12/08/2008

Plano de aula publicado na Edição 11 - junho / 2008 - ProfessoresVulnerabilidades juvenisSerá que a juventude é mesmo vulnerável? Educadora propõe questionar os jovens sobre o tema com um roteiro de atividades em grupo, pesquisas e produção de um jornal

A psicóloga e educadora social Carolina Jardim, agente técnica do Instituto Ayrton Senna no programa SuperAção Jovem, preparou este plano de aula com base no ensaio Parcerias Saudáveis, sobre educação e saúde juvenil, que pode ser acessado nesta página. As atividades trazem aos jovens algumas questões: Será que a juventude é mesmo vulnerável? Que aspectos da juventude estão ligados a essa vulnerabilidade e por quê? Como esses temas aparecem na mídia? A proposta é levar estudantes à reflexão por meio de atividades em grupo, pesquisas e produção de um jornal que sintetizará as descobertas sobre os assuntos e refletirá as posições dos jovens.
ATIVIDADE 1 Objetivo: Explorar temas relacionados à vulnerabilidade juvenil a) Apresente aos jovens o termo “Juventude Vulnerável?” e promova uma discussão, em roda, sobre o que eles pensam sobre essa questão. Explore desde o conhecimento deles sobre o termo vulnerabilidade até os assuntos que eles imaginam estarem relacionados ao tema. Eles concordam que a juventude é mesmo um período de vulnerabilidade? Por quê? Será que a juventude é realmente uma etapa da vida em que estamos mais expostos? O que nos deixa mais expostos nessa etapa da vida? b) Para aquecer mais a discussão, apresente a eles o texto de referência e traga para a roda o seguinte trecho: “A sexualidade e o contato com drogas são dimensões da vida juvenil que podem ser abordadas na escola pela perspectiva dos direitos, com apoio dos profissionais de saúde”. Será que a escola tem abertura para trazer questões como essas para uma discussão? E os professores, se sentem preparados para abordar tais questões? Então, já que se trata de um direito dos jovens discutir sobre essas questões, eles também podem ajudar a escola a criar espaço para isso? A partir dessas reflexões, reforce que este espaço está sendo criado, a partir dessas atividades, exatamente para quebrar alguns estigmas como esses. c) Depois que a discussão tiver sido bem explorada, é o momento de os jovens pesquisarem na internet sobre o termo vulnerabilidade juvenil. A idéia é que eles pesquisem quais temas estão associados diretamente a esse termo. Provavelmente, eles encontrarão muitos temas. A sugestão é que explorem um pouco cada tema que surgir e escolham, primeiro individualmente e depois em grupos, um dos temas relacionados à vulnerabilidade. d) Podem ser formados diversos grupos, mas como alguns temas se relacionam diretamente, sugira a formação de quatro grupos de trabalho: Grupo 1: Juventude e Sexualidade (incluindo questões ligadas à saúde reprodutiva, doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, homossexualidade etc.) Grupo 2: Juventude e Drogas (incluindo o uso de drogas permitidas por lei como álcool, medicamentos, cigarro etc.) Grupo 3: Juventude e Violência (questões ligadas ao Índice de Vulnerabilidade Juvenil – IVJ e às causas que levam os jovens a serem ao mesmo tempo vítimas e autores de atos ligados à violência, tais como: desigualdade social, altos níveis de pobreza, falta de acesso ao lazer e à cultura etc.) Grupo 4: Juventude e Trabalho (incluindo todas as questões sobre a profissionalização dos jovens, níveis de desemprego, orientação vocacional, as novas formas de trabalho etc.) e) Quando todos já tiverem decidido os temas e grupos que querem formar, convide cada grupo para levantar, em nova pesquisa na internet, algumas definições sobre cada tema. Sugira a todos que digitem, no Google, ou em qualquer outro site de busca, os termos “juventude e sexualidade” (G1); “juventude e drogas” (G2) e assim por diante. f) Cada grupo irá selecionar alguns itens interessantes de cada tema, para discutir, explorar, de modo que cheguem a uma definição comum sobre o tema. g) Para encerrar, convide cada grupo para apresentar uma rápida síntese sobre o que descobriu e que ainda não sabia sobre o tema pesquisado. A cada apresentação, discuta com os grupos a relação entre todos os temas, para que associem toda a pesquisa à questão da vulnerabilidade juvenil.
ATIVIDADE 2 Objetivo: Pesquisar sobre como os temas relacionados à vulnerabilidade juvenil são vivenciados por pessoas modelares a) Para iniciar a atividade, faça uma roda de conversa com os jovens com o objetivo de refletirem um pouco sobre a maneira como os temas pesquisados são abordados pela mídia. Será que a mídia é uma formadora de opinião? E as pessoas públicas, celebridades, artistas, será que seus pensamentos e atitutes também formam nossas opiniões? Essas pessoas são, de alguma forma, modelares e se tornam espelhos para quem as admira? Explore um pouco a relação dos jovens com seus ídolos. Todo jovem tem um ídolo, uma pessoa que admira, quer ser como ela, gosta do que diz e faz. E como será que esse ídolo se relaciona com esses temas? Como será que pessoas conhecidas, públicas se colocam na mídia diante desses temas? Pesquisar sobre essas questões é também pesquisar sobre nossas próprias posturas diante desses temas? Explore bastante essa reflexão com os jovens, para dar sentido ao que farão a seguir. b) Retome os grupos de trabalho da atividade anterior. Todos já definiram seus temas e já fizeram uma boa pesquisa sobre os assuntos relacionados a cada tema. Agora, a proposta é cada grupo escolher um personagem (pode ser um artista, uma celebridade ou qualquer pessoa pública, de qualquer época) que eles saibam que esteja relacionado ao tema do grupo, de alguma forma. Traga alguns exemplos, se quiser, para ilustrar como pode ser feita essa escolha: Grupo 1: Juventude e Sexualidade: podem escolher uma pessoa famosa, ainda jovem, que seja assumidamente homossexual; uma pessoa que seja um modelo por viver sua sexualidade de maneira saudável, uma pessoa que tenha AIDS; uma mulher que tenha ficado grávida ainda na adolescência; Grupo 2: Juventude e Drogas: podem escolher uma pessoa famosa que, ainda jovem, tenha se envolvido com drogas, como maconha, cocaína, heroína ou ainda uma pessoa notadamente alcóolatra, fumante ou viciada em medicamentos. Grupo 3: Juventude e Violência: podem escolher uma pessoa famosa que, ainda jovem, cometeu algum ato infracional ligado a algum tipo de violência (assalto, homicídio, etc.) Grupo 4: Juventude e Trabalho: podem escolher uma pessoa famosa que, ainda jovem, tenha uma boa relação com o mundo do trabalho ou até mesmo uma pessoa que seja um modelo por ter enfrentado desafios em se relacionar com o mundo do trabalho. c) Se os jovens encontrarem dificuldade para escolher os personagens, sugira que façam uma breve pesquisa na internet, para ampliar o leque de pessoas famosas associadas ao tema de cada grupo. Sugestão: “pessoas famosas e drogas”; “pessoas famosas e violência” etc. d) Assim que definirem o personagem, todos os grupos receberão quatro perguntas para pesquisarem sobre a relação desses personagens com o tema específico do grupo. Eles podem pesquisar na internet, mas também em outras fontes, como revistas, guias ou livros que abordem os temas: - Como esse personagem assume, diante da mídia, a sua relação com o tema (sexualidade, drogas, violência ou trabalho)? - Depois de pesquisar sobre a vida desse personagem, o que, na opinião do grupo, levou esse personagem a assumir essa postura diante da mídia? - Qual seria, na visão de vocês, a postura ideal de uma pessoa famosa ao abordar esse tema na mídia? - A partir da pesquisa sobre esse personagem, vocês acham que essa pesquisa confirma ou nega a idéia de que a juventude é mesmo vulnerável? e) Quando todos os grupos tiverem terminado as pesquisas e construído as suas respostas, faça um rápido bate-bola com eles, para encerrar a atividade. Peça que tragam suas impressões sobre o que descobriram sobre o tema e que ainda não sabiam, se houve alguma divergência de opinião entre eles, como conseguiram chegar a um consenso, quais foram os desafios para pesquisar sobre o tema etc. Nesse momento, é muito importante que cada grupo ouça as impressões do outro, pois muitas sensações e observações tendem a ser bastante semelhantes. Retome, mais uma vez, a idéia de que o pano de fundo entre todos os trabalhos é comum.
ATIVIDADE 3 Objetivo: Sintetizar as conclusões sobre as pesquisas realizadas por meio de uma notícia de jornal a) Nessa terceira atividade, os jovens serão convidados a montar uma notícia de jornal com as pesquisas realizadas nas atividades anteriores. Cada grupo redigirá uma notícia e o tema do jornal será “juventude vulnerável?”. No entanto, eles podem e devem dar um outro título ao jornal, que represente a resposta deles sobre essa questão. b) Para apoiá-los, traga um exemplar de jornal para todos os grupos e peça que explorem bastante o jornal, extraindo qual é a sua estrutura. Eles não devem se ater aos conteúdos das matérias, mas compreender a estrutura: como é a primeira página, o que ela traz, quais são os tamanhos das letras, se elas têm ilustrações ou fotos etc. c) Todos devem trazer o que observaram e, para amarrar essa compreensão, apresente a eles como se dá a estrutura de uma notícia de jornal:  Manchete: título da reportagem que instiga o leitor para ler a notícia;  Olho: em letras menores, aparece logo depois da manchete e traz um pequeno resumo da notícia;  Texto: é a notícia em si, que irá trazer todo o conteúdo pesquisado pelos jovens, em forma de colunas;  Ilustração ou fotos: a notícia pode trazer alguma ilustração, que o próprio grupo pode fazer (uma charge, ou um grafite) que se relacione ao tema da notícia ou também uma foto (que pode ser retirada de uma outra fonte ou feita pelo grupo);  Autores: no final da notícia, há sempre o nome de quem a escreveu. d) Agora que já conhecem a estrutura, os grupos podem novamente explorar o jornal, para identificar cada um dos itens acima. Em seguida, sugira que dividam tarefas entre eles, para que todos possam participar em habilidades que se interessem, como, por exemplo: dois jovens podem ser os coordenadores do grupo, que irão analisar de tudo o que foi pesquisado, o que irá compor notícia; dois jovens farão as ilustrações (escolhem que tipo de ilustração, como ela revela o que o grupo quer falar sobre o tema e fazem o desenho ou a charge); outros dois jovens serão os responsáveis para pensar na manchete e no olho da notícia, de modo que fique bem impactante e todos se interessem em ler; outros dois jovens serão os redatores, que irão escrever o texto da notícia; outros dois serão os diagramadores, que montarão o “boneco” (uma espécie de ensaio do jornal), com o visual do texto, da manchete, do olho e da ilustração. Para isso, eles podem contar com programas de computador específicos, como o PageMaker, ou InDesign, ou programas mais básicos como o Powerpoint ou até mesmo o Word. e) Divididas as tarefas, é o momento de cada dupla realizar a sua tarefa e iniciar a execução da notícia do jornal. Eles podem ainda pedir apoio dos outros grupos, colher idéias uns dos outros, para que percebam, o tempo todo, que o resultado final será um único jornal, que traga todo o trabalho da sala. ATIVIDADE 4 Objetivo: Produzir um jornal que revele como se posicionam diante do tema da vulnerabilidade juvenil a) Todas as notícias já ficaram prontas? Então, cada grupo irá apresentar a sua notícia aos outros, da seguinte forma: um grupo escolhe outro grupo que queira entregar a sua notícia para ser lida e explorada. E escolhe também qual notícia gostaria de ler e explorar. Todos os grupos devem trocar suas notícias. b) Em seguida, dê um tempo para que todos possam ler as notícias uns dos outros, e façam uma análise, a partir da seguinte pergunta: Qual a importância dessa notícia de jornal para ampliar a discussão sobre esse tema na escola? c) Leia com eles o box com o depoimento do jovem Felipe, de 18 anos, que está no texto de referência, falando sobre sua dificuldade em não ter espaço na escola para abordar questões ligadas à sua sexualidade. Discuta com eles o trecho: “A escola só chamou um profissional uma vez para falar sobre Aids, nada mais amplo sobre saúde do jovem, sexualidade ou mesmo a questão das drogas”. d) A partir dessas reflexões, os jovens irão pensar sobre qual será o título do jornal e irão construir uma pequena notícia que resuma tudo o que irão apresentar nas quatro notícias já feitas por cada grupo. A proposta aqui é a de que eles tragam, com bastante clareza, o objetivo de tudo o que fizeram, ou seja, mostrar o quanto a atitude de pessoas públicas é modelar para que cada um se posicione diante de temas que, muitas vezes, são tabus dentro da escola ou até para os próprios jovens. e) Depois de criada a notícia, que será o elo de todas as notícias dos grupos, os jovens irão fazer a montagem do jornal. O jornal pode ser feito no formato de jornal-mural, a ser afixado em um espaço coletivo, que todos os jovens circulem, ou também pode ser um jornal virtual, a ser circulado via e-mail para os professores, equipe escolar e alunos, ou ainda, um jornal impresso, a ser distribuído para todos. f) Para encerrar,faça uma boa rodada de avaliação sobre todo o processo, questionando com os jovens se, a partir de toda a pesquisa e as conclusões que chegaram, algum deles mudou de opinião sobre os assuntos pesquisados, aprendeu algo que não sabia ou até mesmo passou a perceber que sua atitude será outra, a partir de agora, diante dessas questões.
FONTES DE APOIO AO PROFESSOR: Alunos Online: www.alunosonline.com.br. Link: sexualidade Brasil Escola: www.brasilescola.com. Link: violência Mundo Educação: www.mundoeducacao.uol.com.br. Link: drogas Portal da Sexualidade: www.portaldasexualidade.com.br Portal Drogas: www.drogas.org.br Site Jairo Bouer: www.doutorjairo.com.br Links: drogras, saúde, comportamento, meninos, meninas, prevenção, DST/AIDS. AQUINO, Julio Groppa (org.). Sexualidade na escola: alernativas teórico práticas. São Paulo, Summus, 1997. BRAUN, Ivan Mario. Drogas: perguntas e respostas. MG Editores. COSTA, Antonio Carlos Gomes. Tempo de Crescer - Adolescência, Cidadania e Participação. Fundação Odebrecht. Salvador, 1998 PICAZIO, Claudio. Sexo secreto: temas polêmicos da sexualidade. São Paulo, Summus, 1998. SERRÃO, Margarida e BALEEIRO, Maria Clarice. Aprendendo a ser e conviver. São Paulo, Editora FTD, 1999.