O programa brasileiro de prevenção contra a Aids e o vírus HIV ''atingiu a maioridade'', mas ainda conta com ''lacunas'' em áreas como gerenciamento e campanhas de informação.
É essa a opinião de Joana Godinho, especialista-sênior na área de Saúde do Banco Mundial (Bird, na sigla em inglês), que deu entrevista à BBC Brasil, por telefone, a partir de Washington, na sede da instituição.
O Bird tem desde 1988 uma parceria com o governo brasileiro na área de prevençao à Aids e já investiu um total de US$ 400 milhões em diferentes programas ligados ao combate da epidemia.
No começo dos anos 90, a epidemia de Aids vinha crescendo no Brasil e os índices de pessoas que viviam com HIV eram semelhantes aos da África. Atualmente, a taxa de soropositivos caiu para 0,6% da população adulta e o número de mortes causadas pela Aids caiu para metade.
As estimativas iniciais do Bird eram de que o Brasil teria 1,2 milhões de pessoas com o vírus da Aids até o ano 2000, mas atualmente o índice de infectados é de 620 mil.
Futuro da parceria
Os avanços feitos pelo Brasil levam a especialista até a dizer que a parceria com o banco pode até estar caminhando para o fim, já que o país ''começa a deixar de precisar do auxílio técnico e financeiro do Bird''.
Mas ela vê a necessidade de progressos em diferentes setores, como o de informações relativas aos grupos considerados mais vulneráveis: homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e mulheres grávidas.
Godinho afirma que o mais recente programa aprovado pelo Bird, chamado Aids-SUS, quer contornar esse problema, trabalhando mais de perto com o Sistema Único de Saúde (SUS) e procurando obter dados mais específicos a respeito destes grupos.
''Como a epidemia está a avançar para o interior do país, entre grupos mais pobres e entre as mulheres, é preciso atuar muito mais com o SUS para alcançar pessoas em comunidades mais remotas, por exemplo, no Norte e no Nordeste. Essa seria uma importante área de trabalho, garantir o acesso à cobertura dos novos grupos atingidos pela doença.''
Gerenciamento
A especialista acredita ainda que seria preciso progredir no sistema de gerenciamento dos programas de combate à Aids. ''Outros setores da sociedade brasileira têm avançado para a gestão de resultados'', através dos quais ''municípios e Estados recebem financiamentos baseados em programas de monitoramento e avaliação''.
Godinho acredita que o programa brasileiro é um sucesso porque há uma sintonia entre os diversos participantes envolvidos com o combate e a prevenção da doença.
''Temos no Brasil uma parceria entre todos os vários envolvidos. As pessoas com HIV estão muito ativas e organizadas e defendem os seus interesses. Há hoje mais de mil organizações da sociedade civil que trabalham na questão dos direitos, prevenção e aconselhamento e o governo exerce suas responsabilidades nas áreas de tratamento e prevenção''.
Conferência
A especialista do Bird acredita que a experiência brasileira servirá de modelo durante a 27ª Conferência Internacional sobre Aids, a ser realizada entre os dias 3 e 8 de agosto, na cidade do México.
O evento contará com a participação de representantes de diversos países, entre eles o Brasil, além da presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, e do ex-presidente americano Bill Clinton, atualmente à frente de uma fundação que financia programas de combate à Aids.
''O Brasil está desenvolvendo muitas parcerias no âmbito sul-americano, além de exportar medicamentos retrovirais para países como Bolívia e Paraguai, e para nações africanas de língua portuguesa, como Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Cabo Verde'', afirma.
''O Brasil tem um grande manancial de conhecimento nessa área, que já está sendo exportado. E pode fazer ainda muito mais'', conclui Godinho.
Este blog foi criado para intercambiar minhas relações profissionais. Pouco coisa será postada de cunho pessoal, reserva-se a acompanhar as relevâncias socias em diveros níveis, com conteúdos de raça, credo, gênero, políticas públicas, violência, com recorte especial as questões voltadas para área da saúde. Os assuntos postados com certeza vão servir de um banco de dados para mim, quanto para aqueles e aquelas que buscam informações nesta área.