13/03/2009

Vigilância Sanitária retira "Kit Ressaca" das farmácias de São Luís

Vigilância Sanitária retira "Kit Ressaca" das farmácias de São Luís



Data de Publicação: 11 de março de 2009

A Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Superintendência de Vigilância Sanitária, deu início na tarde desta quarta-feira, dia 11, à fiscalização e busca do chamado “Kit Ressaca” nas farmácias de São Luís.

O Kit Ressaca é um combinado de três medicamentos comercializados com o intuito de amenizar os efeitos do excesso de bebida alcoólica.

A fiscalização é uma determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 8 de março.

Segundo o Chefe do Departamento de Produtos da Vigilância Sanitária, Paulo Jessé, a ANVISA recebeu a informação de que o kit estava sendo vendido a preços promocionais. A venda casada de medicamentos não é permitida.

“Os medicamentos que compõem o kit não podem ser vendidos desta forma. A venda só é permitida separadamente, mas com a formação de kits promocionais não”, disse Paulo Jessé.

A farmácia que for flagrada comercializando o produto poderá sofrer sanções sanitárias e até determinação de fechamento do local, além de multas.

O Kit Ressaca era composto por Hepatox (para o fígado), Gastroliv (espécie de sal de frutas) e Nerlagymm (para dor de cabeça).

“O problema do uso combinado de medicamentos é o aumento de efeitos colaterais” ressaltou Paulo Jessé.

A fiscalização em São Luís teve início pelas farmácias do João Paulo, Bairro de Fátima, Cohab, Cohatrac, e terá prosseguimento em todos os bairros da capital.

Nessa primeira etapa da fiscalização, nenhuma farmácia de São Luís foi encontrada comercializando o produto.

Saúde promove o II Seminário sobre Beribéri em Santa Inês

Saúde promove o II Seminário sobre Beribéri em Santa Inês



Data de Publicação: 5 de março de 2009

Alta Resolução
Com o tema “Epidemiologia e Boas Práticas na Cadeia Produtiva do Arroz”, foi realizado nesta quinta-feira, 05, no auditório do Hotel Pers, em Santa Inês, o II Seminário sobre Beribéri. Além de levar informações sobre as práticas agrícolas adequadas ao cultivo do arroz, o seminário é uma oportunidade de sensibilização dos profissionais envolvidos para a continuação do processo evolutivo do quadro situacional da doença.

Promovido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Superintendência de Vigilância Sanitária, e em parceria com o Ministério da Saúde (MS), o seminário reuniu secretários municipais de saúde e de agricultura, agentes comunitários de saúde, proprietários de usinas de arroz, agricultores, técnicos agrícolas e da vigilância sanitária dos doze municípios que compõem a unidade regional de Santa Inês.

Durante a solenidade de abertura estiveram presentes o Superintendente de Vigilância Sanitária da SES, Arnaldo Muniz Garcia e os representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAGRO), Talita de Sousa Lima, Deise Menezes Ribeiro e Urbano Antonio de Castro, respectivamente.

Como parte das ações previstas no Plano Estadual de Enfrentamento da Síndrome Neurológica Beribéri, o seminário propiciou a apresentação de temas como o perfil epidemiológico do beribéri no Maranhão, o processo de regulação e fiscalização das processadoras de arroz, o problema de saúde pública em decorrência da presença de micotoxinas nos alimentos e as boas práticas no plantio, colheita, armazenamento e secagem de grãos.

Para o superintendente da Vigilância Sanitária da SES, Arnaldo Muniz, é necessário que as ações de controle da doença sejam permanentes. “Este encontro é uma forma de auxiliar os profissionais na fiscalização e no monitoramento das usinas de arroz, através da inspeção de umidade e temperatura do arroz e do grão”, destacou. Para isso, segundo o superintendente, serão entregues aos 33 municípios prioritários, medidores para o controle de umidade e temperatura do grão.

Maranhão será o primeiro estado do país a receber a Caravana do SUS

Por: Lucienne Santos - SES
Data de Publicação: 11 de março de 2009

O Conselho Estadual de Saúde (CES) reuniu-se na última segunda-feira (9), com representantes de conselhos municipais e sociedade civil organizada para mais uma discussão sobre a programação da Caravana em Defesa do SUS. O Maranhão será o primeiro estado brasileiro a receber as atividades da caravana, cujo lançamento está marcado para o dia 19, no Rio Poty Hotel.
A caravana faz parte da agenda política do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e tem como tema central a defesa do Sistema Único de Saúde como Patrimônio Social e Cultural da Humanidade. A gestão do trabalho, o modelo de atenção, o financiamento, o controle social, a intersetorialidade, o complexo produtivo de saúde e a humanização do SUS também farão parte das discussões suscitadas pela caravana, que será lançada oficialmente nesta quarta-feira (12) em Brasília.
O Ministério da Saúde, bem como as Secretarias estaduais e municipais, o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) e os movimentos sociais são parceiros do CNS nesta ação. Cada estado é responsável por definir a sua programação, numa construção coletiva que conta com o apoio de diferentes instituições.
Na primeira reunião, foi constituído o Comitê Operacional de Articulação, que envolve representantes do próprio CES, do Conselho Municipal de Saúde de São Luís, das Secretarias Estadual e Municipal de Saúde e do Ministério da Saúde. No último encontro, a participação foi ampliada com a intenção de definir a programação da caravana para a capital e o interior, depois do lançamento estadual do dia 19.
A técnica da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) do Ministério da Saúde, Bianca Coelho, fez um resumo das atividades da Caravana, que nasceu das discussões travadas no Fórum Social Mundial de Saúde, realizado recentemente em Belém do Pará.
“Uma de nossas propostas é fortalecer o SUS, buscando a repolitização e o reencantamento pela reforma sanitária”, disse Bianca Coelho, informando que as atividades da caravana serão antecedidas pela Mostra de Humanização, que será promovida pela Secretaria Municipal de Saúde de São Luís, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), entre os dias 16 e 20 de março.
Dos encaminhamentos extraídos da reunião, conduzida pelo vice-presidente da CES, Américo Soares Araújo, ficou acertado a elaboração de um documento-base para coleta de assinaturas que embasará o processo de titulação do SUS como Patrimônio da Humanidade. As instituições parcerias também poderão encaminhar ao conselho as programações internas que serão desenvolvidas neste período.
“Teremos uma reunião em Brasília nos dias 11 e 12 de março, onde nós receberemos mais informações sobre a caravana, que será uma grande mobilização em defesa do SUS”, destacou Américo Araújo, destacando que o CES já começou a convidar as organizações governamentais e não governamentais e instituições de ensino para a abertura da caravana.

12/03/2009

Intervenção do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional e Presidente do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, General

Intervenção do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional e Presidente do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, General Jorge Armando Felix, no Debate Geral do Segmento de Alto Nível da UNGASS
11 de março de 2009

Senhor Presidente,

A revisão das propostas e metas estabelecidas e firmadas pelos países membros, durante a 52ª Sessão Especial da Assembléia Geral das Nações Unidas (UNGASS), em 1998, enseja a oportunidade de reflexão acerca dos avanços e desafios em relação às estratégias para a contenção do problema das drogas, e reitera o comprometimento assumido pelo Brasil com a comunidade internacional e com o seu próprio povo na matéria.
No esteio das respostas brasileiras aos compromissos firmados em âmbito internacional, importantes conquistas têm sido alcançadas em termos de fortalecimento institucional e incremento das condições para o enfrentamento do fenômeno das drogas.
Em 1998, o Brasil criou a Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), diretamente vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, com a missão de articular e coordenar a elaboração da política nacional antidrogas. De imediato, a nova Secretaria deu início ao processo de construção da política, concluído em 2002, com a aprovação da Política Nacional Antidrogas.
Com a eleição do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, os fundamentos da Política foram reavaliados e atualizados, levando-se em consideração os novos achados da ciência, as transformações sociais, políticas e econômicas pelas quais o Brasil e o mundo vinham passando. Como resultado de um amplo processo de participação popular, mediado pela comunidade científica, foi lançada, em 2005, a Política Nacional Sobre Drogas, assentada em fundamentos científicos, com uma abordagem ampla e equilibrada do tema, sob os aspectos da Saúde Pública, dos Direitos Humanos e das garantias constitucionais de cada cidadão.
Esse documento de Estado vem, ao longo dos últimos anos, demonstrando o forte empenho do Governo brasileiro na superação das barreiras do sectarismo, comprovando que a intersetorialidade e a responsabilidade compartilhada nas ações de redução da demanda e da oferta de drogas nos permitem ir além da discussão simplista, apaixonada e polarizada entre os modelos proibicionista e de legalização.
Progresso não menos significativo refere-se à modernização legislativa que tem sido levada a termo no país. A nova Lei sobre Drogas, de 2006, instituiu o Sistema Nacional de Políticas Públicas Sobre Drogas, que, de modo inovador, diferenciou as figuras do traficante e do dependente químico, assegurando tratamento diferenciado a esses diferentes atores. Da mesma forma tipificou o crime de financiamento do narcotráfico, objetivando a descapitalização do crime organizado.
No conjunto dos esforços relacionados à redução da oferta de drogas, o Governo brasileiro tem adotado estratégias de intervenção cada vez mais intensas para o monitoramento das fronteiras, o controle de precursores, a erradicação de cultivos ilícitos, a desarticulação do narcotráfico e o combate à lavagem de dinheiro. Cabe salientar que, em relação ao controle de psicotrópicos, entorpecentes e precursores, houve, também, avanços significativos na legislação nacional sobre vigilância sanitária, imprimindo maior rigor à fiscalização do comércio nacional e internacional de substâncias controladas – com a inclusão de dispositivos ainda mais rigorosos que os previstos por esta Organização das Nações Unidas. A regulamentação da publicidade de medicamentos também se tornou mais criteriosa, passando a abranger anúncios veiculados na internet.
Tanto na esfera da redução da oferta, por meio de ações de fiscalização e policiamento ostensivo, como na redução da demanda, a intensificação da cooperação internacional tem sido uma estratégia amplamente utilizada pelo Governo, no sentido de otimizar esforços e articular soluções capazes de reduzir o impacto do consumo e do tráfico de drogas.
No campo internacional, o Brasil consolidou, na última década, atuação destacada nos diversos foros multilaterais, subregionais e regionais sobre o tema. No nível bilateral, mantém estreito diálogo e cooperação com vários países, mormente com os vizinhos da América do Sul.
No que concerne à área da redução da demanda de drogas, o Brasil tem pautado suas ações em estreita articulação com a comunidade científica, no estabelecimento de parcerias estratégicas e na produção de diagnósticos sobre padrões de consumo de drogas, que norteiam o planejamento das intervenções adotadas. Seguindo estas diretrizes e, atento aos compromissos quanto à dimensão ética e à perspectiva dos direitos humanos, o país tem buscado soluções isentas de conotação moral, valorizando e promovendo intervenções de redução de danos como estratégia de saúde pública. Outra importante orientação política e estratégica, que tem pautado as ações na área de redução da demanda, refere-se ao reconhecimento e a valorização de alternativas geradas pelas próprias comunidades. Foram realizados relevantes processos de capacitação, a partir de informações científicas, atualizadas e desprovidas de preconceito, para os diversos atores implicados na abordagem do problema das drogas nos seus respectivos espaços de atuação. Soma-se a esta estratégia, a ampla discussão do tema colocado na agenda pública, como um avanço irreversível, envolvendo e comprometendo os diversos segmentos sociais na construção coletiva das alternativas de enfrentamento da questão.
Em dezembro de 2008, o Brasil deu mais um importante passo na modernização legislativa e na garantia dos direitos humanos, ao estabelecer que conduta que não envolva prática de mercancia não pode ser considerada como tráfico ilícito de drogas. Com essa medida, permite-se tratamento diferenciado entre pequenos e grandes traficantes de drogas. Nesse sentido, a nova Lei de drogas brasileira já, em 2006, aboliu definitivamente a pena privativa de liberdade para o cidadão usuário de drogas.
Nesta década, é preciso reconhecer o quanto evoluímos, o que nos dá a satisfação de poder compartilhar hoje, no contexto deste Segmento de Alto Nível, os avanços conquistados. Isto, porém, não nos autoriza a considerar cumprida a missão.
Temos clareza de que as metas de um “mundo sem drogas” se mostraram inatingíveis, com visível agravamento das “consequências não desejadas”, tais como aumento da população carcerária por delitos de drogas, aumento da violência associada ao mercado ilegal das drogas, aumento da mortalidade por homicídio e violência entre jovens - com reflexo dramático nos indicadores de mortalidade e de expectativa de vida da população. Agregue-se a isso exclusão social por uso de drogas, a ampliação do mercado ilegal e a emergência de novas drogas sintéticas.
O processo de revisão da UNGASS aponta a necessidade de uma avaliação sistemática das políticas sobre drogas. Neste momento histórico, que oferece aos Estados Membros a oportunidade de repensar os caminhos percorridos e os leva, ademais, a refletir sobre os desafios ainda existentes, o Brasil não apenas valida os compromissos assumidos, mas reafirma e persegue a necessidade de avançar com firmeza:
§ no reconhecimento das estratégias de Redução de Danos, como medida de ampliação de acesso às ações de saúde pública dirigidas aos dependentes de drogas e aos portadores de HIV/AIDS;
§ na garantia dos Direitos Humanos dos cidadãos usuários de drogas;
§ na correção do desequilíbrio entre os investimentos destinados as áreas da Redução da Demanda e Redução da Oferta de Drogas;
§ na ampliação das ações e programas de prevenção baseados em evidências científicas, com ênfase nos segmentos populacionais vulneráveis ao consumo de drogas;
§ na ampliação do acesso à atenção e à reinserção social de usuários de drogas problemáticos, reconhecendo a importância de diferentes abordagens e modelos de tratamento;
§ no aumento dos investimentos na produção do conhecimento científico na área de drogas.

Muito Obrigado, Senhor Presidente!

पाज़ कामो से फ़ज UNESCO

Paz - como se faz?
'Semear a paz nas escolas' é o objetivo do programa Paz nas Escolas,que iniciou pelo Estado do Rio de Janeiro e se propagou a váriosoutros, numa parceria entre a UNESCO, a Associação Palas Athena egovernos estaduais.
Para acessar o download em PDF da íntegra da cartilha Paz - como sefaz, de autoria das Profas. Lia Diskin e Laura Gorresio Roizman, cliquena figura abaixo e procure o link 'Gente que faz a paz', instalado no siteda Associação Palas Athena. Vá até o tópico 'Capacitação Agentes daPaz'.
Boa leitura!, e que esta cartilha contribua para a construção de ummundo mais digno e harmonioso, de justiça, solidariedade, liberdade eprosperidade para os jovens e as gerações futuras। http://www.comitepaz.org.br/Cartilha.htm


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Acordo na Justiça encerra impasse em Alcântara

Acordo na Justiça encerra impasse em Alcântara

SÃO LUÍS - Moradores das comunidades quilombolas de Mamuna, Baracatatiua e Brito, do município de Alcântara, e representantes a empresa binacional Alcântara Cyclone Space firmaram na tarde de ontem um acordo para permitir a realização de estudos de impactos ambientais na área ocupada pelas comunidades para a expansão do programa Espacial Brasileiro, inviabilizados pela assistência dos moradores. Com o consenso, empreendimento poderá continuar no município. O acordo foi firmado em audiência pública coordenada pelo juiz federal José Carlos do Vale Madeira e o procurador da República Alexandre Silva Soares para estabelecer prazos para o início das obras, evitando que aconteçam novos atrasos nas atividades do programa espacial brasileiro e, ao mesmo tempo, respeitando o espaço e os aspectos culturais dos remanescentes de quilombolas.

“Essa audiência privilegia a conciliação para não comprometer ainda mais o programa, buscando alternativas que evitem novos conflitos que estão em estado latente e que virão à tona caso a comunidade não tenha seus direitos respeitados”, argüiu o juiz federal José Carlos Vale Madeira na audiência.

Pelo entendimento dos envolvidos, a empresa deverá apresentar o projeto e todos os detalhes dos estudos ambientais para a comunidade em reunião que será realizada na comunidade de Mamuna, no próximo dia 22. Em seguida, as pesquisas serão iniciadas e devem ser concluídas em no mínimo três meses. Esses estudos são obrigatórios pelo Instituto Brasileiro de Recursos Naturais e Renováveis (Ibama) para autorizar a instalação da empresa dentro dos limites do CLA. De acordo com a Cyclone Space, a participação das comunidades nessa etapa do projeto é fundamental para a obtenção de dados a respeito das condições sociais e econômicas dos moradores de Alcântara, diagnosticando quais as suas necessidades, como vivem e quais as perspectivas em relação ao projeto. Entretanto, por causa da resistência ao diálogo, esse trabalho não estava sendo possível e a partir de agora uma nova etapa será iniciada.

“Acredito que essa decisão foi satisfatória para todas as partes, pois, caso a decisão fosse a partir da esfera judicial, uma parte teria ganho de causa e a outra ficaria insatisfeita. Desse forma, foi mais positivo, pois cada um cedeu de um lado e chegamos a um ponto em comum”, avaliou o gerente de Comunicação da Alcântara Cyclone Space, Gustavo Tourinho.

Vigilância

A decisão coloca fim a um impasse que se estendia desde dezembro do ano passado, quando técnicos da empresa foram impedidos de adentrar o território das comunidades para dar início aos trabalhos ambientais. Com o entrave, a empresa poderia não conseguir cumprir o calendário de implantação que prevê o lançamento do foguete ucraniano Cyclone 4, no próximo ano, mas, apesar do atraso, o lançamento inda está garantido pela empresa.

Apesar das dificuldades, não existe a possibilidade da empresa sair do Maranhão, pois a fundação foi estabelecida em tratado internacional envolvendo a Ucrânia e o Brasil e tinha como referência geográfica, o município de Alcântara. Inicialmente, a área que a empresa iria ocupar causaria impacto diretamente nas comunidades, causando remanejamentos. Mas em setembro do ano passado, a empresa anunciou que iria ocupar apenas uma área já pertencente ao Centro de Lançamento de Alcântara, reduzindo as atividades de lançamentos comerciais. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alcântara, Samuel Araújo Morais, um dos representantes das comunidades quilombolas, a audiência conciliatória também foi considerada satisfatória. “Aparentemente, o trabalho que eles querem realizar ficou mais transparente. Espero que esse acordo seja mantido. Nós estamos dispostos a colabora e a participar de todo o processo, perceber o que é bom para nós também”, frisou.

Segundo o procurador da República, Alexandre Silva Soares, o acordo homologado será fiscalizado permanentemente pelo Ministério Público Federal, incluindo os resultados dos levantamentos ambientais que serão iniciados no próximo dia 22.

“O Ministério Público continuará fiscalizando todos esses trabalhos, inclusive, os estudos ambientais que serão apresentados em audiência pública para uma avaliação de críticas e sugestões”, concluiu.

Fonte: imirante.com

Brasil ainda deve ao IDH

Brasil ainda deve ao IDH

A América Latina é uma das regiões com o maior índice de desigualdade social no mundo. E o Brasil, infelizmente, ocupa lugar de destaque, como pode ser observado no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) a cada ano.

Além do IDH, a representação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) de cada país publica o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH), que ajuda a levantar os problemas mais críticos para a qualidade de vida e o bem-estar da população mundial.

Esse tipo de relatório começou a ser feito em 1990. Dois anos depois, Camarões e Bangladesh foram os primeiros países a produzir o seu relatório nacional. O Brasil teve seu primeiro relatório nacional feito em 1996 e o mais recente em 2005, este com o tema central “Racismo, Pobreza e Violência”.

O Pnud Brasil prepara agora a confecção de um novo relatório para 2010, coincidentemente o ano em que o IDH completa 20 anos. “Até hoje o Brasil fez dois relatórios e um atlas. Agora teremos a oportunidade de produzir um relatório diferente, porque não se limitará a dados técnicos e estatísticos, mas começará com uma consulta à sociedade”, disse Flávio Comin, coordenador da campanha Brasil Ponto a Ponto. Entre as inovações estão a formulação de cadernos, o fato de ser escrito e distribuído para o grande público, a inclusão de uma análise crítica e propositiva de novas maneiras de medir o IDH e a viabilização do comprometimento pelos governos com ações práticas e mudanças concretas.

A campanha tem como principal objetivo escolher o tema do próximo relatório brasileiro por meio de uma consulta pública. “O que estamos propondo nunca foi feito antes: uma consulta aberta, ampla, por adesão e com uso de instrumentos diferenciados como a internet, para que toda a população possa participar”, disse Flávio. Ainda segundo o coordenador da campanha, só com a ajuda da opinião pública será possível descobrir fatos relevantes a serem levantados pelo relatório. “Normalmente os temas são escolhidos ou pelas coordenações regionais ou pelos governos, com resultados muito parecidos. É importante pensarmos em novas perspectivas”, afirmou.

Um segundo objetivo é a promoção da discussão pública sobre os grandes problemas nacionais dentro de uma perspectiva de desenvolvimento humano. Na opinião de Comin, apenas por meio da reflexão e da discussão é possível perceber o que é mais importante para a cidadania plena. “Às vezes, o que é importante para a vida de uma pessoa pode não ser tanto para outra, como a riqueza, por exemplo. O que queremos é explorar esse conceito de satisfação e autovalorização”, disse.

Os trabalhos começaram em novembro de 2008, quando foram ouvidas 2.500 pessoas em audiências públicas e visitas técnicas. “Nessas ocasiões, foram consultados órgãos de governo, organizações da sociedade civil para entender as demandas da população sobre problemas e sugestões de temas para o relatório. Foram realizadas audiências públicas em Belo Horizonte, São Paulo, Belém, Brasília, Porto Alegre, João Pessoa e Rio de Janeiro”, ressaltou o coordenador do projeto.

Além disso, durante mais de um mês o Pnud visitou os dez municípios brasileiros de menor IDH – Traipu (AL), Manari (PE), Guaribas (PI), Caraúbas do Piauí (PI), Araioses (MA) e Santana do Maranhão (MA) –, a fim de fazer uma leitura mais inclusiva dos problemas sociais. E ainda foram convidados a participar dessa consulta 4.000 cursos de pós-graduação em todo o Brasil. “O Portal dos Voluntários e o Pnud disponibilizaram em seu site uma enquete para que a população pudesse responder à consulta”, lembrou Flávio.

Consulta pública

A partir de agora e até o dia 15 de abril, qualquer pessoa pode dar sua resposta para a pergunta “O que precisa mudar no Brasil para a sua vida melhorar de verdade?”. É só acessar a página http://www.brasilpontoaponto.org.br/ e postar sua opinião, escrita ou gravada em vídeo. “Por meio dessas contribuições, estaremos construindo um relatório a partir dos brasileiros, dos indivíduos, das pessoas”, declarou Comin. Sua equipe espera contar com mais de 1 milhão de participações até o final da pesquisa.

De acordo com ele, com a ajuda de parceiros serão abertos outros canais para que as pessoas possam expressar sua opinião. “Sabemos que muitos ainda não têm acesso à internet. Então firmamos parceria com uma empresa de telefonia celular para que o participante possa enviar um SMS com sua resposta. Além disso, contamos com outras formas de apoio, como o de uma empresa de cosméticos que fará a pesquisa entre suas mais de 750 mil consultoras e seus clientes”, disse.

Outro parceiro importante, segundo Comin, é o Conselho Nacional de Educação (Consed), que levará a pesquisa para as escolas públicas de 18 Estados brasileiros. “Com isso atingiremos 1 milhão de alunos. Se metade desse contingente responder, já será um grande passo.”

É importante destacar que a pesquisa e o relatório não fazem parte da formulação do IDH mundial, que se utiliza de fórmulas matemáticas e conceitos declaradamente ultrapassados para definir o bem-estar de uma população. “Hoje, o IDH compara três dimensões que são o conhecimento, a saúde e o padrão de vida. As formas de se contabilizar essas informações há muito tempo vêm sendo questionadas. Mas não é nossa intenção reformular esses padrões, até porque é um relatório regionalizado. É claro que com o levantamento dos resultados surgirão informações que poderão transformar-se em propostas que ajudarão a melhorar a coleta de dados e a obtenção de resultados. Mas não é essa a intenção principal da campanha”, alertou Comin.

Para ele, é cada vez mais evidente que as pessoas aspiram a mais do que dinheiro para ter melhor qualidade de vida. “Nos primeiros resultados, observamos que têm sido muito valorizados pela população itens como melhor qualidade da educação e a formação de valores por meio dela, solidariedade e respeito ao próximo e implementação de políticas públicas de inclusão. Essa nova metodologia implantada pela equipe da campanha quer mostrar aos brasileiros que sua opinião conta e que a riqueza de um país está na sua gente”, finalizou.

Por Fabrício Ângelo (Envolverde), de Brasília. Edição de Benjamin S. Gonçalves

01/03/2009

Proteja sua boca e evite sustos pós-Carnaval

Proteja sua boca e evite sustos pós-Carnaval Passe longe das doenças transmitidas pelo beijo ou pelo sexo oral
Samba, suor, cerveja e... claro, muita sedução! Essa fórmula é praticamente infalível para quem quer um carnaval cheio de boas recordações. A agitação dos quatro dias de folia é tamanha que os foleões ficam soltinhos, soltinhos e cheios de amor para dar. O beijo rola solto na praia, na balada, nas ruas, na avenida ou em qualquer cantinho ao som do batuque.
Só é preciso tomar cuidado com um temido inconveniente. Muitas doenças, das odontológicas às sexualmente transmissíveis (DST), podem ser transmitidas pela boca, através do beijo ou do sexo oral. Mas foi só um beijinho! Não importa. Existem vários tipos de doenças potencialmente transmissíveis por uma simples troca de saliva e uma delas é inclusive como a doença do beijo a mononucleose. Isso sem falar em cárie, gengivite, candidíase, herpes labial e genital, tuberculose, hepatite, sífilis e gonorréia. O ritmo alucinado da farra, com muitas horas de agito somadas a uma má alimentação e a ingestão de álcool e drogas em excesso, abre as portas do organismo para a entrada de vírus e bactérias. "Para que a contaminação aconteça, é preciso haver a combinação entre a carga infectante em um dos indivíduos e a baixa resistência no outro" , alerta o infectologista Paulo Olzon, da Unifesp. A outra má notícia para os beijoqueiros é que a melhor forma de se proteger com relação a transmissão de doenças pela boca é abstinência ou, pelo menos, uma boca mais comedida, evitando beijar muitas pessoas em pouco tempo ou. "Este cuidado vale para todas as pessoas sadias. Mas, para aquelas com alguma ferida em boca, ele é determinante" , alerta o dentista Pantelis Varvaki Rados, consultor de Estomatologia da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Inflamações, como aftas e gengivite, sensibilizam a mucosa e facilitam a entrada dos micróbios. "As doenças de maior risco de transmissão são o herpes bucal, em especial os com lesões ativas, e a mononucleose infecciosa, definitivamente transmitida pelo beijo", avalia Pantelis.
Há ainda a candidíase, que surge principalmente quando você está com a resistência baixa. O contágio também pode ocorrer por meio de copos e talheres, mas cada vez com menor probabilidade.Segundo uma pesquisa publicada no jornal da Academia de Odontologia Clínica Geral dos EUA, em 2002, cerca de 90% dos pacientes analisados que contraíram o componente oral de uma doença sexualmente transmissível (como a gonorréia)não apresentam sinais evidentes de contágio. Os outros 10% exibiam sintomas como inflamação ou edema na gengiva e hemorragia características de outra doença, a dolorosa gengivite necrosante ulcerativa, que apresenta um odor desagradável. "O cirurgião-dentista pode reconhecer os sintomas orais de uma DST e instruir o paciente a procurar um profissional de saúde para o correto diagnóstico! , alerta o dentista Pantelis Varvaki Rados. Para reduzir o risco de contaminação através de sexo oral, a regra básica é praticar sexo seguro e usar camisinha. De acordo com o médico infectologista Paulo Olzon, não há estudos científicos suficientes que comprovem a transmissão do vírus HIV, da Aids, por via oral. "A contaminação do vírus pela boca é extremamente difícil, isso ainda não foi comprovado", diz Olzon. O risco de transmissão do HIV através do beijo na boca poderia ser maior entre as pessoas que usam body-piercing na língua ou lábios, mas só quando não houve cicatrização ou há sangramento no lugar do corte mesmo caso de quem usa aparelho ortodôntico e, muitas vezes, tem a mucosa bucal ferida.O especialista em estomatologia e professor da USP, Francisco Pacca, considera a região onde o piercing é colocado uma via de entrada para todos os microorganismos. Pacca fez um estudo com 100 pacientes usuários de piercing bucal, realizando a biópsia das áreas próximas ao acessório. "Em todos os pacientes foram encontradas alterações microscópicas, seja por infecção, inflamação e modificações epiteliais" , conclui.Boca-a-boca A seguir, conheça as principais doenças que podem ser transmitidas quando você resolve brincar de salada mista cárie: causada por bactérias, é a mais comum das doenças odontológicas. Para prevenir, basta fazer a higienização adequada, com escovação dos dentes e limpeza com fio dental.gengivite: trata-se da inflamação da gengiva que, quando não tratada, evolui para um quadro de periodontite. Gengivas vermelhas e sangrantes, raramente dolorosas, caracterizam o mal. "Cáries e doenças periodontais são causadas por bactérias, microorganismos transmitidos por um simples beijo na boca. Mas isso não significa que o contato seja capaz de provocar a instalação da doença" , explica o especialista em estomatologia, Francisco Pacca. hepatite: há risco de transmissão do tipo B da doença, caso haja lesões e feridas na mucosa bucal. O tipo A é transmitido por fezes e o tipo C, apenas por agulhas.herpes: o vírus pode ser transmitido mais facilmente na fase aguda, quando está em plena atividade e deixa a boca cheia de pequenas bolhas. A herpes tipo 1 é caracterizada como labial e a tipo 2 como genital, mas com a prática do sexo oral, o vírus do tipo 1 pode causar a genital e vice-versa , explica o médico infectologista, Paulo Olzon. candidíase: também conhecido como sapinho, caracteriza-se por áreas brancas na mucosa que, quando raspadas, deixam a região vermelha e sangrante. gonorréia: apresenta vermelhidão, ardência e prurido na mucosa. Raramente faz feridas mononucleose: popularmente chamada de doença do beijo, apresenta pequenas manchas vermelhas no céu-da-boca. Provoca o aumento do volume dos gânglios. Estes sinais costumam aparecer após um mês do contágio. sífilis: ela causa uma ferida indolor no lábio ou na língua e ínguas no pescoço. A transmissão é considerada muito rara. Mesmo a sífilis genital só atinge pacientes indivíduos com vida sexual extremamente promíscua , explica Paulo Olzon.

Saúde Mentale o Rivotril

Vale a pena ler.

Depois que a imprensa nacional divulgou esta semana que o medicamento RIVOTRIL (ansiolítico) é o segundo mais vendido no Brasil (http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI27270-15257,00-RIVOTRIL+POR+QUE+O+MEDICAMENTO+E+O+SEGUNDO+MAIS+VENDIDO+NO+PAIS.html) é bom ler a entrevista do médico e psicanalista Plínio Montagna.

"Emoções estão sendo aniquiladas com remédios"
O psiquiatra e psicanalista Plinio Montagna, presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, explica que existe um nível ideal de ansiedade e por que ela é importante para a mente
Ivan Martins
O psicanalistas Plínio Montagna avisa logo de cara: "Não tenho nada contra o uso de medicamentos psiquiátricos". Presidente da Sociedade Brasileira de Psicanálise, formado em psiquiatria, ele acredita que, depois de um período de radicalização em direção aos remédios, o pêndulo está retornando ao equilíbrio, no qual a psicanálise – a cura pela palavra – e a psiquiatria – a cura pelos medicamentos – voltarão a se complementar, como deve ser. Em seu consultório, Montagna recebe pacientes supermedicados e gente viciada em calmantes, para a qual foi dada pouca atenção psicológica. Nesta entrevista por email ele fala sobre supressão de emoções, vida nas cidades, pobreza e ansiedade.
ÉPOCA: O que o aumento das vendas de Rivotril revela sobre os brasileiros? Somos um país de ansiosos que fingem ser divertidos e relaxados?Plinio Montagna: Revela que os brasileiros foram sujeitos a uma mudança cultural em que o estigma de se tomar medicações psiquiátricas se inverteu quase 180 graus. Há uma glamourização do medicar-se. Muitas questões do viver são tratadas como se fossem questões médico-psiquiátricas. Contribui para isso a avassaladora quantidade de dólares gastos na divulgação desses produtos pela indústria farmacêutica internacional. Emoções absolutamente normais e até importantes para a mente, como a tristeza numa situação de dor ou ansiedade em situação de perigo, podem ser tidas como inconvenientes e simplesmente aniquiladas por medicações. Afinal, incomodam o indivíduo ou aos outros. A pessoa é muitas vezes levada a suprimir suas emoções tomando ansiolíticos. Esse é um uso completamente inadequado, mas frequente. E ocorre com frequência maior do que imaginamos.
ÉPOCA: O modo de vida urbano moderno produz ansiedade e induz naturalmente ao uso de ansiolítico? Isso é verdade para outras cidades do mundo?
Montagna: Cada vez mais a vida humana se dá em cidades. Há no entanto cidades e cidades, com modos de vida muito diversos entre si. As exigências de uma cidade como São Paulo e as metrópoles podem ser estressantes, mas a vida nas cavernas ameaçada pelo ataque de um animal selvagem também era. Todas as pessoas e as culturas têm seus meios de lidar com a ansiedade. O mais imediato hoje é a prescrição de benzodiazepínicos, drogas baratas, eficazes, mas com o risco de gerarem dependência. Há estresses específicos, numa metrópole como São Paulo, no ritmo de vida contemporâneo, que podem gerar respostas como ansiedade crônica. É importante que a pessoa conte com uma espécie de "reserva ecológica" externa e um espaço interno para pensar.

ÉPOCA: Esse tipo de queixa é cada vez mais comum nos consultórios?
Montagna: Frequentemente nos deparamos na clínica com pacientes que vivem uma vida automática, robotizada, encontram-se desvitalizados e têm uma vida psíquica extremamente pobre, restrita. A rigor isto é verdade para uma parcela das pessoas e para as pessoas por algum tempo. Quase todos precisam de um descanso para o pensar. Assistir a um filme de ação, a um videoclipe e se deixar levar, sem muitos questionamentos. Mas há pessoas que só vivem nesse nível "de piloto automático". Não conseguem vivenciar um nível de experiência mais "mentalizado", que permita saborear um objeto cultural, uma obra de arte, ou pensar autonomamente acerca de si mesma e do mundo. Isto se relaciona com o mundo atual, possivelmente urbano, de modo geral, ou sempre que as coisas já venham prontas para o indivíduo. Note-se que a vida urbana hoje em dia apresenta complexidades que não apresentava antes, mas intelectuais e psicomotoras, não de aprofundamento de vivências emocionais.

ÉPOCA: A pobreza brasileira, e seus reflexos na saúde pública, é capaz de explicar sozinha o uso abusivo de medicamentos psiquiátricos?
Montagna: O sistema de saúde brasileiro, ineficiente, leva à prescrição excessiva por falta de um tempo decente para uma consulta médica no SUS e em muitos convênios. Suprime-se dentre outras coisas um instrumento também fundamental no ato médico, que é a relação médico- paciente. Mesmo que o profissional esteja preparado para isso (o que não é sempre o caso hoje em dia), ele não tem condições de dedicar muitos minutos ao paciente numa consulta de convênios ou do SUS. Aí uma prescrição rápida, indolor, é usada. Mas sozinha deixa de lado muito das questões do paciente. Não me parece uma questão de pobreza, mas de ideologia e de gestão de saúde.

ÉPOCA: Do ponto de vista da psicanálise, o que é a ansiedade? É uma dessas coisas de fundo genético (como se diz modernamente da depressão e da esquizofrenia) ou é ambiental e circunstancial? De onde ela vem?
Montagna: Na escala prazer-desprazer, a ansiedade é um estado emocional desprazeroso. Está relacionado ao sentimento de incapacidade psíquica do ego diante de um perigo que o ameaça, de origem interna ou externa. No limite talvez seja a mais primitiva experiência psíquica do ser humano. Nesse nível, está relacionada ao medo de algo que ele mesmo não sabe nomear. De todo modo, as ansiedades básicas do ser humano são a ansiedade de aniquilação (ou morte) psíquica ou física, de castração, de separação. A vida psíquica humana nunca é puramente genética ou ambiental. A penetrância de um gene depende de fatores ambientais. Basta verificar que gêmeos univitelinos são diferentes entre si. É importante lembrar que a ansiedade é um combustível essencial para o funcionamento mental. Pode-se usar o modelo de um violão. Há uma tensão das cordas que permite a música soar. Se o estiramento for excessivo, elas se rompem. Se estiverem muito frouxas, não sai música. Ansiedade é assim, em relação ao funcionamento do psiquismo.

ÉPOCA: Tomar ansiolítico para dormir é diferente de tomar ansiolítico para aguentar o dia? O que significa o fato de não conseguir dormir? Ou acordar no meio da noite esbaforido?
Montagna: A insônia é um fenômeno complexo. Ela requer uma capacidade de se retirar da realidade externa e se isolar de alguns estímulos internos, de diversas ordens. Há diversos tipos de insônia, do ponto de vista psicodinâmico. Alguns tipos estão relacionados a um conteúdo temido. Por exemplo, o indivíduo inconscientemente tem medo de morrer dormindo. Ou relaciona o sono à morte. Outras insônias estão ligadas a uma saturação fatigante de estímulos psíquicos diversos, não necessariamente ligados a conteúdos. De modo geral, a insônia revela uma incapacidade de metabolizar basicamente estímulos e experiências vividas, sejam elas por estímulos internos ou externos. Não houve suficiente " digestão" desses estímulos. Se o indivíduo consegue dormir, o processamento das vivências pode ser auxiliado pelo sonhar. O dormir implica na necessidade da presença do que o poeta inglês John Keats chamou de capacidade negativa. É a capacidade de sustentar turbulências internas, incertezas, mistérios, sem se desesperar. Se não há essa capacidade, o indivíduo não consegue criar um espaço dentro de si que funcione como uma barreira à estimulação excessiva. Um tipo de insônia se relaciona à impossibilidade de uso, momentâneo ou permanente , de uma vida de imaginação criativa.

ÉPOCA: Se a medicina moderna vê as questões mentais apenas como equilíbrios e desequilíbrios químicos, se virou as costas para Freud, é natural que se receitem remédios o tempo todo, não? Se a insônia é vista como um problema, e não como a manifestação de um problema, a forma lógica de tratá-la é com indutores de sono...
Montagna: Recebo frequentemente pacientes medicados com dosagens excessivas de medicação ou com "coquetéis" de diversas substâncias. Isso revela que os aspectos dinâmicos e relacionais do paciente não estão sendo levados em consideração. Isso se dá muitas vezes por despreparo de muitos psiquiatras sobre psicanálise, além da maciça publicidade dos laboratórios farmacêuticos. Não é rara, absolutamente, a dependência. Muitas vezes os médicos vão mudando de medicação a outra e não conseguem tratar os aspectos psicológicos, psicodinâmicos, da pessoa. Mas creio que o pêndulo da história começa a oscilar agora para o lado da psicanálise, pela necessidade clínica. Os médicos não-psiquiatras estão tendo a consciência dos benefícios que a psicanálise pode trazer a seus pacientes. E a psicanálise amadureceu, a abordagem é mais realista, avançou muito e tem consciência de seus limites. Suas descobertas em relação ao psiquismo humano têm sido expressivas e possibilitado o acesso a pacientes antes impossíveis para ela. Um fato interessante é que muitas pessoas, pela propaganda farmacêutica maciça, tomando drogas de última geração, se imaginam bem tratadas. Podem ser, de fato, muitas vezes. Mas muitas e muitas outras vezes é preciso diminuir dosagens ou mesmo suprimir medicações. Com um acompanhamento psicodinâmico ou psicanalítico, a pessoa vai ter uma outra dimensão do que acontece com ela. A melhora ocorre naturalmente.