você tem isso de descriminalizar o usuário mas manter a criminalização do traficante, que virou uma categoria fantasmática, o traficante é o demônio, ele não tem casa, não tem mãe; ou então você tem o projetinho da embaixada americana, que é o “justiça terapêutica”, que diz: o usuário é uma vítima. E aí reproduz todo o positivismo do século XIX, e faz uma justiça que não apenas julga, ela também cura. Então obriga o usuário a ir perante o juiz, fazer teste de drogas, tem que se vestir bem, tem que ter notas boas. Um monstrengo positivista que voltou através dessa coisa. A descriminalização do usuário poderia ser o começo de uma legislação geral, mas como eles estão legislando para o Posto Nove, fica uma coisa perversa, porque quem já está descriminalizado vai ser descriminalizado e onde está sangrando, que é na periferia, aumenta-se a hemorragia. (Baptista apud Moretzshon, 2003)
Se por parte dos estratos médios, existe toda uma execração da venda e do uso de drogas ilícitas, nas outras duas extremidades da pirâmide social a tolerância é de um modo geral, e guardadas as especificidades, bem maior, por diferentes razões. No que cabe às classes menos favorecidas, esta relativização está ligada tanto às necessidades econômicas quanto a um ethos, não do “mundo da droga”, mas de um determinado “mundo das drogas” que confere um certo status àqueles que dele participam. Para as elites, por sua vez, esta tolerância para com o “mundo da droga” pode ser explicada, em parte, por trechos de um artigo do jornalista Samuel Blixten, especialista em delinqüência econômica:
Os capitais do narcotráfico estão presentes nos processos de privatização das empresas públicas da América Latina e solucionam um verdadeiro problema para as atuais administrações: a obtenção de um fluxo permanente de divisas para cumprir os compromissos assumidos com os refinanciamentos da dívida externa. Tais necessidades de receita neoliberal atualmente exercida como concepção homogênea em todo o continente, multiplicaram as ações de lavagem, toleradas quase sem dissimulação. Esta realidade revela um duplo discurso e põe em questão os fundamentos da cruzada contra o narcotráfico. Põe em destaque até onde podem se compatibilizar com a lógica de mercado dominante, uma vez que a produção e a comercialização de drogas é um negócio dinâmico, com uma rápida capacidade de acumulação de recursos (Blixten, 2003).
O tráfico é atividade que se constitui de contatos, de infiltrações e de ações articuladas entre distintos atores sociais, desde aqueles que trabalham no controle da entrada e saída de mercadorias, até os que fazem extorsão para permitir esta ou aquela atividade ilícita.
As imbricações entre o Estado e o narcotráfico, através das relações entre seus agentes, produzem dinâmicas de ilegalidade, de violência, de extorsão. No interior das instituições de Estado, especialmente daquelas ligadas ao controle e repressão, estas dinâmicas desdobram-se em disputas pelos privilégios gerados por estas relações, que só ocorrem deste modo em face de uma legislação proibitiva. Assim, a política proibicionista não apenas não consegue impedir que se vendam drogas, como ainda constitui todo um conjunto de práticas ilegalmente violentas.
Não há como combater o consumo de drogas. Não é desejável, em face de todo um conjunto de argumentos que põe às claras o quanto as políticas proibicionistas são contrárias aos mais fundamentais direitos humanos; e não é possível, em face da complexidade das relações sociais, culturais, econômicas, religiosas e afetivas que envolvem a venda e o consumo de substâncias psicoativas.
Grande parte dos discursos proibicionistas baseia-se em argumentos que dizem da necessidade de se proteger os jovens do flagelo das drogas. Tais dinâmicas não só não são eficientes no controle da venda e do uso de drogas, como se contradizem ao gerar uma série de “efeitos colaterais”. No âmbito da saúde, por exemplo, vê-se que além dos problemas eventualmente gerados pelo próprio uso indevido e abusivo de drogas, há ainda aqueles que decorrem da proibição, como a dificuldade na construção de vínculos de confiança entre os trabalhadores de saúde e os usuários de drogas, além de todo um conjunto de vulnerabilidades decorrentes da exclusão social, ampliada pela criminalização de uma prática social. Deste modo, doenças como tuberculose, hepatites e Aids aumentam entre estas pessoas, que tem sua aproximação com os serviços públicos de saúde dificultada pelo preconceito e pela estigmatização.
No âmbito da segurança, podemos pensar na repressão ao uso de drogas como um grande desperdício de dinheiro público. A quantidade de recursos, de pessoal especializado e de tempo empregados na manutenção de uma política repressiva é absolutamente incompatível com a irrelevância do ato de se utilizar drogas, em termos do risco que isto produz à sociedade[4]. O que se quer dizer é que a proibição, que surge para coibir a violência, na verdade a produz. Além disto, esta política proibicionista - que teve por justificativa a defesa da vida dos jovens - acaba produzindo a morte de muitos, muitos deles. Hoje, no Brasil, morre-se muito mais em função da guerra contra as drogas, do que em decorrência do uso destas substâncias. Principalmente as populações mais vulneráveis: jovens homens, negros e pobres das periferias das grandes capitais.
Contribuições objetivas para uma nova política de drogas
Incentivar e garantir a participação dos usuários de drogas junto aos órgãos municipais, estaduais e federais na elaboração e fiscalização das políticas públicas na área de saúde, no que se refere à prevenção, tratamento, discursos e abordagens sobre drogas. O objetivo dessa participação é a construção de políticas de drogas que respeitem as escolhas e a cidadania dos usuários, em consonância com a Lei do SUS.
Substituir, em todos os organismos de Estado, a expressão “anti-drogas” por “políticas sobre drogas”. A Secretaria Nacional Anti-drogas, por exemplo, passaria a se chamar Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, conforme já preconizado no Encontro Nacional sobre Drogas, em 2004. Este órgão nacional, hoje vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, deverá vincular-se ao Ministério da Saúde, atuando como articulador das políticas de drogas e garantindo unidade e coerência entre as mesmas.
Garantir recursos para a realização de pesquisas sobre drogas, não apenas nas perspectivas biomédicas, mas também no âmbito das ciências humanas e sociais. Tais pesquisas devem embasar a produção das políticas públicas sobre drogas.
Capacitar os profissionais de saúde, agregando às ciências da saúde os conhecimentos das ciências humanas, a fim de melhor compreender os significados e contextos do uso e do abuso de drogas, diferenciando um do outro.
Uma política de promoção de saúde e cidadania deve estar articulada aos princípios do SUS. Nesse sentido, a saúde deve ser entendida como um direito e não como um dever. Sendo assim, deve-se banir toda e qualquer forma de tratamento compulsório e obrigatório, incluindo aí a justiça terapêutica.
Incentivar e garantir, junto às escolas e instituições de atenção à criança e ao adolescente, a elaboração de programas de informação e prevenção ao abuso de drogas. Estes programas devem ser pautados por abordagens isentas de preconceitos, enfatizando um caráter informativo e não-repressivo, tendo em vista a ineficiência dos discursos repressivos, comprovada pelo aumento nos índices de abuso de drogas entre os jovens.
A responsabilidade pela construção de uma política nacional de educação sobre drogas, em ambiente escolar, deve ser do Ministério da Educação, em articulação com outros ministérios (Saúde, Cultura, Esportes, Desenvolvimento Social, e outros).
Incentivar e garantir o desenvolvimento de cursos ou oficinas em escolas, associações e instituições públicas, com o intuito de levar a sociedade a uma compreensão mais ampla acerca do uso de psicoativos, em seus aspectos históricos culturais, religiosos e políticos.
Rever a legislação sobre bebidas alcoólicas e inserir a cerveja (hoje não considerada bebida alcoólica), nessa relação, suprimindo toda a propaganda dessas drogas.
Inserir nos rótulos das bebidas alcoólicas, principalmente da cerveja, uma tarja de advertência alertando sobre os riscos do consumo excessivo e/ou indevido de álcool.
Considerar a veiculação de campanhas educativas e de contra-propaganda a respeito do álcool como droga e do seu abuso e uso indevido como problema de saúde pública.
Aproximar a legislação a respeito das drogas lícitas e ilícitas, levando em consideração que, em relação às lícitas, nota-se excesso de permissividade, propaganda e facilidade de acesso (venda de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis e auto-estradas). Quanto às ilícitas, nota-se uma repressão ineficiente que, além de não reduzir oferta nem demanda, ainda contribui para a exclusão social dos usuários, desinformação da sociedade sobre o assunto, fomentação do mercado ilegal, incremento da criminalidade, corrupção generalizada, aumento descontrolado da população carcerária, ausência de regulamentação desse comércio e do controle da qualidade dessas substâncias. Esse quadro, produto da legislação vigente, aumenta os danos causados à saúde dos usuários e os danos sociais decorrentes da violência que é gerada pelo caráter ilegal da produção, distribuição e consumo dessas drogas (violência esta que afeta todas as camadas da sociedade, independente de se relacionarem ou não com o uso e o comércio de drogas).
Reconhecer o uso de drogas como um fenômeno que pode, ou não, causar problemas ao indivíduo e/ou à sociedade. Neste sentido, cabe ao Estado prover a sociedade com estratégias desenvolvidas a partir de uma política nacional de educação sobre drogas, para usuários e não-usuários, e com assistência e tratamento aos usuários abusivos e dependentes.
Rever a legislação a respeito do usuário de drogas, levando em conta que tal legislação tem contribuído para um aumento dos danos causados ao indivíduo e à sociedade.
Estimular estratégias de profissionalização, de apoio à família e de combate à exclusão social dos usuários de drogas e dos jovens empregados no tráfico, uma vez que esta atividade se apresenta como uma alternativa sedutora diante do quadro de exclusão social, miséria e desrespeito aos direitos humanos mais fundamentais, quadro este encontrado normalmente nas comunidades onde o tráfico de drogas se desenvolve.
Desenvolver projetos que valorizem a cultura da periferia, onde os jovens são mais vulneráveis à criminalidade e ao tráfico.
Instituir programas públicos que beneficiem os jovens infratores em sua recuperação, priorizando a adoção de penas alternativas. Em relação a esses jovens, para um maior proveito da sociedade, a intervenção do Estado deveria se dar no sentido de provê-los de alternativas, ao invés de encarcerá-los nas “escolas do crime” que se tornaram as penitenciárias brasileiras. Considerar a possibilidade de anistia de crimes relacionados ao tráfico de drogas (analisando caso a caso), como estratégia de combate à exclusão social.
Princípio Ativo – por uma nova política de drogas
principioativo.rs@gmail.com
[1] - Alguns médicos recomendam o uso de maconha a pessoas doentes de Aids por sua capacidade de despertar o apetite, ou ainda por uma capacidade de fazer com que os enjôos decorrentes da ingestão do “coquetel” diminuam.
[2] - O congresso nacional discute a reformulação da Lei 6368, de 1976. O PL 8123, de autoria do Deputado Paulo Pimenta, vem sendo erroneamente anunciado como u m projeto de descriminalização do uso de drogas no Brasil. Nada mais equivocado: trata-se, quando muito, de um projeto de despenalização, pois prevê o fim da pena de prisão ao usuário de drogas, mantendo, porém, outros níveis de penalização.
[3] - Para uma leitura mais crítica da dita “Justiça Terapêutica”, ver a entrevista do ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, Nilo Baptista, para a revista Caros Amigos de agosto de 2003 (MORETZSOHN, Sylvia, et alli. “Todo crime é político”: Entrevista com Nilo Baptista. Caros Amigos. São Paulo: Ano VII, n.77, Ago. 2003. p. 28 – 33).
[4] - Considera-se aqui o uso de drogas descontextualizado de seus vínculos com o comércio ilegal, pois entende-se que estes vínculos só existem enquanto produto das dinâmicas proibicionistas.
material extraida do blog: http://pitodopango.blogspot.com/2006/02/contribuio-um-debate-sobre-poltica-de.html
Contribuição a um debate sobre política de drogas no âmbito do Plano Nacional de Juventude
O ser humano sempre utilizou substâncias alteradoras da consciência. Os registros mais antigos do uso de drogas datam de cerca de cinco mil anos, na China, Egito e Suméria. Nas sociedades primitivas ao redor do mundo, uma infinidade de substâncias alucinógenas foram, e ainda são, empregadas em cerimônias mais ou menos secretas. Na Índia, os hindus utilizam a maconha pelo menos uma vez por ano, e os Rastafaris jamaicanos consideram esta mesma substância como sendo um poderoso elo de ligação entre o homem e Deus, chamado por eles de Jah. Contemporaneamente temos os grupos que utilizam o Ayahuasca, também conhecido como Santo Daime. Enfim, os exemplos do uso religioso e cultural de substâncias psicoativas são inúmeros.
Apesar de serem conhecidas e utilizadas ao longo de toda a história da humanidade, provavelmente nunca se falou tanto em problemas relacionados às drogas. A própria terminologia gera discussões intermináveis, e definir um indivíduo como “usuário”, “viciado” ou “dependente” fala muito mais do sujeito que define que do objeto definido. A psicologia, por exemplo, vai entender esta questão a partir do ponto de vista das diferentes escolas. Já no campo da medicina, onde o tema do uso indevido de drogas somente começou a ser desenvolvido com mais seriedade a partir do século XVIII, também não há consensos, e encontramos desde médicos que recomendam o uso de maconha como auxiliar no tratamento de problemas decorrentes da Aids[1], até outros que desconsideram a possibilidade de uso recreativo de substâncias ilícitas, diagnosticando todos os indivíduos que se utilizam destas substâncias como “dependentes químicos” ou “toxicômanos”. No campo do Direito, há também uma multiplicidade de visões, que vão do modelo proibitivo e repressivo, que recomenda penas restritivas de liberdade ao usuário de drogas, até o outro extremo, onde encontramos os que defendem uma legalização ampla, geral e irrestrita. No caminho do meio, temos a vertente da descriminalização[2] passando, ainda, pela concepção de justiça terapêutica[3].
Em meio a uma repressão ineficiente, justificada legalmente, porém cada vez mais questionada politicamente, o tráfico move-se com extrema agilidade. Utilizando métodos modernos, os traficantes de hoje em muito pouco se assemelham aos românticos “Robin Hoods” do passado. Nos anos sessenta e setenta, os traficantes ocupavam um lugar de destaque nas comunidades onde se instalavam, em função da assimilação de algumas tarefas da alçada do Estado, principalmente segurança e assistência. Atualmente, este papel estatal continua sendo exercido; contudo, nota-se uma forte transformação no modelo deste “Estado”: ao passo que antes a atuação destas lideranças se assemelhava àquelas dos governos de orientação populista, hoje vemos que esta semelhança se manifesta através do medo; o exercício do poder por parte dos traficantes, hoje, lembra em muito os métodos de repressão e de terror utilizados por Estados fascistas e ditatoriais.
No entanto, ler a violência urbana apenas como conseqüência do tráfico de drogas é muito simplório, e não condiz com a realidade. Uma leitura um pouco mais sofisticada precisa levar em conta aspectos históricos, por exemplo. Na adaptação cinematográfica de Ruy Guerra para “A Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, há uma cena muito interessante: enquanto a personagem Margot prepara-se para o show da noite, duas camareiras conversam enquanto limpam o teatro. Uma diz à outra que o preço da cocaína havia subido: “Um boneco de cinco gramas de cocaína pelo preço de duas cervejas! Assim eu não cheiro mais, nem pra remédio!”. A obra de Chico Buarque, ficcional, desenrola-se em um cenário absolutamente real: o Rio de Janeiro durante a segunda grande guerra. De fato, naqueles dias, podia-se comprar cocaína nas farmácias, a preços módicos. A proibição do uso de algumas substâncias é, pois, uma realidade recente na história brasileira.
Estudos antropológicos atestam a diversidade que marca as práticas sociais relacionadas ao uso de drogas. Segundo Gilberto Velho, uma das principais características da pessoa usuária de drogas é justamente a ausência de características unificadoras que possibilitem a construção de um “perfil” do usuário de drogas. Para demonstrar isto, ele irá acompanhar, ao longo de três anos, um grupo de usuários de drogas da classe média alta carioca. Já Anthony Richard Henman estuda os problemas vividos por uma tribo do Maranhão, onde o uso de maconha é visto com naturalidade. Por fim, como exemplo final desta diversidade, tomemos o estudo de Fernanda Delvalhas Piccolo, sobre as trajetórias sociais de usuários de drogas em um bairro periférico da cidade de Porto Alegre. Comparados estes três estudos, encontramos apenas um elemento unificador: o uso de substâncias psicoativas. Pode-se perceber, portanto, que não existe um modelo fechado através do qual podemos descrever os grupos de usuários de drogas. Não existe “uso” de drogas, e sim “usos”.
Os atravessamentos entre os mundos da droga e o mundo da violência são cada vez mais recorrentes. Se nos anos sessenta e setenta o uso de drogas era relacionado ao movimento de contracultura, na atualidade ele é relacionado, senso comum, à criminalidade. É cada vez mais forte o discurso de que o usuário de drogas sustenta o traficante. Este, por sua vez, é demonizado e visto como o principal responsável pela violência nas cidades brasileiras. E, na tentativa de fazer a imagem do traficante inseparável da imagem do mal, meros peões do narcotráfico causam mais horror à sociedade (talvez devido à sua visibilidade e proximidade?) do que os principais destinatários dos lucros advindos deste negócio milionário. Para a maioria das pessoas, a simples tentativa de se estabelecer relações entre a violência e a ilegalidade do comércio de drogas, em uma comparação rasa com os problemas advindos da Lei Seca nos Estados Unidos, é motivo de escândalo. O moralismo ainda dá a tônica, em um debate que, salvo raras e louváveis exceções, descamba para o lugar comum e para a superficialidade. Em face disto, um Projeto de Lei como o de número 7.134/2002, que versa sobre o fim das penas restritivas de liberdade aos usuários de drogas, é visto como um grande avanço. Segundo a socióloga Vera Malaguti Baptista:
O pessoal que propõe a descriminalização do usuário vai na vertente Posto Nove, falando para um público que já é descriminalizado, que é o usuário de classe média e de zona sul. E que eu não quero criminalizar, veja bem. Mas aí a contrapartida para esse discurso consentido é pena maior para o traficante. Nós não temos um problema de saúde pública, por alto consumo de drogas ilegais. Temos outros problemas muito maiores na frente: tuberculose, alcoolismo... Por onde a questão das drogas sangra literalmente é no tráfico. Então ou você tem isso de descriminalizar o usuário mas manter a criminalização do traficante, que virou uma categoria fantasmática, o traficante é o demônio, ele não tem casa, não tem mãe; ou então você tem o projetinho da embaixada americana, que é o “justiça terapêutica”, que diz: o usuário é uma vítima. E aí reproduz todo o positivismo do século XIX, e faz uma justiça que não apenas julga, ela também cura. Então obriga o usuário a ir perante o juiz, fazer teste de drogas, tem que se vestir bem, tem que ter notas boas. Um monstrengo positivista que voltou através dessa coisa. A descriminalização do usuário poderia ser o começo de uma legislação geral, mas como eles estão legislando para o Posto Nove, fica uma coisa perversa, porque quem já está descriminalizado vai ser descriminalizado e onde está sangrando, que é na periferia, aumenta-se a hemorragia. (Baptista apud Moretzshon, 2003)
Se por parte dos estratos médios, existe toda uma execração da venda e do uso de drogas ilícitas, nas outras duas extremidades da pirâmide social a tolerância é de um modo geral, e guardadas as especificidades, bem maior, por diferentes razões. No que cabe às classes menos favorecidas, esta relativização está ligada tanto às necessidades econômicas quanto a um ethos, não do “mundo da droga”, mas de um determinado “mundo das drogas” que confere um certo status àqueles que dele participam. Para as elites, por sua vez, esta tolerância para com o “mundo da droga” pode ser explicada, em parte, por trechos de um artigo do jornalista Samuel Blixten, especialista em delinqüência econômica:
Os capitais do narcotráfico estão presentes nos processos de privatização das empresas públicas da América Latina e solucionam um verdadeiro problema para as atuais administrações: a obtenção de um fluxo permanente de divisas para cumprir os compromissos assumidos com os refinanciamentos da dívida externa. Tais necessidades de receita neoliberal atualmente exercida como concepção homogênea em todo o continente, multiplicaram as ações de lavagem, toleradas quase sem dissimulação. Esta realidade revela um duplo discurso e põe em questão os fundamentos da cruzada contra o narcotráfico. Põe em destaque até onde podem se compatibilizar com a lógica de mercado dominante, uma vez que a produção e a comercialização de drogas é um negócio dinâmico, com uma rápida capacidade de acumulação de recursos (Blixten, 2003).
O tráfico é atividade que se constitui de contatos, de infiltrações e de ações articuladas entre distintos atores sociais, desde aqueles que trabalham no controle da entrada e saída de mercadorias, até os que fazem extorsão para permitir esta ou aquela atividade ilícita.
As imbricações entre o Estado e o narcotráfico, através das relações entre seus agentes, produzem dinâmicas de ilegalidade, de violência, de extorsão. No interior das instituições de Estado, especialmente daquelas ligadas ao controle e repressão, estas dinâmicas desdobram-se em disputas pelos privilégios gerados por estas relações, que só ocorrem deste modo em face de uma legislação proibitiva. Assim, a política proibicionista não apenas não consegue impedir que se vendam drogas, como ainda constitui todo um conjunto de práticas ilegalmente violentas.
Não há como combater o consumo de drogas. Não é desejável, em face de todo um conjunto de argumentos que põe às claras o quanto as políticas proibicionistas são contrárias aos mais fundamentais direitos humanos; e não é possível, em face da complexidade das relações sociais, culturais, econômicas, religiosas e afetivas que envolvem a venda e o consumo de substâncias psicoativas.
Grande parte dos discursos proibicionistas baseia-se em argumentos que dizem da necessidade de se proteger os jovens do flagelo das drogas. Tais dinâmicas não só não são eficientes no controle da venda e do uso de drogas, como se contradizem ao gerar uma série de “efeitos colaterais”. No âmbito da saúde, por exemplo, vê-se que além dos problemas eventualmente gerados pelo próprio uso indevido e abusivo de drogas, há ainda aqueles que decorrem da proibição, como a dificuldade na construção de vínculos de confiança entre os trabalhadores de saúde e os usuários de drogas, além de todo um conjunto de vulnerabilidades decorrentes da exclusão social, ampliada pela criminalização de uma prática social. Deste modo, doenças como tuberculose, hepatites e Aids aumentam entre estas pessoas, que tem sua aproximação com os serviços públicos de saúde dificultada pelo preconceito e pela estigmatização.
No âmbito da segurança, podemos pensar na repressão ao uso de drogas como um grande desperdício de dinheiro público. A quantidade de recursos, de pessoal especializado e de tempo empregados na manutenção de uma política repressiva é absolutamente incompatível com a irrelevância do ato de se utilizar drogas, em termos do risco que isto produz à sociedade[4]. O que se quer dizer é que a proibição, que surge para coibir a violência, na verdade a produz. Além disto, esta política proibicionista - que teve por justificativa a defesa da vida dos jovens - acaba produzindo a morte de muitos, muitos deles. Hoje, no Brasil, morre-se muito mais em função da guerra contra as drogas, do que em decorrência do uso destas substâncias. Principalmente as populações mais vulneráveis: jovens homens, negros e pobres das periferias das grandes capitais.
Contribuições objetivas para uma nova política de drogas
Incentivar e garantir a participação dos usuários de drogas junto aos órgãos municipais, estaduais e federais na elaboração e fiscalização das políticas públicas na área de saúde, no que se refere à prevenção, tratamento, discursos e abordagens sobre drogas. O objetivo dessa participação é a construção de políticas de drogas que respeitem as escolhas e a cidadania dos usuários, em consonância com a Lei do SUS.
Substituir, em todos os organismos de Estado, a expressão “anti-drogas” por “políticas sobre drogas”. A Secretaria Nacional Anti-drogas, por exemplo, passaria a se chamar Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, conforme já preconizado no Encontro Nacional sobre Drogas, em 2004. Este órgão nacional, hoje vinculado ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, deverá vincular-se ao Ministério da Saúde, atuando como articulador das políticas de drogas e garantindo unidade e coerência entre as mesmas.
Garantir recursos para a realização de pesquisas sobre drogas, não apenas nas perspectivas biomédicas, mas também no âmbito das ciências humanas e sociais. Tais pesquisas devem embasar a produção das políticas públicas sobre drogas.
Capacitar os profissionais de saúde, agregando às ciências da saúde os conhecimentos das ciências humanas, a fim de melhor compreender os significados e contextos do uso e do abuso de drogas, diferenciando um do outro.
Uma política de promoção de saúde e cidadania deve estar articulada aos princípios do SUS. Nesse sentido, a saúde deve ser entendida como um direito e não como um dever. Sendo assim, deve-se banir toda e qualquer forma de tratamento compulsório e obrigatório, incluindo aí a justiça terapêutica.
Incentivar e garantir, junto às escolas e instituições de atenção à criança e ao adolescente, a elaboração de programas de informação e prevenção ao abuso de drogas. Estes programas devem ser pautados por abordagens isentas de preconceitos, enfatizando um caráter informativo e não-repressivo, tendo em vista a ineficiência dos discursos repressivos, comprovada pelo aumento nos índices de abuso de drogas entre os jovens.
A responsabilidade pela construção de uma política nacional de educação sobre drogas, em ambiente escolar, deve ser do Ministério da Educação, em articulação com outros ministérios (Saúde, Cultura, Esportes, Desenvolvimento Social, e outros).
Incentivar e garantir o desenvolvimento de cursos ou oficinas em escolas, associações e instituições públicas, com o intuito de levar a sociedade a uma compreensão mais ampla acerca do uso de psicoativos, em seus aspectos históricos culturais, religiosos e políticos.
Rever a legislação sobre bebidas alcoólicas e inserir a cerveja (hoje não considerada bebida alcoólica), nessa relação, suprimindo toda a propaganda dessas drogas.
Inserir nos rótulos das bebidas alcoólicas, principalmente da cerveja, uma tarja de advertência alertando sobre os riscos do consumo excessivo e/ou indevido de álcool.
Considerar a veiculação de campanhas educativas e de contra-propaganda a respeito do álcool como droga e do seu abuso e uso indevido como problema de saúde pública.
Aproximar a legislação a respeito das drogas lícitas e ilícitas, levando em consideração que, em relação às lícitas, nota-se excesso de permissividade, propaganda e facilidade de acesso (venda de bebidas alcoólicas em postos de combustíveis e auto-estradas). Quanto às ilícitas, nota-se uma repressão ineficiente que, além de não reduzir oferta nem demanda, ainda contribui para a exclusão social dos usuários, desinformação da sociedade sobre o assunto, fomentação do mercado ilegal, incremento da criminalidade, corrupção generalizada, aumento descontrolado da população carcerária, ausência de regulamentação desse comércio e do controle da qualidade dessas substâncias. Esse quadro, produto da legislação vigente, aumenta os danos causados à saúde dos usuários e os danos sociais decorrentes da violência que é gerada pelo caráter ilegal da produção, distribuição e consumo dessas drogas (violência esta que afeta todas as camadas da sociedade, independente de se relacionarem ou não com o uso e o comércio de drogas).
Reconhecer o uso de drogas como um fenômeno que pode, ou não, causar problemas ao indivíduo e/ou à sociedade. Neste sentido, cabe ao Estado prover a sociedade com estratégias desenvolvidas a partir de uma política nacional de educação sobre drogas, para usuários e não-usuários, e com assistência e tratamento aos usuários abusivos e dependentes.
Rever a legislação a respeito do usuário de drogas, levando em conta que tal legislação tem contribuído para um aumento dos danos causados ao indivíduo e à sociedade.
Estimular estratégias de profissionalização, de apoio à família e de combate à exclusão social dos usuários de drogas e dos jovens empregados no tráfico, uma vez que esta atividade se apresenta como uma alternativa sedutora diante do quadro de exclusão social, miséria e desrespeito aos direitos humanos mais fundamentais, quadro este encontrado normalmente nas comunidades onde o tráfico de drogas se desenvolve.
Desenvolver projetos que valorizem a cultura da periferia, onde os jovens são mais vulneráveis à criminalidade e ao tráfico.
Instituir programas públicos que beneficiem os jovens infratores em sua recuperação, priorizando a adoção de penas alternativas. Em relação a esses jovens, para um maior proveito da sociedade, a intervenção do Estado deveria se dar no sentido de provê-los de alternativas, ao invés de encarcerá-los nas “escolas do crime” que se tornaram as penitenciárias brasileiras. Considerar a possibilidade de anistia de crimes relacionados ao tráfico de drogas (analisando caso a caso), como estratégia de combate à exclusão social.
Princípio Ativo – por uma nova política de drogas
principioativo.rs@gmail.com
[1] - Alguns médicos recomendam o uso de maconha a pessoas doentes de Aids por sua capacidade de despertar o apetite, ou ainda por uma capacidade de fazer com que os enjôos decorrentes da ingestão do “coquetel” diminuam.
[2] - O congresso nacional discute a reformulação da Lei 6368, de 1976. O PL 8123, de autoria do Deputado Paulo Pimenta, vem sendo erroneamente anunciado como u m projeto de descriminalização do uso de drogas no Brasil. Nada mais equivocado: trata-se, quando muito, de um projeto de despenalização, pois prevê o fim da pena de prisão ao usuário de drogas, mantendo, porém, outros níveis de penalização.
[3] - Para uma leitura mais crítica da dita “Justiça Terapêutica”, ver a entrevista do ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, Nilo Baptista, para a revista Caros Amigos de agosto de 2003 (MORETZSOHN, Sylvia, et alli. “Todo crime é político”: Entrevista com Nilo Baptista. Caros Amigos. São Paulo: Ano VII, n.77, Ago. 2003. p. 28 – 33).
[4] - Considera-se aqui o uso de drogas descontextualizado de seus vínculos com o comércio ilegal, pois entende-se que estes vínculos só existem enquanto produto das dinâmicas proibicionistas.
1960, o Levitan, cujo ingrediente principal era a taurina, um estimulante mais potente que a cafeína. Mateschitz percebeu o potencial de lançar bebida
Bebidas energéticas podem causar alcoolismo
Maria Lúcia Formigoni aponta para o risco de jovens que consomem energéticos
Esta história começa em 1982, quando o executivo austríaco Dietrich Mateschitz, ao visitar a Tailândia, descobriu a Krating Daeng, uma bebida energética muito doce produzida pela empresa tailandesa T.C. Pharmaceuticals. A Krating Daeng era bastante consumida na Ásia por caminhoneiros, pois os ajudava a permanecer acordados ao dirigir à noite. A Krating Daeng, por sua vez, era baseado num energético japonês criado nos anos 1960, o Levitan, cujo ingrediente principal era a taurina, um estimulante mais potente que a cafeína. Mateschitz percebeu o potencial de lançar bebidas energéticas no Ocidente.
Em 1984, criou o Red Bull, produto menos doce que o original asiático e que foi lançado no mercado alemão em 1987. Após conquistar a Europa, o Red Bull desembarcou nos Estados Unidos em 1997, onde hoje detém 50% de participação de mercado. Em 2006, mais de 3 bilhões de latinhas de Red Bull foram vendidas em todo o mundo - e Mateschitz ficou bilionário.
Agora a parte ruim da história. O público-alvo do Red Bull e de seus concorrentes são os jovens. Os energéticos fazem sucesso entre eles porque são estimulantes. Quando ingeridos juntamente com bebidas alcoólicas, tendem a mascarar a sensação de embriaguez, o que pode prolongar a balada. “Os jovens dizem que ficam mais espertos, menos sonolentos. Mas é uma sensação falsa, subjetiva”, afirma Maria Lucia Souza-Formigoni, da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. “Do ponto de vista da coordenação motora, estão bêbados. Um energético não é nada mais do que uma bela xícara de café expresso. O que tem de diferente de uma coca-cola?”Maria Lucia estuda a relação dos energéticos com o consumo de bebidas alcoólicas desde 2004. Ao realizar testes com camundongos, a pesquisadora descobriu que as cobaias tratadas com energéticos se tornaram, com o passar do tempo, mais resistentes à ingestão de álcool. Esta conclusão levou imediatamente à seguinte hipótese: será que o consumo generalizado de energéticos pelos jovens estaria aumentando a tolerância ao álcool entre aqueles que bebem, fazendo-os beber mais? Indo além, será que jovens com baixa tolerância às bebidas alcoólicas, aqueles que não bebem porque ficam com sono, não estariam passando a consumir mais álcool do que antes graças aos energéticos, que têm o poder de mantê-los despertos? Se a hipótese for verdadeira, a conseqüência direta seria o aumento do consumo de bebida entre os jovens e, por tabela, o aumento nos casos de alcoolismo. De fato, o consumo de bebidas alcoólicas na Região Sudeste subiu de 74,5% para 84,2% entre os jovens de 18 a 24 anos, entre 2001 e 2005. Mais preocupante: apesar de ilegal, o consumo entre os menores de idade, na faixa que vai dos 10 aos 17 anos, aumentou de 53,7% para 60,8%. Os dados são do Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, de 2005, da Secretaria Nacional Antidrogas. Resta saber se este aumento está associado ao consumo de energéticos.Neste momento, Maria Lucia procura realizar com voluntários o mesmo teste feito com cobaias. O objetivo é saber se o consumo de energéticos nos humanos também aumenta a tolerância ao consumo de álcool, o que levaria a um aumento no alcoolismo. “Não estou dizendo que isso vai acontecer”, diz Maria Lucia. “Mas a possibilidade existe”. Fonte: Época
Maria Lúcia Formigoni aponta para o risco de jovens que consomem energéticos
Esta história começa em 1982, quando o executivo austríaco Dietrich Mateschitz, ao visitar a Tailândia, descobriu a Krating Daeng, uma bebida energética muito doce produzida pela empresa tailandesa T.C. Pharmaceuticals. A Krating Daeng era bastante consumida na Ásia por caminhoneiros, pois os ajudava a permanecer acordados ao dirigir à noite. A Krating Daeng, por sua vez, era baseado num energético japonês criado nos anos 1960, o Levitan, cujo ingrediente principal era a taurina, um estimulante mais potente que a cafeína. Mateschitz percebeu o potencial de lançar bebidas energéticas no Ocidente.
Em 1984, criou o Red Bull, produto menos doce que o original asiático e que foi lançado no mercado alemão em 1987. Após conquistar a Europa, o Red Bull desembarcou nos Estados Unidos em 1997, onde hoje detém 50% de participação de mercado. Em 2006, mais de 3 bilhões de latinhas de Red Bull foram vendidas em todo o mundo - e Mateschitz ficou bilionário.
Agora a parte ruim da história. O público-alvo do Red Bull e de seus concorrentes são os jovens. Os energéticos fazem sucesso entre eles porque são estimulantes. Quando ingeridos juntamente com bebidas alcoólicas, tendem a mascarar a sensação de embriaguez, o que pode prolongar a balada. “Os jovens dizem que ficam mais espertos, menos sonolentos. Mas é uma sensação falsa, subjetiva”, afirma Maria Lucia Souza-Formigoni, da Escola Paulista de Medicina, em São Paulo. “Do ponto de vista da coordenação motora, estão bêbados. Um energético não é nada mais do que uma bela xícara de café expresso. O que tem de diferente de uma coca-cola?”Maria Lucia estuda a relação dos energéticos com o consumo de bebidas alcoólicas desde 2004. Ao realizar testes com camundongos, a pesquisadora descobriu que as cobaias tratadas com energéticos se tornaram, com o passar do tempo, mais resistentes à ingestão de álcool. Esta conclusão levou imediatamente à seguinte hipótese: será que o consumo generalizado de energéticos pelos jovens estaria aumentando a tolerância ao álcool entre aqueles que bebem, fazendo-os beber mais? Indo além, será que jovens com baixa tolerância às bebidas alcoólicas, aqueles que não bebem porque ficam com sono, não estariam passando a consumir mais álcool do que antes graças aos energéticos, que têm o poder de mantê-los despertos? Se a hipótese for verdadeira, a conseqüência direta seria o aumento do consumo de bebida entre os jovens e, por tabela, o aumento nos casos de alcoolismo. De fato, o consumo de bebidas alcoólicas na Região Sudeste subiu de 74,5% para 84,2% entre os jovens de 18 a 24 anos, entre 2001 e 2005. Mais preocupante: apesar de ilegal, o consumo entre os menores de idade, na faixa que vai dos 10 aos 17 anos, aumentou de 53,7% para 60,8%. Os dados são do Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, de 2005, da Secretaria Nacional Antidrogas. Resta saber se este aumento está associado ao consumo de energéticos.Neste momento, Maria Lucia procura realizar com voluntários o mesmo teste feito com cobaias. O objetivo é saber se o consumo de energéticos nos humanos também aumenta a tolerância ao consumo de álcool, o que levaria a um aumento no alcoolismo. “Não estou dizendo que isso vai acontecer”, diz Maria Lucia. “Mas a possibilidade existe”. Fonte: Época
A MACONHA SE TORNOU O PRINCIPAL PROUDOTO AGRICOLA DOS EUS
" O que pensar desta materia de cunho internacional tanto quanto a terminológia empregada "antidrogas" justamente imposta pelo imperialismo note americano, desenhado pelos EUAe copiada pelos demais países? Por quê? então justamente o País do Tio San, como todo seu poder bélico, toda seu arcabolço imperialista, toda sua rigidez deixarão isto acontecer? Quem plantou a maconha foram os usuários? Quem protegeu?" o texto em "aspas" não são de conteúdo do link da material e sim so proprietário do blog. a material abaixo sim é do link.
Segundo a agência católica Fides e o professor Jon Gettman da George Mason University, na Virgínia do Norte, a maconha se tornou o principal produto agrícola dos EUA, um negócio que rende cerca de US$ 35,8 bilhões por ano.
O país tem 56,4 milhões de plantas de maconha cultivadas ao aberto, com uma renda de US$ 31,7 bilhões, e outras 11,7 milhões de plantas cultivadas em estufas e espaços fechados, que constituem uma renda de US$ 4,1 bilhões.
A maconha, segundo os dados da Fides, é o principal produto agrícola em termos de rentabilidade em 12 estados, está entre os primeiros três em 30 estados e entre os primeiros cinco em 39 estados.
A plantação de maconha é mais extensa do que a de algodão no Alabama, do que as de uva, hortaliças e feno juntas na Califórnia, do que a de amendoim na Geórgia, e do que a de tabaco na Carolina do Sul e na Carolina do Norte.
A Califórnia é o principal produtor e exportador dentro dos EUA, ao ponto que no momento teria substituído seu destaque na produção de vinhos com o destaque em produção de cannabis.-->
Segundo a agência católica Fides e o professor Jon Gettman da George Mason University, na Virgínia do Norte, a maconha se tornou o principal produto agrícola dos EUA, um negócio que rende cerca de US$ 35,8 bilhões por ano.
O país tem 56,4 milhões de plantas de maconha cultivadas ao aberto, com uma renda de US$ 31,7 bilhões, e outras 11,7 milhões de plantas cultivadas em estufas e espaços fechados, que constituem uma renda de US$ 4,1 bilhões.
A maconha, segundo os dados da Fides, é o principal produto agrícola em termos de rentabilidade em 12 estados, está entre os primeiros três em 30 estados e entre os primeiros cinco em 39 estados.
A plantação de maconha é mais extensa do que a de algodão no Alabama, do que as de uva, hortaliças e feno juntas na Califórnia, do que a de amendoim na Geórgia, e do que a de tabaco na Carolina do Sul e na Carolina do Norte.
A Califórnia é o principal produtor e exportador dentro dos EUA, ao ponto que no momento teria substituído seu destaque na produção de vinhos com o destaque em produção de cannabis.-->
Ingrediente da maconha pode funcionar como antibiótico
Ingrediente da maconha pode funcionar como antibiótico
Pesquisadores disseram que não sabem como os canabinóides funcionam, mas agem contra bactérias resistentes
Henry Fountain, The New York Times
NOVA YORK - Pesquisadores italianos e britânicos descobriram que o princípio ativo da maconha - tetra-hidrocanabinol, ou THC - e componentes relacionados são promissores como agentes bactericidas, particularmente contra cepas de micróbios que já são resistentes a diversos tipos de antibióticos.
Há décadas se sabe que a Cannabis sativa tem propriedades bactericidas. Experimentos na década de 1950 testaram diversas preparações de maconha contra diversos tipos de infecções, mas pesquisadores na época tinham pouco conhecimento sobre as propriedades químicas da planta.
A pesquisa atual, de Giovanni Appendino da Universidade de Piemonte Oriental, publicada no The Journal of Natural Products, olhou para a atividade de cinco dos canabinóides mais comuns. Todos se mostraram eficientes contra diversas cepas de bactérias resistentes, embora os pesquisadores tenham sugerido que a maconha não-psicotrópica se mostrou mais promissora para o uso com essa finalidade.
Os pesquisadores disseram que não sabem como os canabinóides funcionam, e se seriam eficientes como antibióticos sistêmicos. Determinar isso exigirá muita pesquisa ainda.
Tags: The New York Times, maconha, saúde
Pesquisadores disseram que não sabem como os canabinóides funcionam, mas agem contra bactérias resistentes
Henry Fountain, The New York Times
NOVA YORK - Pesquisadores italianos e britânicos descobriram que o princípio ativo da maconha - tetra-hidrocanabinol, ou THC - e componentes relacionados são promissores como agentes bactericidas, particularmente contra cepas de micróbios que já são resistentes a diversos tipos de antibióticos.
Há décadas se sabe que a Cannabis sativa tem propriedades bactericidas. Experimentos na década de 1950 testaram diversas preparações de maconha contra diversos tipos de infecções, mas pesquisadores na época tinham pouco conhecimento sobre as propriedades químicas da planta.
A pesquisa atual, de Giovanni Appendino da Universidade de Piemonte Oriental, publicada no The Journal of Natural Products, olhou para a atividade de cinco dos canabinóides mais comuns. Todos se mostraram eficientes contra diversas cepas de bactérias resistentes, embora os pesquisadores tenham sugerido que a maconha não-psicotrópica se mostrou mais promissora para o uso com essa finalidade.
Os pesquisadores disseram que não sabem como os canabinóides funcionam, e se seriam eficientes como antibióticos sistêmicos. Determinar isso exigirá muita pesquisa ainda.
Tags: The New York Times, maconha, saúde
Drogas que substituem a nicotina, uma viajem perigosa
Drogas que substituem a nicotina, uma viagem perigosa
Como a gigante farmacêutica Pfizer comentou em maio, chegar primeiro tem suas recompensas, mas traz o risco da aventura em territórios não explorados. Na primavera passada a Administração da Aviação Federal dos EUA proibiu pilotos e controladores de tráfico aéreo de tomarem vareniclina, o medicamento para cessação de fumar mais popular da companhia, vendido nos EUA como Chantix.As 6,5 milhões de prescrições feitas desde 2006 resultaram em relatos amplamente divulgados sobre convulsões, psicose e depressão suicida. Em maio, o Instituto Prática de Medicação Segura (Institute for Safe Medication Practices), entidade sem fins lucrativos, documentou 988 desses "eventos adversos", levando ao imediato banimento do seu uso na aviação. A FDA (Food and Drug Administration dos EUA) agora adicionou uma forte advertência nas orientações do medicamento e a Pfizer está revisando as evidências que podem explicar os incidentes, que embora raros, são graves. A Vareniclina não é apenas um novo instrumento na cessação do tabagismo. É o primeiro de uma inteira classe de medicamentos especificamente elaborados tendo como alvo a poderosa família de receptores na superfície das células cerebrais, formada por receptores nicotínicos de acetilcolina, que podem mediar a dor, o humor, a memória, a atenção e outras funções cognitivas. Os laboratórios Abbott, Targacept e AstraZeneca desenvolveram drogas que, em ensaios clínicos, atuam em receptores nicotínicos para distúrbios de memória, de défict de atenção - hiperatividade e dor. O Instituto Nacional de Abuso de Drogas está testando a própria vareniclina para o tratamento de dependência de cocaína e álcool. Estudos pré-clínicos estão analisando outros novos compostos que atuam sobre receptores nicotínicos para a doença de Parkinson, doença de Alzheimer, depressão, colite ulcerativa e inflamação, assim como atestando a ampla influência dessa família de receptores. Na verdade, os efeitos dos receptores nicotínicos são tão amplos, que alguns mecanismos envolvidos não são completamente entendidos ainda. "É uma história que ainda está em evolução, e é muito complicada, assim como é lidar com uma droga como a vareniclina. Eu não estou surpresa que haja efeitos colaterais" diz Lorna Role, que estuda a biologia dos receptores nas Universidades de Columbia e de Stony Brook. Esse tipo de receptor de acetilcolina, que também responde por nicotina, atua como "um controle de volume" de outros neurotransmissores, de acordo com Role. "Um pouco de nicotina aumenta a liberação do transmissor" ela explica. Foi demonstrado que ele aumenta a liberação de dopamina, glutamato, GABA, todos os principais neurotransmissores. A ativação de um subtipo de receptor nicotínico conhecido como alfa4beta2 provoca a liberação de dopamina em uma parte do cérebro envolvida no reforço da recompensa, por exemplo, e aquele receptor é o alvo principal da vareniclina. Essa droga atua como um "agonista parcial" o que significa que a mesma se liga ao receptor, produzindo um moderado estímulo dirigido a adiar a remoção da nicotina. Ao fazer isso, ela impede a nicotina de alcançar o receptor, evitando que o fumante obtenha a nicotina a partir de um cigarro. Em estudos celulares, a vareniclina também atua como um potente agonista completo de outro subtipo de receptor denominado de alfa 7 que é associado com alguns efeitos cognitivos positivos da nicotina, tais como o aumento da capacidade de focar. Fonte: Scientific American Magazine - 29 de agosto de 2008 Tradução: INCA/Divisão de Controle do Tabagismo Autor: Scientific American Magazine OBID Fonte: Site do INCA
Como a gigante farmacêutica Pfizer comentou em maio, chegar primeiro tem suas recompensas, mas traz o risco da aventura em territórios não explorados. Na primavera passada a Administração da Aviação Federal dos EUA proibiu pilotos e controladores de tráfico aéreo de tomarem vareniclina, o medicamento para cessação de fumar mais popular da companhia, vendido nos EUA como Chantix.As 6,5 milhões de prescrições feitas desde 2006 resultaram em relatos amplamente divulgados sobre convulsões, psicose e depressão suicida. Em maio, o Instituto Prática de Medicação Segura (Institute for Safe Medication Practices), entidade sem fins lucrativos, documentou 988 desses "eventos adversos", levando ao imediato banimento do seu uso na aviação. A FDA (Food and Drug Administration dos EUA) agora adicionou uma forte advertência nas orientações do medicamento e a Pfizer está revisando as evidências que podem explicar os incidentes, que embora raros, são graves. A Vareniclina não é apenas um novo instrumento na cessação do tabagismo. É o primeiro de uma inteira classe de medicamentos especificamente elaborados tendo como alvo a poderosa família de receptores na superfície das células cerebrais, formada por receptores nicotínicos de acetilcolina, que podem mediar a dor, o humor, a memória, a atenção e outras funções cognitivas. Os laboratórios Abbott, Targacept e AstraZeneca desenvolveram drogas que, em ensaios clínicos, atuam em receptores nicotínicos para distúrbios de memória, de défict de atenção - hiperatividade e dor. O Instituto Nacional de Abuso de Drogas está testando a própria vareniclina para o tratamento de dependência de cocaína e álcool. Estudos pré-clínicos estão analisando outros novos compostos que atuam sobre receptores nicotínicos para a doença de Parkinson, doença de Alzheimer, depressão, colite ulcerativa e inflamação, assim como atestando a ampla influência dessa família de receptores. Na verdade, os efeitos dos receptores nicotínicos são tão amplos, que alguns mecanismos envolvidos não são completamente entendidos ainda. "É uma história que ainda está em evolução, e é muito complicada, assim como é lidar com uma droga como a vareniclina. Eu não estou surpresa que haja efeitos colaterais" diz Lorna Role, que estuda a biologia dos receptores nas Universidades de Columbia e de Stony Brook. Esse tipo de receptor de acetilcolina, que também responde por nicotina, atua como "um controle de volume" de outros neurotransmissores, de acordo com Role. "Um pouco de nicotina aumenta a liberação do transmissor" ela explica. Foi demonstrado que ele aumenta a liberação de dopamina, glutamato, GABA, todos os principais neurotransmissores. A ativação de um subtipo de receptor nicotínico conhecido como alfa4beta2 provoca a liberação de dopamina em uma parte do cérebro envolvida no reforço da recompensa, por exemplo, e aquele receptor é o alvo principal da vareniclina. Essa droga atua como um "agonista parcial" o que significa que a mesma se liga ao receptor, produzindo um moderado estímulo dirigido a adiar a remoção da nicotina. Ao fazer isso, ela impede a nicotina de alcançar o receptor, evitando que o fumante obtenha a nicotina a partir de um cigarro. Em estudos celulares, a vareniclina também atua como um potente agonista completo de outro subtipo de receptor denominado de alfa 7 que é associado com alguns efeitos cognitivos positivos da nicotina, tais como o aumento da capacidade de focar. Fonte: Scientific American Magazine - 29 de agosto de 2008 Tradução: INCA/Divisão de Controle do Tabagismo Autor: Scientific American Magazine OBID Fonte: Site do INCA
12/09/2008
ONU: Brasil é o 3º maior consumidor de anfetaminas
ONU: Brasil é o 3º maior consumidor de anfetaminas
09/09 - 08:31 - BBC Brasil
.ExternalClass #EC_yiv319470683 div.EC_coluna_principal ul.EC_opcoes li
{display:inline;}
O Brasil é terceiro maior consumidor de anfetaminas do mundo, segundo um relatório publicado nesta terça-feira pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC). Segundo o documento, o consumo dos estimulantes à base de anfetaminas foi de dez doses diárias por mil habitantes em 2004-06.
Na Argentina - país que ocupa o primeiro lugar no ranking- o consumo foi de 17 doses diárias por mil habitantes.
De acordo com a UNODC, entre os biênios de 2000-02 e 2004-06, o consumo dos estimulantes do grupo anfetamínico (ATS) produzidos legalmente aumentou em 57% nas Américas - de 7 para 11 doses diárias por mil habitantes.
Segundo o relatório, o consumo desses estimulantes foi maior do que a média em países da América do Sul, Central e do Caribe. De acordo com o documento, isso seria resultado da disponibilidade e abuso desses produtos por fontes lícitas.
No Brasil, por exemplo, a anfetamina pode ser consumida legalmente já que é a principal substância de diversos remédios para perda de peso e estimulantes.
"Esse aumento representa um padrão preocupante que indica abuso no número de receitas, o que no passado já foi associado a um risco maior de abuso dos ATS", diz o documento.
Drogas sintéticas
O relatório alerta que o consumo de drogas sintéticas como o ecstasy, anfetaminas e metanfetamina, apesar de estáveis na maioria dos países desenvolvidos, aumentou nos países em desenvolvimento, especialmente no leste e sudeste asiáticos e no Oriente Médio.
De acordo com o documento, o consumo permaneceu estável ou apresentou redução em países da América do Norte, Europa e Oceania, mas o problema se espalhou para novos mercados.
A Ásia é responsável por uma grande demanda. Em 2006, cerca da metade dos países asiáticos registraram aumento no consumo de metanfetaminas. No mesmo ano, a Arábia Saudita apreendeu mais de 12 toneladas de anfetamina - o que representa 25% de todos os ATS apreendidos no mundo. Em 2007, esse número subiu para 14 toneladas.
Esses dados refletiram no consumo global anual das drogas sintéticas, que superou o da cocaína e da heroína. Segundo as estimativas da UNODC, o mercado global dos estimulantes sintéticos movimentou cerca de US$ 65 bilhões (R$112 bi).
Ao apresentar os dados em Bangcoc, o diretor da UNODC, Antonio Maria Costa, alertou para o perigo de considerar as drogas sintéticas como "inofensivas" e comentou a transformação no modo de produção desses estimulantes.
"Há uma década, as drogas sintéticas eram uma indústria pequena. Agora, é um grande negócio, controlado por grupos criminosos organizados e que envolve todas as fases do comércio ilícito - do contrabando de substâncias químicas à produção e ao tráfico", disse Costa.
Prevenção
A divulgação do relatório foi acompanhada pelo lançamento de um novo programa da UNODC para tentar difundir informações sobre os estimulantes do grupo anfetamínico.
Chamado de Monitoramento Sintético Global: Análise, Relatos, Tendências (Smart, na sigla em inglês), o programa será direcionado aos governos - principalmente em países mais vulneráveis - para melhorar a capacidade de coletar, analisar e trocar informações sobre esses estimulantes, seu consumo e rotas de tráfico.
Segundo a UNODC, essas informações poderão ajudar os países a desenvolver programas de prevenção mais eficientes e melhorar o combate à produção dessas drogas.
Leia mais sobre anfetamina
09/09 - 08:31 - BBC Brasil
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O Brasil é terceiro maior consumidor de anfetaminas do mundo, segundo um relatório publicado nesta terça-feira pelo Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes (UNODC). Segundo o documento, o consumo dos estimulantes à base de anfetaminas foi de dez doses diárias por mil habitantes em 2004-06.
Na Argentina - país que ocupa o primeiro lugar no ranking- o consumo foi de 17 doses diárias por mil habitantes.
De acordo com a UNODC, entre os biênios de 2000-02 e 2004-06, o consumo dos estimulantes do grupo anfetamínico (ATS) produzidos legalmente aumentou em 57% nas Américas - de 7 para 11 doses diárias por mil habitantes.
Segundo o relatório, o consumo desses estimulantes foi maior do que a média em países da América do Sul, Central e do Caribe. De acordo com o documento, isso seria resultado da disponibilidade e abuso desses produtos por fontes lícitas.
No Brasil, por exemplo, a anfetamina pode ser consumida legalmente já que é a principal substância de diversos remédios para perda de peso e estimulantes.
"Esse aumento representa um padrão preocupante que indica abuso no número de receitas, o que no passado já foi associado a um risco maior de abuso dos ATS", diz o documento.
Drogas sintéticas
O relatório alerta que o consumo de drogas sintéticas como o ecstasy, anfetaminas e metanfetamina, apesar de estáveis na maioria dos países desenvolvidos, aumentou nos países em desenvolvimento, especialmente no leste e sudeste asiáticos e no Oriente Médio.
De acordo com o documento, o consumo permaneceu estável ou apresentou redução em países da América do Norte, Europa e Oceania, mas o problema se espalhou para novos mercados.
A Ásia é responsável por uma grande demanda. Em 2006, cerca da metade dos países asiáticos registraram aumento no consumo de metanfetaminas. No mesmo ano, a Arábia Saudita apreendeu mais de 12 toneladas de anfetamina - o que representa 25% de todos os ATS apreendidos no mundo. Em 2007, esse número subiu para 14 toneladas.
Esses dados refletiram no consumo global anual das drogas sintéticas, que superou o da cocaína e da heroína. Segundo as estimativas da UNODC, o mercado global dos estimulantes sintéticos movimentou cerca de US$ 65 bilhões (R$112 bi).
Ao apresentar os dados em Bangcoc, o diretor da UNODC, Antonio Maria Costa, alertou para o perigo de considerar as drogas sintéticas como "inofensivas" e comentou a transformação no modo de produção desses estimulantes.
"Há uma década, as drogas sintéticas eram uma indústria pequena. Agora, é um grande negócio, controlado por grupos criminosos organizados e que envolve todas as fases do comércio ilícito - do contrabando de substâncias químicas à produção e ao tráfico", disse Costa.
Prevenção
A divulgação do relatório foi acompanhada pelo lançamento de um novo programa da UNODC para tentar difundir informações sobre os estimulantes do grupo anfetamínico.
Chamado de Monitoramento Sintético Global: Análise, Relatos, Tendências (Smart, na sigla em inglês), o programa será direcionado aos governos - principalmente em países mais vulneráveis - para melhorar a capacidade de coletar, analisar e trocar informações sobre esses estimulantes, seu consumo e rotas de tráfico.
Segundo a UNODC, essas informações poderão ajudar os países a desenvolver programas de prevenção mais eficientes e melhorar o combate à produção dessas drogas.
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