23/12/2008

Publicação da SustainAbility analisa relatórios de sustentabilidade brasileiros

Publicação da SustainAbility analisa relatórios de sustentabilidade brasileiros
15/12/2008 - No início de dezembro, a consultoria internacional SustainAbility e a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) divulgaram o documento “Rumo à Credibilidade: uma pesquisa de relatórios de sustentabilidade no Brasil”. Parte da edição 2008 do Global Reporters - uma análise das melhores práticas em relatórios de sustentabilidade em todo o mundo - é a primeira vez que a publicação foca o estudo em um único país.
A atenção especial dedicada às iniciativas brasileiras ocorre em virtude da expansão de políticas de sustentabilidade na agenda nacional. Além disso, o país atua como líder no movimento de responsabilidade corporativa entre os demais países emergentes. Enquanto apenas 8 empresas chinesas e 12 indianas publicaram relatórios de sustentabilidade entre 2006 e 2007, 76 companhias brasileiras com o mesmo porte apresentaram publicamente seus esforços rumo à observância do triple bottom line.
“A América do Sul demorou muito para ser incorporada à competição de relatórios, mas o Brasil agora lidera o continente com exemplos de relatórios que se igualam aos padrões internacionais”, afirma John Elkington, fundador da SustainAbility. “A minha esperança é que as empresas brasileiras, ao atingir paridade com o resto do mundo, também introduzam sua criatividade nessa agenda corporativa”.
As cinco melhores colocadas do grupo apresentaram desempenho semelhante e todas as dez primeiras utilizam a terceira geração dos indicadores do Global Reporting Initiative (GRI) para pautar e avaliar suas políticas. São elas:
Empresa
Atuação
Pontuação
Natura
Higiene e beleza
54%
Suzano Petroquímica
Petroquímica
53%
Ampla
Concessionária de energia elétrica
53%
Coelce
Concessionária de energia elétrica
52%
Banco Real
Serviços financeiros
51%
Energias do Brasil
Concessionária de energia elétrica
47%
Sabesp
Concessionária de água e saneamento
46%
Bunge
Agronegócios
41%
Celulose Irani
Papel e celulose
41%
Banco Itaú
Serviços financeiros
35%
“Entre os achados, podemos apontar que quase todas as empresas da amostra explicitam seus compromissos com a sustentabilidade de forma contundente; segundo, adotam as diretrizes G3 do GRI; e em terceiro, mas não menos importante, contratam verificação externa para seus relatórios”, aponta Mirza Laranja, gerente de projetos do IDIS.
O relatório também aponta que, embora os negócios brasileiros claramente articulam seus valores, princípios e políticas ao desenvolvimento sustentável, as empresas ainda precisam mostrar como a sustentabilidade está integrada às decisões estratégicas de negócio e como as estruturas de governança trabalham para a implementação de novas políticas.
Metodologia e desafios
A metodologia proposta pela SustainAbility também utiliza as Diretrizes G3 do GRI como base para seu trabalho. A partir de 29 critérios divididos em 4 grandes áreas: Governança; Gestão; Performance; e Acessibilidade e Verificação, a pesquisa avalia a qualidade da informação dos relatórios. Depois de selecionados, eles são lidos e discutidos em um conselho técnico.
“Embora seja reconhecido o grande avanço da responsabilidade corporativa das empresas brasileiras nos últimos anos, a média de apenas 47% nos relatórios selecionados entre best-practices evidencia o caminho ainda longo para se atingir amadurecimento nessas ações”, afirma Mirza.
A mesma comparação pode ser feita entre a maior pontuação brasileira (54%) e a mundial (80%), da inglesa British Telecom.
Segundo o documento, as empresas brasileiras também precisam aprender a relatar de forma concisa os trabalhos realizados ao longo do ano em suas publicações. As publicações brasileiras têm em média 160 páginas, quanto a média da amostra mundial não chega à metade. Além disso, é preciso que as empresas brasileiras passem a utilizar melhor seus websites para a divulgação de resultados.
Leia a pesquisa, na íntegra, em português.
Dicas dos especialistas
O grupo de especialistas responsável pela pesquisa indicou cinco passos para ajudar as empresas a construir bons mecanismos de relatórios:
Mostrar integração da Sustentabilidade aos negócios;
Passar credibilidade nas informações apresentadas, como participação de stakeholders, participação da alta diretoria, mostrar as “más notícias”e apresentar indicadores – absolutos e relativos;
Selecionar questões prioritárias em sua matriz de materialidade e apresentar plano de ação para enfrentá-las;
Engajar de fato as partes interessadas na construção dos instrumentos de reporting.
Ir além do relatório em si, abrindo canais de comunicação que permitam a troca de informação ao longo de todo o tempo e instrumentos capazes de se comunicar com públicos de características e interesses distintos.