Publicada em: 21/08/2009
Comissão debate política de repressão às drogas no Brasil
O presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, foi aclamado presidente da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia. Rubem Cesar Fernandes, diretor-executivo do Viva Rio, foi eleito secretário. A primeira reunião dessa Comissão - uma iniciativa do Viva Rio que reúne 27 membros, entre personalidades da sociedade civil, juristas, médicos, cientistas políticos, economistas e esportistas - ocorreu nesta sexta-feira (21/08), na Fiocruz. Gadelha, que abriu a reunião, disse que a repressão contra as drogas não tem dado resultados e é necessário promover políticas públicas de redução de danos para os usuários. "É preciso rever a política de drogas no Brasil", afirmou ele, acrescentando que a Fundação está pronta para contribuir para que se criem políticas para a promoção de saúde, pois desenvolve diversas pesquisas nessa área. Gadelha afirmou, ainda, que os indivíduos e a coletividade devem aprender a conviver com os riscos e encontrar formas de superá-los.
Também presente ao encontro, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que "é impossível imaginar um mundo sem drogas, da mesma forma que não se concebe um mundo sem sexo. Foi assim que, no Brasil, investimos nas campanhas que promovem o sexo seguro e que são reconhecidas internacionalmente". Ele enfatizou que "toda droga faz mal e isso tem que ser dito e redito". Fernando Henrique afirmou, ainda, que descriminalizar a posse de drogas para uso pessoal não é o mesmo que liberar, lembrando a sugestão manifestada em relatório pela Comissão Latino-Americana sobre Drogas e Democracia, da qual foi um dos personagens mais destacados. Para o ex-presidente, o usuário deve ser encarado como paciente, não como criminoso. O combate tem que ser feito ao tráfico, não ao paciente, que é caso de saúde pública e, em sua opinião, deve ser tratado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O programa da reunião consistiu de uma série de diálogos com especialistas sobre aspectos importantes referentes às drogas nos campos da farmacologia e da história recente, e também sobre a possibilidade de políticas mais eficazes e mais humanas no enfrentamento do problema. Uma iniciativa do Viva Rio, a Comissão Brasileira tem entre seus 27 membros personalidades da sociedade civil, juristas, médicos, cientistas políticos, economistas, esportistas, entre outros. Segundo Rubem Cesar, "a comissão é claramente heterogênea, composta por pessoas dos mais diversos segmentos da sociedade, exatamente porque queremos facilitar o debate sobre as drogas entre a população, o que ainda é um grande tabu".
(Ricardo Valverde/ Agência Fiocruz de Notícias).
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